Horizonte Vermelho.

Capítulo Único.

A manhã naquele dia surgiu pelo horizonte com um grande sol, com imensas nuvens brancas no céu azulado e com a aparência um tanto quanto bonita demais, feliz demais e monótona demais. Aquela paisagem sempre se repetia, sempre estava a ocorrer, e as pessoas daquela pequena cidade no interior de Seoul tinham parado de apreciá-la como antigamente. Ninguém ligava mais para um simples céu bonito.

Por meio das dezoito horas da noite, as ruas da cidade foram se esvaziando aos poucos e os habitantes do local estavam prestes a sair do trabalho para seguir caminho de volta para casa, conversando com os colegas sobre como o dia tinha passado rápido e sem novidades, e também reclamando sobre uma ou outra coisa do cotidiano.

Diferente da manhã, onde a temperatura beirava aos vinte e cinco graus, a noite tinha esfriado como nunca e o céu havia ficado tomado por estrelas cintilantes, que mesclavam-se contra as outras belezas que apareciam naquele horário. Mas, mais uma vez, ninguém tinha ligado para como o céu se encontrava.

E Jung Hoseok foi uma daquelas pessoas que nem para o céu olhou quando saiu do trabalho. Isto é, com um sorriso sem graça no rosto e com as mãos ocupadas por duas maletas de couro cheias de papéis, ele rapidamente se despediu de seus parceiros e de seu chefe, dizendo estar atrasado para um encontro.

Jung Hoseok era um rapaz magro e alto, de cabelo ruivo e pele amarela. Ele tinha um corpo bonito, de ombros largos e cintura estreita, e o rosto com maçãs sempre visíveis, tendo olhos castanhos e lábios vermelhos. O rapaz de vinte e seis anos, na verdade, era solteiro e não buscava nenhum romance até que estivesse estabilizado financeiramente. Ou seja, ele não tinha nenhum encontro — visto que ainda iria demorar muito para que tivesse uma renda estável do jeito que desejava.

Mas naquele dia todos deveriam ter um encontro, seja para sair com os amigos, para se divertir com a família ou até mesmo com as crianças. Era trinta e um de outubro, afinal, o dia de Halloween, onde as bruxas voavam com as suas vassouras e onde uma crença estava sendo mais uma vez relembrada por todos aqueles que o comemoravam.

Jung Hoseok sabia que deveria escolher a opção que não envolvia "ficar preso em casa a noite toda até que o festival acabe", mas ele não conseguia. Ele queria ficar preso em casa a noite toda até que o festival acabasse. E, com esse pensamento, ele fugiu de todos os convites para sair pedindo doces pela rua e correu o mais rápido que pôde para o seu refúgio: a sua casa a quilômetros da cidade, em meio às árvores escuras e em cima de um pequeno monte.

A vista de cima era bela. A cidade inteira podia ser vista com toda a sua beleza e iluminação urbana, com prédios altos e casas baixas, com comércios ainda abertos e com a sua única decoração para aquele evento: abóboras, rolos de papel-higiênico e morcegos de brinquedo. Hoseok finalmente notou toda aquela paisagem quando chegou em casa.

Trajando um pijama de seda azul marinho e um par de pantufas para que os seus pés não ficassem tão frios, Hoseok decidiu produzir uma comida instantânea para comer enquanto assistia televisão. E, ouvindo os relatos de como a noite de Halloween estava ocorrendo na cidade, ele agradeceu por não morar no centro. Ele não queria ficar abrindo e fechando a porta cada vez que alguém viesse lhe pedir doces de graça.

Hoseok não era a pessoa mais corajosa de todas. Ele tinha muito medo das fantasias e das lendas que o pessoal da cidade contava, e por isso preferia não se envolver, nem que fosse apenas com uma palavra. O homem não queria fazer parte de nenhuma lenda. Mas ele, no fundo, sabia que isso iria mudar a qualquer instante.

Hoseok também não se considerava a pessoa mais sortuda. A sua geração não era boa e ele sabia disso. Todos os seus familiares já tinham passado por uma experiência sobrenatural e ele não queria ser o próximo. Ele não queria ser o próximo a contar a história de uma lenda que encontrou no caminho para casa ou como vivenciou uma cena assustadora e que quase lhe matou de tanto pavor. Ele não queria, mas seria.