Cap - 1

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" Todos almejam o brilho da luz, mas se esquecem que estão se afogando na imensidão das sombras. "

  O sol começava a nascer no horizonte e a empregnar a sua desgastante e desnecessária luz por todo lugar, destruindo tudo que a formosa lua nos havia trago. Não havia mais o escuro. Não havia mais silêncio. Não havia mais a falta de seres irritantes e superficiais andando de um lado pro outro. A única coisa que sobrou, foi um rapaz sentado na cama pendurado no batente da janela encarando com raiva e desgosto aquela grande bola de fogo subir aos céus, levando tudo que amava embora.

  Para muitos, o sol significa recomeço, o nascer de um novo dia, esperança. Vida. O que para esse garoto significava totalmente o contrário. Para ele, significava barulho, desordem, angústia, decepção, falsidade, mentiras e esse sol em específico, significava o fim das férias, e que em uma hora teria que estar dentro de uma sala de aula, repleta de indivíduos podres, fedidos e irritantes, que andavam de nariz empinado, que julgavam os outros, que se achavam, que sabiam de mais. Seres que em sua visão eram insuportáveis. Seres humanos.

  Eram 6:50 da manhã e o rapaz estava sentado à mesa na sala de jantar, usando um fone, tocando sons do oceano, enquanto do outro lado da mesa duas mulheres conversavam alegres e sorridentes, o assunto da conversa não o interessava, nunca seria algo que ele achava interessante, elas eram amantes do sol, e ele odiava isso. Sorrisos. Para o garoto não passavam de um tentativa falha de ocultar aquilo que as pessoas realmente estavam sentindo, todos podem forçar um sorriso convincente para aqueles estúpidos o suficiente. E na ponta da mesa aquele que o garoto mais odiava, aquele que o faz sentir enjoo, repulsa. Um velho lendo um jornal enquanto toma seu café com leite, se preparando para se sentar novamente em frente a um computador e ficar fazendo nada, além de mandar, mandar e mandar. Ele odiava ordens. Odiava quem ditava ordens. Odiava quem seguia as ordens. Odiava a falsa beleza do dia.

  No caminho para o colégio, ele via pessoas andando de um lado pro outro, conversando, sorrindo, pegando ônibus, falando ao telefone, pessoas essas que fingiam estarem contentes do que estavam fazendo. Estavam deixando que demônios preguiçosos iguais a aquele que tinha o desprazer de ter que chamar de pai faziam. Sugam suas almas para se alimentarem e aprisionam suas vidas em suas mãos ignóbeis. Pessoas abençoadas pela luz do sol que trazia tanta felicidade, mas, ao mesmo tempo condenava essas pessoas a uma vida de sofrimento. O que elas não enxergavam. E continuavam a culpar a noite por toda a desgraça do mundo.

  O colégio era um lugar repugnante repleto de pragas que nasciam com o sol, seres vis, criaturas que se achavam, criaturas mesquinhas que se orgulhavam de dizerem que eram bancadas pelos pais, que ridicularizam os mais fracos e impostos como estranhos, que eram definidos através de uma super detalhada lista de requisitos que se baseavam em:

1. Ser pobre.
2. Não ser uma mula.
3. Não se parecer com alguém popular.

  Lista essa que foi criada por pessoas condecoradas populares só por serem filhinhos de papai mimados e nojentos. O garoto um dia foi alvo desses bullies, porém eles nunca mais mexeram com ele depois que o mesmo quebrou três dentes e o nariz de um cara duas vezes o seu tamanho a dois anos.

  Todos olhavam torto para ele, mas não é como se ele não fizesse o mesmo e ainda torcesse o nariz.

  A sua sala esse ano era o seu pior pesadelo, um grupo de garotas, carregadas de maquiagem na cara de uma forma desnecessária. Jogadores que se acham valentões, e se orgulham de serem grandes e burros. Um bando de nerds que se acham sabichões e destroem a paciência de qualquer um, ele adora quando um desses é humilhado e agredido por um valentão. E por fim um bando de ativistas de merda que acham que todos deve seguir seus princípios e ideais, misturados com uns gnóstico esquisitos.

