Chula

85 12 29
                                    

O buffet estava mais cheio agora que todos estavam avisados que a comida estava disponível. Paraná e São Paulo estavam na fila esperando sua vez. Foi inevitável o olhar do menor vagar sempre em direção ao gaúcho, observava em como ele conversava alegre com os outros, em como estava tratando as mulheres ali, suas risadas, suas brincadeiras.

O paranaense suspirou pesadamente, era dolorosamente real que havia se apaixonado por ele. Sentia inveja de Catarina e Matinha por receber toda aquela atenção do loiro. De repente o barbudo olha gélido para si, um aviso para parar de o encarar. Havia notado seus olhares sobre si. O moreno revirou os olhos num teatro de ódio e desviou sua atenção de volta para a comida que se servia.

Devidamente munidos de seus pratos os dois amigos olham em volta buscando onde sentar. Até tinha lugar junto de Catarina e Matinha, mas era inviável tendo em vista que o gaúcho estava na mesa ao lado.

— Acho que não tem mais lugar aqui. — São Paulo notificou.

— Vamos voltar pra onde a gente tava daí.

Começaram a se afastar quando a música para e com ela toda a atenção é puxada para o cantinho do equipamento que acabou virando um palco improvisado. Goiás anuncia alegre.

— Não vai imbora meu povo qui agora a música é ao vivo!

Foi ovacionado pelo grupo. Testou seu instrumento com um pequeno improviso e voltou a falar ao microfone.

— Pra começá o Sul mi pidiu umas músicas qui ele qué mostra procêis um pouquinho da cultura dele sô.

Estendeu a mão em direção ao loiro e já começou a tocar a introdução. O gaúcho rapidamente levanta e se posiciona no lugar.

— Tchê, esse é um pouquinho do que eu faço da vida, por isso decidi cantar essa música pra vocês.

Não creio que algum cavalo aprenda à força ou à laço

Mais jeito do que tirão vai amansá-lo

O sal malhador maneia a corda de baixo

Depois dedilha e bocal até enfrená-lo

Mas tenha tino e razão, pois no fundo é o coração

Que um dia há de domá-lo


Sul gesticulava com as mãos enfatizando sua fala.


Domando potros alheios gastei a vida

Nos meus arreios clareava o dia

Ficaram tantas saudades da rebeldia

De um potro abanando as crinas na ventania


O grupo primeiramente se surpreendeu que ele conseguia cantar tão bem, dado sua aparência e comportamento, estavam esperando que não o fizesse. Em seguida bateram palmas animados, incentivando o gaúcho.


Se trago as pernas cambotas destes cavalos

Caminho igual um marinheiro fora do barco

E sinto muita alegria de haver domado

Fazendo fama nos fletes em todo o pago


OrigensOnde histórias criam vida. Descubra agora