Entre as Estrelas e o Adeus

3. INSÔNIA

-Luana! Finalmente acordou! - Foi tudo que consegui entender antes de conversas conturbadas e risos começarem ao meu redor, enquanto minha visão escura parecia voltar ao normal.

Quando finalmente consegui me acalmar, me lembrei de que já estava naquele lugar e que havia desmaiado. O que eu não sabia, era como eu havia chegado ali. Tipo, eu estava com o Apolo, fomos tomar um sorvete, e... Meu Deus, eu lembro. Eu acabei tropeçando e quando acordei, estava aqui.

-Eu... Por que eu tô aqui? -Olhando ao meu redor, pude ver Maya, seu irmão, sua mãe e uma médica. Infelizmente, nem sinal do Apolo.

-Ai, amiga! Tô tão feliz que acordou que poderia te beijar! -Maya disse enquanto apertava minhas bochechas. Faço uma careta.

-Não liga pra ela, Luny. Maya estava tão apreensiva que até roeu as unhas. -Seu irmão afastou Maya de mim e encostou sua mão em meu ombro: Bem onde Apolo havia tocado. Como eu me esqueceria disso? -Mas se ainda quiser o beijo...

Uma risada sincera saiu de mim e sorri. -Valeu Cammy, mas vou passar. -O irmão da Maya, Cameron, tem uma quedinha por mim desde que era pequeno. Ele é fofo e tal, mas é muito novo pra mim.

-Cameron! -Tia Anna me lançou um olhar que dizia "desculpa"- Bom, a doutora precisa lhe explicar algumas coisa, vou deixá-las à sós.

Depois de um tempo conversando com a Dra. Linn, descobri que bati minha cabeça no chão, e que tenho uma fratura externa. Felizmente, não é nada grave, só preciso de cuidados para que não infeccione. Com essa notícia, pude finalmente sair dali e ir para casa.

Assim que saí do consultório, avistei Maya novamente:

-Você realmente não cansa de mim, né?

-Não. Tenho que ficar aqui e cuidar de você.

-Qual é, Maya? Você é minha maior fã. -Digo enquanto envolvo seus ombros com os braços e saímos em direção ao ponto de ônibus.

-Minha mãe já foi, então tenho que te levar para casa. Mas, mudando de assunto... Como foi seu date com "Apolo Kinnard: O veterano gato da faculdade de Medicina"?

-Ah... - Fiz uma careta. -Foi... bom.?

-Bom? -Olhar julgador, de novo.

-Olha, eu já disse que foi bom, ok? Você já me fez sair de casa, ir encontrar um cara e socializar. Não enche, Maya.

-Não tá mais aqui quem falou! Agora será que a gente pode voltar para casa em paz?

Sorrio para ela. Sendo sincera, não consigo me imaginar sem Maya, meio que ela já faz parte de mim. Depois de eu ter me desligado da realidade e pensado sobre esse assunto, pegamos um ônibus e fomos para casa.

(...)

Mil pensamentos estavam passando pela minha cabeça. Eu lembro muito bem de estar com Apolo quando cai. Então onde ele está? Será que eu fui só uma diversão pra ele? Apoiei minha cabeça contra a janela, tentando expulsar todos esses pensamentos intrusivos negativos. Ele não parece ser esse tipo de pessoa. Então cadê ele?! Droga! De qualquer forma, por que eu ligo? Tem tantos caras mais gostosos e bonitos que ele, né? É feio mentir princesa. Mas sério, no encontro eu não pude deixar de olhar pra ele. Aqueles braços...olha, ainda bem que ele não tá aqui, ou pensaria que eu sou uma serial killer psicopata. Meu deus, mas...

Fui interrompida com o som de uma notificação. Eu pensei em ignorar no começo, mas e se fosse Apolo? Pior ainda. Eu queria tanto falar com ele, mas ao mesmo tempo não queria falar nada. Meu deus, será que ele me viu caindo? Que pergunta idiota, é claro que ele me viu caindo. Talvez só uma olhadinha...