Capítulo 3

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 Entrei e o padrão se repetia, quatro colunas seguravam a estrutura, o chão quadriculado, mas uma estátua de um Rei imponente de pé em frente a sua "cama" de descanso eterno, parado, a réplica do rosto de Ludger estava levemente inclinado com um leve sorriso, segurando uma espada, descansando as duas mãos em cima do pomo da espada, em pé, uma mão acima da outra, um olho aberto e outro fechado, em seu olho ainda possuía a mesma profundidade do que era na realidade, mas apesar de profundos representavam até mesmo a falta de brilho que Ludger perdeu com o tempo por muitas vezes notava seu olhar vazio não sei o que o levou a perder o brilho dos olhos, mas notei que após isso ele se tornou bom em ser malvado e maquiavélico, sorte que ele dirigia isso para seus inimigos, sem perdão. Até mesmo aquela estátua, representando Ludger, me fazia corar, estranhamente queria tocá-lo. Observei sua "cama" e escuto um suspiro, me viro e vejo Ludger sentado em um lugar bebendo vinho, sem gravata e com a camisa desabotoada e seu colete aberto, ele olhou para mim e para a outra taça. Com um leve sorriso e um olhar maldoso ele me indica a taça vazia, como se me chamasse para dividir aquela garrafa. Olhei para o chão, respirei aliviada e olhei novamente em seus olhos me aproximando e me sentando em um espaço da estrutura de concreto, ele encheu a taça e por um minuto que parecia uma eternidade:

- Você sabe que dia é amanhã?

- Você vai receber a coroa. E, um território... Parabéns Ludger.

- Parabéns também Sasha, sei que você vai ser coroada amanhã também.

- Sim, estou um pouco nervosa. Mas tenho que admitir, esse lugar é de muito bom gosto.

- O lugar de descanso da casa Blau também é reconhecido por ser um dos mais lindos, as estátuas de diamante na qual vocês se transformam, o lugar acima das nuvens faz vocês parecerem vivos.

- Admiro a cultura de sua casa também, sempre imponentes até na hora da morte. Para onde se olha, sente-se puro poder. Vocês são intimidadores até quando estão "descansando".

- Sabe, ouvi que você não vai querer se tornar uma daquelas figuras magníficas de cristal. O que pensa sobre a morte? Digo, você não planejou seu "lugar".

- Pedi ao Adam que me cremasse.

- O quê!?

- Sério, pedi ao Dr. Greener e ao Adam que me cremassem e jogassem as cinzas em um lugar bonito.

- Sasha, eu vou passar muito tempo aqui, sabe, até aquele grande dia, até que eu acorde novamente, seja chamado e perante o tribunal seja julgado pelo Todo-Poderoso, eu não queria dormir aqui sozinho, é frio... E... solitário, é um desperdício de uma "cama" de pedra de casal como essa.

- Está me propondo que eu renuncie a minha cremação?

- Sim, quero dividir esse lugar com você.

- Sabe, às vezes eu sinto vergonha de mim...

- Como assim vergonha?... Vai me dizer que você ainda tem raiva de mim desde "aquele dia"?

- Não é raiva.

- Tem certeza? Será que te salvar daquela mansão, te impedir de ser sacrificada em um ritual não é o suficiente para você?

- Eu não tenho raiva de você, e não é esse dia que eu estava me referindo. Eu tive raiva no período, mas eu não chamaria aquilo de raiva, eu fiquei no máximo, chateada.

- Então porque parece que você não me perdoou? Qual dia estamos falando?

- Daquele em que duas garotas usando suas blusas saíram atrás de você e me perguntaram se eu iria participar da festinha de vocês.

- Está falando desse dia?

- Sim, e eu... Na verdade, não odeio você, nunca odiei, eu odiei a mim mesma por todo este tempo. Eu me culpei por ter me deixado gostar de você...

- Mas por quê? Eu não estou te entendendo...

- Eu tinha que ser boa em algo, eu tinha que vencer aquela voz, a minha voz que nunca foi gentil comigo, que sempre me cobrou e impôs limites altos demais, que nunca me disse uma palavra doce. Depois do que houve naquele dia, o que eu mais fiz, inconsequentemente, foi me xingar, nada era bom o bastante, ninguém me culpava, mas qualquer erro, essa voz...

- Sasha, amanhã você vai ser coroada igual a mim devido ao seu esforço e astúcia. E quanto "aquele dia", o qual você foi na minha casa e... Enfim, eu nunca te respondi. Você saiu, e eu não consegui dizer nada, eu não queria me relacionar com você, pois eu não estava pronto, eu achei que ia te machucar. Minha cabeça estava de em outro lugar.

- Então me responda com poucas palavras Ludger, você está disposto a me amar agora?

- Sim. Apesar que eu já te amava... Mas tinha medo disso, desse sentimento. Não sei se lembra, mas passamos por muita coisa juntos.

- Dentre todos os dias que vivemos juntos. Se voltássemos naquele dia, em específico, o que você acha que diria?

- Eu iria continuar sem acreditar que você gostava de mim. Eu me achava... impróprios de receber esse tipo de sentimento de alguém.

Cemitério das peças: Entre o Xadrez da Vida e da MorteOnde histórias criam vida. Descubra agora