A TROCA

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A tempestade rugia do lado de fora do majestoso castelo, enquanto dentro, o clima era de tensão e desespero, envolvendo os príncipes e as servas diante do parto complicado da princesa Rhaenyra.

— A princesa está perdendo muito sangue.- proferiu uma das servas em um tom de desespero palpável.

— Acredito que ela não irá suportar.- lamentou a outra, ecoando os temores compartilhados por todos os presentes.

Talla, uma jovem serva de confiança da princesa, correu desesperadamente até o príncipe Daemon Targaryen, que compartilhava do mesmo estado angustiante diante da condição de sua esposa. Apesar de ciente de que o filho que a princesa esperava era fruto do antigo guarda, Sor Harwin, Daemon havia desenvolvido um afeto profundo pelo bebê, tratando-o como se fosse seu próprio filho. Talla prontamente informou o príncipe sobre a existência de uma curandeira chamada Dorna, capaz de oferecer ajuda no delicado processo do parto.

Longe dos salões reais, na cidade agitada pela tempestade, Dorna estava engajada em outro parto, auxiliando uma jovem viúva que havia recentemente perdido o marido na guerra.

— Mantenha-se firme, Lia, estamos quase lá.- encorajou a velha curandeira enquanto se esforçava para facilitar o nascimento da criança.

Contudo, a alegria do momento foi rapidamente obscurecida pela tragédia, quando Dorna percebeu que Lia não sobrevivera ao parto. Com pesar, ela colocou o recém-nascido em um berço e ponderou sobre o destino da criança órfã, pois seu pai havia morrido luas anteriores em uma guerra, antes de ser abruptamente interrompida pela entrada tumultuada dos guardas reais, que a levaram apressadamente de volta ao castelo.

O silêncio sombrio que se instalou no castelo foi rompido apenas pelo nascimento do bebê real, cujo choro não ecoou pelos corredores.

— A princesa continua entre nós, mas, infelizmente, sua filha não teve a mesma sorte.- relatou Dorna com pesar, enquanto todos aguardavam com apreensão o retorno da princesa Rhaenyra à consciência. — A princesa está descansando, daqui algumas horas ela acordará.

— O que será da princesa quando ela acordar e saber que sua filha morreu, sua filha tão desejada, não quero nem imaginar a reação dela.- A serva, com uma expressão de tristeza, lamentou as consequências emocionais que a perda do filho teria para a princesa e para o príncipe Daemon, que ansiava pelo nascimento do herdeiro.

— Este mundo é uma incógnita, a princesa sobrevive ao parto, enquanto uma jovem viúva sucumbe, deixando para trás um filho saudável.- comentou Dorna, provocando surpresa na serva.

A curandeira então compartilhou a história da jovem mãe que ela havia ajudado antes de chegar ao castelo, destacando a triste ironia das circunstâncias.

— Troque as crianças, Dorna, troque as crianças, um filho vivo por um filho morto. - Diante da proposta da serva de trocar as crianças, Dorna inicialmente recusou, temendo a ira dos deuses.

— Não posso fazer isso, os deuses me puniriam por tamanho pecado.- respondeu Dorna, temente.

— Ele não tem ninguém, vai ser uma criança perdida no mundo, sabe se lá não morrerá de fome.- Suplicou Talla, Dorna cedeu diante da persuasão da serva, reconhecendo o potencial benefício para a criança órfã.

Assim, Dorna embarcou em uma arriscada troca de bebês, passando pela porta dos fundos, levando a criança morta de volta à casa da jovem viúva e entregando o filho saudável aos cuidados da serva. Em meio à tormenta emocional, Talla expressou sua gratidão à curandeira, oferecendo-lhe um par de brincos de cristal como recompensa.

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