Cap. 8 - Sufocado

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Enquanto corria para casa após o término de sua última aula matinal, Seonghwa corriqueiramente observava como estava ficando mais frio à medida que seus exames finais daquele semestre se aproximavam. As ruas estavam coloridas de branco fofinho com mais frequência agora e ele raramente conseguia chegar à universidade sem pedir uma bebida quente no caminho para se manter aquecido nas baixas temperaturas. Seu ritmo acelerado também estava ajudando a manter o calor de seu corpo. Ele estava com um pouco de pressa para chegar em casa. Minjoon e Siwoo haviam pedido para encontrar Hongjoong novamente e o café em que ele trabalhava parecia a escolha perfeita, ele só precisava ser rápido o suficiente para não perder o início de seu turno. Seonghwa também achou o pedido um pouco estranho, já que esperava que os três demorassem mais um pouco antes de buscarem se ver novamente após o último encontro ter sido um total fiasco. Fazia pouco mais de uma semana apenas. Bem... Eles devem ter se entendido de um jeitinho próprio ou algo do tipo.

Tinha que ser isso, porque quando chegou em seu apartamento seu amigo de infância estava curiosamente inquieto e com mais vontade de sair do que o mais velho pensara que estaria. Hongjoong já havia tomado banho e escolhido quais roupas de Seonghwa usaria - o mais velho fez uma nota mental para sair com ele e comprar algumas roupas para ele mais tarde.

Hongjoong estava realmente animado para visitar o café. Claro, ele presumiu que receberia sua primeira bolsa de sangue de San e Wooyoung, então isso por si só já era algo que o entusiasmava; significaria estar bem alimentado e manter Seonghwa a salvo dele. Mas, além disso, Hongjoong estava genuinamente feliz com a ideia de conhecer um lugar que fazia parte da rotina de Seonghwa. Ele não saía do apartamento a menos que seu amigo o convidasse para algum lugar. Isso não apenas ajudava a manter sua ansiedade sob controle, mas também diminuia as chances de Yonghwan encontrá-lo por estar fora de casa e indefeso.

"Ótimo, você já tá pronto" Seonghwa sorriu da porta, revezando seu peso de um pé para o outro na expectativa de sair o mais rápido possível para não se atrasar. Ele nem tinha tirado os sapatos. "Vamos, vamos!"

Ele acenou agitadamente para o mais novo segui-lo como se chamaria uma criança para que ficasse por perto, e Hongjoong se aproximou sem demora quase saltitando.

"É a cerca de vinte minutos a pé daqui" disse Seonghwa, um pouco sem fôlego por causa de seus passos rápidos. "Felizmente, é bem perto. Talvez possamos chegar em quinze."

Hongjoong tinha um sorriso tímido no rosto enquanto acompanhava sem esforço algum o ritmo do outro, nem suava. Ele sorriu amplamente para o céu leitoso e invernal que ameaçava derramar mais flocos de neve na cidade grande, silenciosamente grato por ser capaz de ver e realmente desfrutar de tamanha beleza de vista. No tempo que passou com Yonghwan, embora quase sempre trancado dentro de casa, ele às vezes conseguia ver o céu nos dias de inverno, sim, mas não tinha peso. Era apenas uma visão tão vazia e carente de substância quanto sua existência. Ele estava sempre se recuperando de algo terrível que haviam lhe ordenado a fazer ou que haviam feito com ele. Agora era como se ele pudesse realmente ver as nuances das texturas e matizes em toda a paisagem branca e congelada. Hongjoong animou-se ao perceber que chegara a um ponto onde era capaz de ver as cores em sua vida novamente. Ele não estava com Seonghwa nem há um mês inteiro, mas já sentia uma vontade de 'viver' mais forte do que nos últimos três anos.

Ele olhou para o mais velho ao seu lado, ele respirava superficialmente e andava em um ritmo frenético, mas nunca corria totalmente. Hongjoong riu sozinho.

"Qual é a graça?" Seonghwa perguntou, sem interromper seus passos.

Hongjoong apenas sorriu e pegou sua mão, envolvendo o dedo mindinho no dele. O loiro tropeçou e quase caiu de cara na calçada antes de parar completamente. Ele olhou para o mais novo com olhos arregalados e depois os direcionou a onde os dois estavam conectados pelo toque. "Meu deus..." murmurou ao começar a andar novamente, fazendo questão de revirar os olhos para desviar a atenção de suas bochechas coradas. Hongjoong apenas respondeu com uma risada doce e despreocupada que fez seu coração bater um pouquinho mais forte.

penumbra (pt-br)Onde histórias criam vida. Descubra agora