Capítulo I

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Dedicatória:

"Dedico aos amores impossíveis
existentes no universo..."

💫

Meu doce universo repleto de cores, permita-me amar, permita-me ser o que eu sempre quis ser, ao lado de quem me faz desejar que a vida seja duradoura...

Embora o universo marchasse em toda a sua ousadia, ostentando sua incomparável beleza misteriosa, brilhante, esplendorosa e nivelada de cores que ainda sequer haviam sido descobertas, sua monotonia entediou aquele que gostava de fazer travessuras, unir o improvável e embebedar os corações mais incrédulos; O Destino.

O mesmo havia se cansado de unir, desunir, presentear, causar lágrimas, alegria, remorso, empatia e acontecimentos inesperados nos seres de duas pernas que erguiam penhascos de tijolos e que povoavam o planeta de nuances azuladas, esverdeadas e terrosas, os humanos.

Cansou-se daquele lugar onde muitos achavam-se melhores que os outros. Onde egoístas e orgulhosos rompiam laços com a decência e amor genuíno pelo próximo. Onde muitos queriam escrever o seu próprio destino, deixando de lado a naturalidade de seus dias, dos planos que lhe eram preparados com afinco por mãos habilidosas de algum artesão que tudo entendia sobre aquela imensidão de estrelas, planetas e corações latentes.

Eis que, em um daqueles lampejos de ideias, o Destino questionou-se sobre a dádiva que fôra entregue somente aos habitantes da terra, o amor. Naquele enorme planeta, havia o amor maternal, paternal, romântico, fraternal e de várias outras nomeações e significados, no entanto, não parecia justo o amor existir apenas naquele globo.

Estrelas não amavam. Poeira cósmica não amava. Planetas não se apaixonavam e a escuridão apenas abraçava aqueles astros, como uma mãe que acolhe um filho que acabara de se ferir, mas sem realmente sentir o quão aquele gesto demonstrava um amor incomparável e afetuoso.

Era triste.

O universo era triste.

A solidão e frieza do vácuo que ultrapassava a eternidade e toda a magnitude de um vazio intocável, era triste.

Então, a maior traquinagem fôra feita pelo menino de sonhos e certezas, esta que seria a maior das maiores travessuras já feitas.

Como se uma semente fosse lançada em uma terra fértil, o amor velejou por entre constelações, desvencilhando-se de astros celestiais de diferentes formas e tamanhos e despencou lentamente sobre a superfície densa e bela de Saturno.

E, esta mesma semente de afeto e sentimentos arrebatadores, fôra habilmente depositada no Planeta de cores quentes e dóceis, Jupiter.

Todos sabem que há uma distância de magnitude inegável entre os dois planetas, mas todos sabem também que o destino gosta de pregar peças e que está sempre nos mantendo em suas mãos delicadas.

Mas, como nem o próprio destino é capaz de entender a potencialidade de algo tão notável como o amor, aqueles dois apaixonados cultivaram um sentimento tão avassalador que o destino surpreendeu-se quando, na tentativa de destruí-lo, conseguiu apenas fortalecer os sentimentos puros que residiam Júpiter e Saturno.

Embora existisse um grande espaço que os mantinha separados, Júpiter amava Saturno e Saturno amava Júpiter. E tudo o que lhes restava, era aquela crua esperança de um dia estarem perto um do outro, contemplando as figuras florecidas e iluminadas daquele aconchego que somente os apaixonados podem proporcionar.

As estrelas e os cometas entristeceram-se diante daquela história de amor de realidade sôfrega. Nem o Sol, em sua majestade inabalável, conseguiu esconder a melancolia que o assolava cada vez que contemplava aqueles dois astros que se amavam da forma mais bela e indestrutível que algo ou alguém poderia amar um dia.

Mil anos se passaram e nada havia mudado. Saturno, que tinha uma doçura perpetuada em cada traço de sua composição, ainda sonhava com o dia em que seria empurrado por alguma constelação para perto de seu amado.

E Júpiter, que tinha uma intensidade palpável em cada detalhe da sua existência, deixava-se velejar por inimagináveis lugares do universo, sonhando também, não mais tanto esperançoso, com o dia em que teria Saturno ao seu lado, amando-o com voracidade e recebendo também o seu amor voraz.

O Destino havia esquecido-se daquela travessura que fizera um dia, e ao lembrar-se, sentiu-se desolado e arrependido de ter feito tamanha injustiça. A tristeza o consumiu ainda mais quando notou que, mesmo sabendo da impossibilidade daquele desejo ser um dia realizado, Júpiter e Saturno ainda sonhavam em um dia ficarem juntos.

Comovido, mas acreditado que nada mais poderia ser feito para mudar aquela realidade, o Destino resolveu propor-lhes algo. O amor envolve méleos e simpatizantes sentimentos, mas também é repleto de espinhos e escolhas.

Eis a proposta do destino, para os apaixonados: Esquecer-se um do outro por toda a eternidade, assim evitando a dor de jamais poder estar perto, ou serem presenteados com um único momento em uma forma humana, para poderem estar juntos e depois voltarem aos seus destinos e conviverem com a eterna lembrança do dia em que puderam estar perto.

Era uma escolha difícil.

Uma escolha que ultrapassava todas as complexidades mais complexas existentes.

Pensaram.

Perceberam então que jamais sequer cogitariam esquecer-se daquele amor que os unia. Então eles viveriam juntos aquelas horas que lhe seriam dadas, como se fossem as últimas da sua existência.

No instante em que decidiram qual seria sua escolha, algo começara a acontecer naquela imensidão. O Destino estava trabalhando em seus mistérios, preparando, para os amantes, os mais suaves e inesquecíveis presentes.

Uma luz surgiu em meio a densa escuridão e um barulho estarrecedor ressoou por longos segundos. Saturno sentiu-se estremecer, assim como Júpiter. O barulho cessou e tudo o que restara, fôra apenas os ruídos que o próprio universo sussurrava desde o seu nascimento.

A calmaria acalentou tudo o que rodopiava e flutuava na galáxia, embalando cada pedacinho dela com dedicação. As estrelas sorriram como nunca antes. E talvez aquele fosse o dia mais feliz que houvera naquele espaço espetacular e de infinitas possibilidades.

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⏰ Última atualização: May 18 ⏰

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Júpiter e Saturno - [Romance gay]Onde histórias criam vida. Descubra agora