  Os seus olhos por toda a sala e por toda essa bagunça de cores e luz até o seu lugar, no canto da janela. Era ali que ele enfim poderia apagar todo o resto a sua volta sem ser incomodado por nada nem ninguém... Pelo menos foi o que achou...

  - Oi. - Um garoto alto de cabelos ruivos e ondulados, pele branca e olhos verdes, e um sotaque forte, comprimento o rapaz e se senta na mesa a sua frente.

  O garoto o achou completamente estranho, porque ele o comprimentou? "Ele deve ter sérios problemas." Pensou o garoto. Mas deixou por isso mesmo e não se deu ao trabalho de responder, ele cagava para a educação e cordialidade, e ele não queria prolongar uma conversa com esse cara, que parecia não perceber as deposito de maquiagem babando litros em cima dele, e todos os grupos de ansiando por conquistarem ele ao seus respectivos grupos, como se ele fosse uma estrela em ascensão ou alguém com o mínimo de importância. Ele achava isso nojento.

  O dia passou lento e desgastante para o pobre rapaz que amava a noite, e para o mesmo só restavam duas opções gastar sua paciência voltando pra casa e sendo enchido por sua mãe que irá perguntar como foi o seu dia, ou ficar na biblioteca que é o segundo lugar que ele tem paz além do seu quarto. E óbvio que ele escolheu a segunda opção.

  Dentro da sessão de dark horror, ele procurava por alguma coisa que trouxesse um pouco de emoção, já havia lido a maioria daqueles livros, e todos não passavam de clichês, onde os personagens não têm o mínimo de neurônio, e os vilões são extremamente broxantes. No meio daqueles crimes literários algo chamou sua atenção, o que era extremamente difícil. Um livro de capa dura, coloração preta e adornos dourados. Sentiu como se aquilo fosse uma salvação, a agulha no palheiro que ele tanto procurava.

  O livro não tinha nome e era grande, na sua capa tinha um círculo em relevo com umas gravuras que eram totalmente desconhecidas. Levou o novo achado para uma mesa isolada das outras e abriu o mesmo ele sentiu uma sensação esquisita, mas continuou a folhear. Não haviam palavras nas folhas, eram alguma espécie de runas ou glifos, em algumas tinham o pareciam ser rituais, em outra imagens de criaturas e coisas que eram inomináveis ao rapaz.

  Sua atenção do tão misterioso livro foi tirada por alguém se sentando a sua frente, de cabeça baixa apenas conseguia ver uma jaqueta jeans com as mangas rasgadas e uma blusa vermelha, que ele sabia muito bem de quem era. Aquele mesmo garoto. Estava com um de mistério nas mãos, na opinião do garoto mórbido, era uma perca de tempo, as resoluções eram sempre as mesmas e os culpados eram sempre os mais broxantes e óbvios que ele já poderia ter imaginado.

  Levando seu olhar a encarar as orbes esmeraldas, as mesma já o encaravam com um certo brilho, como se o ruivo estivesse deslumbrando uma obra de arte ou algo que queira conquistar. E então o rapaz começou a falar, mas o fone impedia que o garoto de cabelos cor de carvão ouvisse qualquer decibél que emanava da boca dele, e se recusou a tirar, deixando o garoto falando sozinho, e voltou sua atenção ao grande mistério em suas mãos. Que estava disposto a decifrar. Ele queria levar o livro pra casa, mas ele tinha uma sensação de que não poderia mostrar esse livro para a bibliotecária, então, esperou até que o empecilho a sua frente fosse embora e por fim colocou o livro na sua bolsa e saiu, como se nada estivesse acontecendo.

  Já havia se passado toda a tortura do jantar com aqueles seres esquisitos que chamava de família, e agora estava pronto para poder voltar a aproveitar a doce noite. Se encostou no batente da janela e abriu para sentir a brisa gelada e se surpreendeu ao ver um gato do outro lado da rua, olhando diretamente pra ele, como se ele soubesse de algo. E ali naquele mesmo ponto o animal ficou, parado, só o encarando. O garoto teve pressentimentos, pressentimentos de que as coisas não estavam normais, e tinha a certeza de que alguma coisa iria acontecer em algum momento...

As Cores da EscuridãoOnde histórias criam vida. Descubra agora