Prólogo

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Naquela tarde Minho havia ido ao cinema com o irmão. Passearam no shopping, Felix o convenceu a andar ao ar livre e apesar de não gostar de altura, Minho acompanhou o irmão quando ele quis ver a cidade de cima de um prédio turístico à noite. Mas apesar de ter sido um dia divertido e tranquilo, algo parecia artificial. Tudo estava perfeitamente bem, perfeito, nada fora do lugar. Como se fosse uma cena fabricada de um filme antigo.

Agora, sozinho no alto daquele prédio, Minho percebia como foi burro em não perceber que algo estava errado. Devia ter prestado mais atenção.
Felix parecia alegre, mas ao mesmo tempo parecia melancólico... Como se estivesse se despedindo e criando memórias. O que era ridículo pois moravam na mesma casa e teriam aula juntos na mesma faculdade no dia seguinte, apenas em blocos diferentes.

Mas a verdade era essa: Felix realmente sabia que algo estava para acontecer. No final, um homem alto de cabelo vermelho apareceu com uma maçã na mão quando estavam descendo os andares pelas escadas de emergência do prédio. Não foi preciso palavras, ele apenas o olhou e Felix arregalou os olhos, como se soubesse o que estava prestes a acontecer. Poucos segundos depois, um raio atravessou o céu e o homem pulou do andar acima de onde estavam na direção de Felix, o empurrando pela janela de vidro que ia do chão ao teto. Minho não teve tempo de reagir enquanto via seu irmão caindo, e quando correu desesperado até a beirada da janela, se apavorou ainda mais quando Felix foi agarrado pelo ruivo no ar e sumiram antes de atingir o chão. Diante de seus olhos.

Quando piscou tentando enxergar melhor, estava no corredor de antes, longe da janela e sozinho. O vidro estava intacto no meio lugar e não havia sinal de Felix nem janela quebrada. Só o vazio e silencioso corredor. Um dos sorvetes que segurava sumiu de sua mão como se nunca tivesse existido, e uma pontada no peito o dizia que não estava sonhando. Se virou e correu de volta para casa, na esperança de ter imaginado tudo aquilo e encontrar Felix em casa assistindo um filme ruim como todo sábado à noite.

Mas o pesadelo da realidade estava apenas começando.

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