Prólogo

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#violencia sexual .

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— não, por favor pare — a suplica que rasgava-lhe a garganta , me quebrava o coração. Ouvi tudo,como uma espectadora especial , ouvindo o sofrimento. Imóvel, foi assim que permaneci ainda que estivesse ouvindo claramente seu pedido de socorro, eu apenas não fiz nada .

No abraço de minha mãe eu ouvia seus murmúrios de que ficaria tudo bem , e logo minha amiga estaria ao meu lado brincando como sempre. E aquele consolo que ela me dava não passava de uma mentira , talvez uma mentira não intencional , mas ainda sim . Uma triste mentira .

Como em vários momentos da vida, minha mãe estava errada .

— por favor, por favor — os gritos em meio a voz chorosa não se calavam , aquela suplica era proferida para qualquer um que pudesse ajudar e ninguém o fez ,nem mesmo eu que ouvia tudo aqui vindo de minha melhor amiga.

Cobri meus ouvidos no momento exato que ouvi os grunhidos daquele leão, se satisfazendo com minha doce Safira , minha amiga. Com apenas doze anos de idade passando por seu primeiro período de cio . Poderiam a guarda um pouco mais, dar-lhe algo para adormecer para não ter que passar por aquilo,porém o dever da linguagem pareceu valer mais para sua cruel família.

— por favor senhor, — ainda era ela , clamando, pedindo. Não sendo ouvida .

E eu , eu estava apenas no abrigo de minha casa com a impotência rasgando minha alma e todo aquilo levando embora minha ingênua infância. E junto a ela eu também chorava , soluçava pois queria por tudo no mundo ajudá-la e não pude , não o fiz .

— Violeta me ajuda — e como uma maldição aquilo iria me assombrar para toda minha vida , seu pedido de socorro direcionados a mim pois ela sabia que eu seria a única a tentar ajudá-la .

— Safira — eu gritei, gritei com toda minha força de uma criança de treze anos . Me levantei da cama que estava ,decidida a ir até minha amiga. Mas minha mãe não deixou .

— não pode ir até lá .

— mãe — ela me segura pelos pulsos e me senta de volta na cama — isso não tá certo, ela não tá bem mãe.

— isso é normal querida , o primeiro cio é sempre difícil — , não. Minha mãe estava enganada novamente, aquilo não era normal.

Porém uma criança como eu não ousaria contestar a mãe pois não sabia nada sobre aquele assunto e ela , minha doce mãe ingênua sabia mais que eu ,ou talvez não.

Então eu ali permaneci ,em meu quarto que era ao lado da casa de minha amiga. Chorando eu fechava os olhos e apertava as mãos, cravando as unhas nas palmas não sentindo nada além do medo , medo de que minha mãe realmente estivesse enganada ,e ela estava .

No fim daquele dia ela se foi,os gritos pararam ,o barulho. E como o fim do sofrimento vindo o começo do luto começou a chover . Uma chuva dura , raivosa cheia de raios e trovões,mas ela não, ela estava tristemente quieta do outro lado daquela parede .

E meu coração se encheu de dor , mágoa e raiva e por mais que minha mãe tentasse me convencer do contrário eu sabia que minha Safira não estava mais ali,  e eu não fiz nada para livra-la daquele terrível destino .

— Safira — e eu gritava com aquele sentimento horrível me possuindo,me consumindo. Aquele sentimento terrível que só a morte de alguém muito amado é capaz de nos casar, e eu  sabia  mesmo que de maneira inconsciente que não importava o quanto eu gritasse ela não responderia.

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Capítulo revisado, se tiver algum erro comentem que venho concertar.

A última ômega pantera Onde histórias criam vida. Descubra agora