unico.

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Levi piscou os olhos desacreditado, mesmo que tenha acompanhado cada passo desde que Erwin foi transformado em titã, essa foi a primeira vez em que a adrenalina saiu de seu corpo, agora seus olhos eram apenas direcionados ao homem em sua frente que mal notará sua presença que se fazia silenciosa no cômodo. O Ackerman tinha seus olhos atentos no homem que agora encarava seu braço recém recuperado devido aos poderes de titãs, Levi ainda tinha a memória de quando viu Erwin sem um de seus braços fresca em sua mente.

A saliva rasgou sua garganta quando sua presença não se tornou mais invisível na sala, o belo par de olhos azuis foram levantados em sua direção, tão vividos que chegava até ser estranho lembrar de o quão mortos eles pareciam quando Floch trouxe Erwin para si. Levi ainda sentia o desespero tomando sua carne quando viu Erwin naquele estado, o pensamento de que o homem já estava morto o mantéu concentrado para executar a missão de eliminação do titã bestial, mas ver que ele ainda tinha um pouco de vida em si o tirou completamente de foco, a única coisa que pensou foi em manter Erwin vivo, salvá-lo foi sua maior prioridade naquele momento.

– Parece tão surpreso quanto eu, Levi. – A voz do outro homem presente na sala despertou Levi de suas memórias, fazendo com que seus olhos voltassem a encarar os de Erwin.

– Não é de meu costume ver alguém que chegou semi-morto nos braços de um recruta levantar com tão pouca dificuldade da cama. – Levi respondeu tentando manter a frieza na voz, falhou, mas não podia se culpar por isso, era impossível manter a normalidade.

Erwin encarou Levi em silêncio por longos minutos, podia ouvir o movimento que se fazia do lado de fora do quarto, um movimento que não acompanhava o que acontecia dentro do quarto, entre as paredes havia apenas silêncio.

Levi desviou seus olhos de Erwin, parando o olhar na mesa a qual se encontrava quebrada, Levi franziu o cenho enquanto suas mãos se contorcem e apertam o tecido de seu uniforme com força. Seus sentidos aos poucos iam relaxando com aquilo, ver Erwin vivo trazia esse relaxamento para Levi, sua respiração ficando mais densa, seus ombros caíram, sua postura a qual teve ao entrar no quarto sumiu completamente.

O Ackerman piscou algumas vezes sentindo pânico, mal notou que a figura de Erwin se aproxima cada vez mais de si, estava tão focado em controlar aquela montanha de sentimentos que o mundo externo fora de sua mente parecia sumir.

– Levi. – Erwin chamou, segurando o queixo de Levi o fazendo voltar aos olhos a si. – Eu estou bem.

E foi nesse momento que Levi desabou, as lágrimas desceram por suas bochechas de forma inconsciente enquanto seus braços tentavam afastar Erwin, estava tão vulnerável, essa sensação lhe trazia medo. Erwin passou os dois braços pelos ombros de Levi, abraçando o homem ali com firmeza para mantê-lo perto, contrariando todas suas ações anteriores Levi retribuiu com força, chegando a desequilibrar Erwin que deu alguns passos para trás.

– Eu achei que estivesse morto, por minutos vi minha vida sem você, por minutos não conseguia enxergar meus próprios pés pois a única coisa que tinha em mente era a sua última ordem para mim. – As palavras saiam cada vez mais da boca de Levi, as palavras se enrolavam e tropeçavam uma nas outras na tentativa de explicar tudo aquilo eu vinha junto ao seu amontoado de sentimentos.

Levi agora era uma bagunça. Por dentro e por fora.

– Eu vi minha vida sem você e odiei ela, quando eu tive a chance de reverter ela eu fiquei fora de mim, eu não enxerguei nada além do seu corpo em minha frente, quando vi a vida indo embora de seus olhos eu...eu quis que a minha fosse embora também. – Levi finalizou quase sem voz, cerrando seus olhos para espantar as lágrimas.

Erwin mantém-se abraçando Levi com força, usando da posição que estava para caminhar com ele até a cama onde sentou-se deixando Levi de pé. Levi aos poucos se desvencilhou do abraço, revelando o rosto levemente vermelho. Novamente, o silêncio se instaurou.

