Apesar da visão estar embasada, o homem se pôs a sentar no chão de terra. Ele passa seu dedo indicador e o do meio em seus olhos na tentativa de tirar o que quer que estivesse complicando sua visão, porém falha miseravelmente. Ele pisca repetidas vezes e tenta olhar para cima, acaba avistando uma sombra preta voando no céu.
"É apenas um pássaro." Ele pensa enquanto voltava a olhar ao seu redor. Uma grande árvore seca se mantinha ao seu lado, ela balançava com o vento gélido que cobria os ossos do pobre homem, o fazendo estremecer. Seus cabelos longos e pretos davam a impressão de estarem flutuando.
- Olá? Tem alguém aí? - Sua voz voltava com o eco, impedindo que o silêncio tomasse conta do local.
Até que ele para e não se ouve mais nada, a não ser a respiração do homem, mesmo a árvore não fazia mais barulho, apesar de continuar balançando. O homem se levanta, ficando de pé e olhando ao redor, porém seus olhos só viam borrões de cores marrom, preto e vermelho.  Ele tenta ver o céu com mais clareza, mas é impossível. Apenas sua mudança de tonalidade repentina era o que ele via.
"Preto? O céu está preto?" Ele perguntava para si mesmo envolto em pensamentos. Planejava gritar, mas sua voz não saia, sua boca deixou de abrir. Ele leva suas mãos até a mesma, apenas para descobrir que ela não estava lá. Um desespero toma conta do pobre homem. Ele tenta gritar, mas é impossível. Tenta rasgar o lugar por onde antes ele falava, mas não conseguia. Suas unhas não eram longas o suficiente, a única coisa que conseguiu foram arranhões.

Sua respiração deixa de ser ouvida, e ele começa a se perguntar se parou de respirar, mas seu nariz ainda estava no mesmo lugar. O homem então põe a mão no lugar onde antes estavam seus ouvidos, porém não os encontra. Seu desespero aumenta e ele permanece procurando suas queridas orelhas, mas não adianta mais. Elas sumiram. Sua visão some, deixando apenas o breu. Ele nem mais se dá ao trabalho de procurar seus olhos, ao invés disso começa a correr mais desesperado ainda. Porém não vai longe, tropeçando na primeira pedra que encontra.
O pobre homem então decide se manter ali. As pequenas pedras machucavam seu corpo, mas ele não se importava. O medo tomava conta de sua mente enquanto a sensação de ser observado comia sua sanidade. Em posição fetal, ele imagina o pássaro preto em sua frente o observando, junto com as outras sombras. Sente seu peito queimar e percebe que não pode respirar. Ele tenta furar o local onde ficavam suas narinas, no entanto, mais uma vez, falha miseravelmente. Ele tenta gritar, mas não consegue. Não se ouve nada, não enxerga nada. O pobre homem começa a se debater no chão, sentindo seu coração bater mais fraco, as pedras cortando sua carne, as unhas arranhando sua garganta. Sente as sombras se aproximarem à medida que a morte chega. Até que ele abre seus olhos no chão de terra. Não podia ver nada, pois sua visão estava embasada. Ele tenta olhar ao redor, porém só vê borrões de cores. Coloca suas mãos sobre os olhos, na tentativa de tirar quer que seja o que estivesse dificultando sua visão, mas falha miseravelmente. Olha para cima e vê uma sombra preta voando.
"Deve ser só um pássaro." O pobre homem pensa.

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⏰ Última atualização: May 16 ⏰

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