Let her go

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Carol

“Atenção passageiros do Vôo 355, por gentileza seguir para o portão de embarque número 9.”

— Esse é o seu, né Carolzinha?

Pisco algumas vezes antes de virar em direção a voz da Adriana, que ficou parada do meu lado não sei por quanto tempo enquanto eu encarava o monitor com os nomes e horários dos vôos.

— É... - limpo a garganta — É sim.

Olho atrás dela e vejo mais uma vez todos que vieram se despedir de mim, Lara, Mário, Renée, Jonas, Taís, Pedro, Marcos e até mesmo a Wanda, que não gostava nada de momentos emotivos tinha se deslocado até o aeroporto para me dar um último abraço pelo que seriam os próximos meses.

Estão todos ali, menos ela, Natália.

E eu não consegui pensar em outra coisa desde que o Pedro apareceu em casa pra me buscar ao invés dela.

— Natália me pediu pra vir, parece que aconteceu alguma coisa no estúdio e ela não queria te atrasar. Disse que vai encontrar com a gente no aeroporto.

Se foi aquilo que ela disse, então onde é que ela estava?

Nós ficamos por mais de uma hora ali entre conversas e abraços de despedida, e a todo momento eu me peguei olhando para as portas, esperando qualquer sinal dela. E nada.

Tenho medo do que aquilo pode significar, porque pensei que estivéssemos bem, apesar de tudo.

Depois daquele dia na casa da serra ela parecia tão mais leve, sem o peso do mistério da morte do Bruno.

Falamos sobre a minha viagem já marcada, eu ri do exagero dela sobre a dificuldade de chegar até mim para uma visita surpresa se quisesse. Contei que tinha me entendido com a Ester, mas deixei de fora a parte em que ela praticamente abençoou um possível relacionamento entre nós duas. Afinal eu continuava confusa e não era justo trazer Natália para o meio disso.

Pouco mais de um mês atrás, quando o Pedrinho nasceu e a gente estava na sala de espera do hospital, ela comentou algo sobre como tudo parecia estar indo pro seu devido lugar na vida de todo mundo, e eu quase pude jurar que ela ia me dizer alguma coisa a mais... Mas a enfermeira chegou avisando que nós podíamos entrar, e ela se calou.

E eu dei um jeito de calar também a decepção no meu peito.

Não sabia o que era aquilo...

Alguma peça ainda não se encaixava na minha cabeça, eu não conseguia ver o que minha própria mãe viu com apenas alguns dias de convivência. E até tentei, mas a vida também não me deu muita trégua, tive que resolver tantas coisas sobre a mudança, meu novo emprego, meu antigo emprego...

E a Natália esteve comigo sempre que podia, sem vacilar. E também sem mencionar mais seus sentimentos por mim.

— Tudo bem, amiga? - Lara pergunta, me puxando de volta para o presente.

— Tudo... É que ficou mais real agora, sabe? - sorrio pra disfarçar — E eu não vou aguentar abraçar vocês de novo sem chorar então acho que...

— Carol! - minha cabeça vira rápido ao som da voz dela, que agora eu vejo correndo afobada na minha direção — Me desculpa! Eu peguei um trânsito terrív... - não deixo ela terminar e a abraço com tanta vontade que faço nós duas cambalearmos alguns passos — Já chamaram seu vôo?

— Agora a pouco... - minha voz sai abafada pelo tecido da jaqueta dela onde eu escondi meu rosto, e eu me forço a soltá-la — Eu pensei que não ia te ver antes de embarcar.

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