Seria um silêncio absoluto se não fosse pelos pequenos suspiros e soluços de Levi, nenhuma palavra era trocada mas os toques se tornavam substitutos para elas. Erwin caminhava com a ponta dos dedos subindo pelo braço de Levi até seus ombros, onde fez um carinho ali.

Levi levou suas mãos até o rosto de Erwin, acariciando suas bochechas, cada detalhe do rosto de Erwin estava sendo gravado em sua mente, nunca pensou que teria que tirar um momento apenas para admirar fisicamente aquele homem o qual já compartilhava admiração no dia a dia, mas aquela admiração era diferente, era algo profundo, mais do que Levi imaginou explorar. Os dedos finos passaram pelos fios loiros em um carinho, algo tão sincero, Erwin podia sentir o sentimento em cada toque.

– Levi. – Chamou Erwin, sua voz suave e reconfortante ecoando no silêncio tenso do quarto.

Levi levantou os olhos para encontrar os de Erwin, as orbes escuras ainda marejadas de lágrimas e com o olhar caído se mantinham atentas, como se a voz de Erwin soasse um sino em sua mente.

– Não posso apagar a dor que você sentiu. Mas estou aqui agora. E prometo que vou ficar.

As palavras de Erwin pareciam penetrar no âmago de Levi, envolvendo-o com uma sensação de conforto e segurança que ele não sentia há muito tempo. Levi respirou fundo, não mais tentava conter as emoções mas sim estabiliza-las para levar as palavras de seu comandante com mais leveza, foi quando ele finalmente encontrou a voz para responder:

– Erwin, eu... Eu não sei o que seria de mim sem você. Você é mais do que um líder para mim, você é... Você é minha âncora, meu ponto de referência em um mundo cheio de caos. – Ao acabar de falar, Levi manteve seus olhos no do homem ali, sequer conseguindo desviar o olhar.

– Então vamos enfrentar esse mundo juntos, Levi.

Levi assentiu, sentindo um peso sendo levantado de seus ombros. Pela primeira vez em muito tempo, ele se permitiu acreditar que talvez houvesse esperança para um amanhã melhor, pelo menos enquanto estivesse ao lado de Erwin.

Novamente um silêncio cai sobre eles, um silêncio reconfortante envolvia o quarto, Levi sentia seu coração bater mais forte, como se estivesse prestes a explodir com todas as emoções que lutavam dentro de si. Seus olhos encontraram os de Erwin, mergulhando na profundidade daquele azul que o fazia sentir-se em casa. Havia amor ali, mas também havia uma conexão que  fugia de quaisquer palavras que vinha-me em sua mente, uma ligação que vinha de anos de lutas e sacrifícios.

Para Erwin que também tinha seus olhos fixos no outro, cada traço do rosto do Ackerman era uma obra de arte que estava sendo fundada em sua mente. E havia também desejo, um desejo ardente que pulsava em seu peito, clamando por um contato mais íntimo, por uma demonstração da intensidade de seus sentimentos.

De forma tão natural quanto a luz que invadia o quarto pela janela, seus lábios se aproximaram, quase hesitantes no início, como se temessem algo, mas quando finalmente se tocaram, foi como um grito de alívio e paixão, era um beijo cheio de amor e entrega, um beijo que expressava tudo o que eles não conseguiram dizer com palavras.

Levi entregou-se ao beijo, envolvendo os braços ao redor do pescoço de Erwin enquanto aprofundava o contato, os dedos tocavam a nuca loira, acariciando seus fios de forma desleixada pela posição que estavam no momento, mesmo com Erwin sentado, Levi ainda sentia a diferença de altura entre os dois.

Erwin acariciou gentilmente o rosto de Levi, seus dedos traçando padrões suaves em sua pele. O calor do toque de Erwin enviou arrepios pela espinha de Levi, fazendo-o derreter ainda mais no beijo, quase caindo sobre os braços do homem ali.

Quando finalmente se separaram, ainda mantendo seus corpos próximos, Levi e Erwin trocaram olhares novamente, olhares tão confortáveis que a situação do quarto já se tornava algo completamente diferente do início.

– Eu te amo, Levi – Sussurrou Erwin, sua voz rouca contra os lábios do outro.

Levi sorriu pequeno, sentindo um calor se espalhar por todo o seu ser.

– E eu te amo, Erwin.

um fio de esperança - eruriOnde histórias criam vida. Descubra agora