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   Desci do ônibus e lá estava eu no pé do morro olhando todo aquele morro enorme e com várias motos passando pra lá e pra cá. Fui caminhando até a entrada do morro e já fui subindo, chamei um mototáxi e ele me levou direto pro endereço que dei a ele.

Era um barraquinho que eu tinha alugado perto de uma praça com uma quadra enorme, era no meio do morro. Era um barraco simples mas bem organizado como vi nas fotos do anúncio no Facebook.

Desci da moto e paguei o mototáxi, agradeci o mesmo e logo fui andando pra frente da casa. Peguei meu celular e mandei uma mensagem pra dona da casa falando que eu já estava ali, ela respondeu que já estava vindo e eu fiquei ali aguardando.

-Olá Bárbara, demorei minha filha? - falou alguém atrás de mim e eu me viro vendo a dona Cecília, a dona da casa.

-Oi Dona Cecília! Demorou nada não tava até distraída aqui , prazer em conhecer a senhora. - falei cumprimentando ela com um abraço leve.

Dona Cecília - Prazer em te conhecer também minha filha, agora vamos entrar no seu novo lar.

Ela abriu o portão e logo fui entrando, tinha uma varandinha pequena na frente e logo era uma porta escura de vidro. Ela destrancou e logo me deu a visão de uma cozinha pequena mas toda arrumadinha com uma mesa de madeira no meio, fomos andando por um corredor e ela logo me mostrou o meu quarto e o banheiro que eram muito bonitos e tudo novinho. No final do corredor tinha uma porta que dava pro quintal que era pequeno mas tinha uma área de lavanderia e uma área de churrasqueira e um chuveirão.

A casa é pequena pois é uma kitnet, e pra mim que sou sozinha está perfeito. Já veio toda mobília na casa e utensílios pois a antiga moradora era a filha da dona Cecília, que se mudou para outra cidade e deixou as coisas na casa. Depois que a dona Cecília foi embora eu já arrumei minhas roupas da mala no guarda-roupa e fui para o banho. Assim que terminei já coloquei um short jens, uma blusa larga e uma havaiana e fui saindo de casa para ir no mercado fazer umas compras para dentro de casa.

Pedi informação a uma mulher que estava passando na rua e ela me disse que o único mercado que estava aberto essa hora era um que tinha na parte de cima do morro. Já eram 22:40 e realmente eu deveria ter saído mais cedo, já não tem quase ninguém na rua, a maioria do pessoal deve trabalhar cedo então não ficam na rua até tão tarde. E eu fiquei sabendo que a parte que tem mais movimento de noite é a parte de cima lá no topo, onde fica a  boca principal com o chefe daqui.

Depois de caminhar bastante achei o mercadinho, entrei e já fui colocando tudo que eu precisava no carrinho, tinha feito uma lista no celular pra não esquecer nada. Peguei tudo que precisava e fui direto pro caixa.

Menina do caixa - Boa noite! Deu sorte que conseguiu pegar a gente aberto ainda moça, como hoje deram aviso de que poderia ter uma possível invasão, já era pra gente estar fechado. - falou simpática passando a compra enquanto conversava comigo.

- Boa noite! Nossa eu não fazia ideia disso, tô até com medo agora de voltar todo esse pedaço caminhando sozinha. - falei um pouco nervosa.

Menina do caixa - Você é nova aqui? Atendo tanta gente no dia que nem percebi que nunca tinha te visto aqui. Prazer sou a Camila! - Falou sorrindo para mim.

- Prazer sou a Bárbara! Cheguei hoje aqui, ainda não conheço nada. Vou fazer isso mesmo, chamar um mototáxi é mais seguro. - falei simpática e dei a ela o valor do dinheiro da compra.

Camila - Prontinho! - Falou me dando o troco e a notinha. - Se cuida viu, dá bobeira aí na rua não Babi.

Agradeci e peguei a compra, fui saindo do mercado e chamando um mototáxi mas não tinha nenhum rodando mais esse horário. Como não podia ficar parada no meio da rua dando bobeira, fui andando pra casa com passos acelerados. No meio do caminho começo a escutar barulho de fogos e logo me assusto pensando que é tiro, como não era nada continuei caminhando mas não fui muito longe porque logo começou o barulho de tiro. Eu fiquei desesperada e sem saber o que fazer, entrei em um beco que tinha ali perto da rua do mercado e me abaixei atrás de um murinho de uma casa com quintal aberto que tinha ali. Não chamei na casa nem nada, porque as luzes estavam todas apagadas, então fiquei bem quietinha abaixada ali no meio da escuridão e do tiroteio.

xxx - Deus não me deixa morrer agora não por favor, me ajuda. -escutei uma voz masculina vindo da esquina do beco.

Coloco um pouco do rosto pra fora e vejo um rapaz novo sentado encostado no muro, escondido atrás do poste que tinha na esquina. Ele tava com a cabeça jogada pra trás como se já não tivesse mais forças, tinha um fuzil no colo dele e ele estava com a blusa toda manchada de sangue. Eu não sabia se deveria ir ali ajudar, não conheço ele e nem sei se é desse morro. Eu posso ir ali e tentar ajudar, mas posso acabar perdendo minha vida por me meter onde não devia. Mesmo com todo esses pensamentos e o nervosismo, algo dentro de mim quer ir ali ajudar, talvez o clamor dele implorando pra Deus deixar ele viver tenha mexido um pouco comigo. Eu largo as compras ali no chão e me levanto devagar indo na direção dele. Logo que me aproximo ele me olha assustado e tenta pegar o fuzil mas não tem força.

- Por favor não me mata, eu te vi aí e vim tentar ajudar. - falei congelada a uns cinco passos dele e morrendo de medo.

Gente gostaram do primeiro capítulo? Estou começando hoje dia 13/05/24 e espero concluir em breve. Vão ter capítulos novos toda segunda, quarta, sexta e domingo.

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