''Aylla Gomez pov's on''
Sabe a sensação de que está tudo acabado? Pois bem, é o que sinto agora.
Sempre fui uma garota muito esperta, animada, de bem com a vida, sorridente. E ainda sou. Mas na medida que a gente cresce continuar assim vai ficando difícil...
Minha vida nunca foi a melhor: sempre cheia de reviravoltas, principalmente por causa da morte dos meus pais. Eu era bem nova, devia de ter uns 5 anos quando aconteceu.
Eles tinham viajado juntos, não lembro para quê. Só sei que era trabalho, viajaram juntos por causa da empresa de cosméticos deles, a L'AMOR. Meu pai e minha mãe sempre deram a vida deles para a empresa, então tudo o que fosse preciso fariam por ela.
Ok, viajaram. Bacana. Fiquei sozinha com minha tia Rosa, um amor de pessoa, ela sempre cuidava de mim quando meus pais precisavam sair. Inclusive foi ela que me deu força para começar as aulas de natação sem ter vergonha, porque quando eu tinha 10 aninhos eu me achava feia de touca e óculos. Que nada, eu era uma gracinha.
Mas tá bom, sem sair do foco! Tia Rosa me levou pra casa dela, eu iria ficar lá até meus pais voltarem. Rosa nunca se casou e nem teve filhos, ela diz que só eu basto. Dado esse fato éramos só nós duas.
Um dia, de madrugada, acordei ouvindo tia Rosa chorar. - Yaya, senta aqui meu amor. - disse ela com um sorriso fraco ao me ver na porta do quarto com minha ursinha de pelúcia na mão. - Tia Rosa tem algo muito sério pra conversar... - Perguntei o por quê do choro, com aquela inocência infantil. O meu grande erro: perguntar se papai e mamãe haviam voltado.Rosa desabou no choro ainda mais.
Como eu era criança, ver uma das pessoas que eu mais gostava, minha responsável chorar me deixava frágil. Se ela chorava, o motivo devia ser trágico. Sendo assim, chorei também. Sem saber porque, mas chorei.
Minha tia me abraçou. Um abraço diferente. Eu senti o que ela sentia e comecei a pensar no que papai e mamãe fariam se tivessem ali. Porém, senti um aperto forte no coração. Chorei ainda mais forte.
E foi aí que tia Rosa esclareceu tudo:
- Agora somos só eu e você, meu bem.
E então eu chorei ainda mais. "Sem papai e sem mamãe?" era só o que eu pensava.
Depois de muito tempo chorando sem parar abraçada com minha tia, consegui criar forças pra perguntar o que eu pensava.
- Papai e mamãe estão aqui. - ela disse e pôs o dedo sobre meu peito.
Esse foi o pior dia da minha vida. Depois dele, minha vida desabou.
Sofri preconceito por muitos anos da minha vida por ser "filha da tia", era um bullying, todo mundo me achava estranha só por isso. Mas a culpa não é minha! Ningém nem se importava com o fato de meus pais terem morrido. No dia das mães eu não podia fazer nada. No dia dos pais eu não podia fazer nada. Se eu fizesse, eles vinham:
- Mas você não tem mãe.
- Mas você não tem pai.
- Você é filha da sua tia, Aylla. Cala a boca.
- Tá fazendo cartãozinho pra quem? Pra titia?
- Ownn, ela acha que a tia é a mãe dela.
- Sua tia é homem? Hoje é dia dos pais.
Foi assim do 3º ao 7º anos. 4 anos de puro preconceito. Sem contar o que faziam fora dessas datas.
Além de preconceito por ser criada pela tia, tinham os racistas.
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Quem Diria?
RomanceNão indicado para menores de 14 anos: contém linguagem imprópria. *gatilhos* - Ayla Gomez é uma simples adolescente ansiosa para terminar a escola, porém ainda restam 1 ano e meio e muita coisa para acontecer. Depois de várias decepções amorosas, a...