O Sol Refletindo Em Meus Olhos

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Théo sentia seus pensamentos sobrecarregando sua mente naquela noite escura e sem vida. As estrelas não ouviam seu chamado para iluminá-lo, até mesmo a própria lua parecia estar se escondendo dele.

Ele suspirou fundo e tentou sorrir.

"Talvez esta seja a minha última noite no mundo dos vivos", seus pensamentos ecoavam essas palavras.

Ele fechou seus olhos e deixou sua mente levá-lo para o mundo onde nada poderia machucá-lo: seus sonhos. A respiração agitada se acalmou, suas mãos que antes estavam agitadas agora agiam quase como paralisadas e, por fim, ele adormeceu.

O Sol não precisava gritar para acordar o garoto; o simples bater de luzes em seus olhos já dizia muito. Sem muitos barulhos em sua casa, ele sabia que seus pais ainda estavam dormindo; portanto, ele decidiu facilitar a vida deles e começou a se arrumar antes do despertador deles tocar. Este seria o último dia de aula; talvez esse pensamento o fez sorrir, mesmo sabendo que ainda faltavam dois meses para o fim das aulas.

Ele pegou roupas simples e começou a preparar sua mochila.

Duas batidas leves na porta fizeram Théo trocar sua atenção da mochila para se virar em direção à porta atrás dele.

— Arrumando a mochila, filho? — Perguntou seu pai com um olhar meio sonolento — Se quiser, eu posso ajudar com isso, sabe disso, né?

Théo não esboçou reação, apenas se virou, fechou a mochila e a puxou para o ombro, indo em direção à porta onde seu pai estava.

— Não precisa — Théo parou em frente ao seu pai e olhou nos olhos sem vida dele — mas, aposto que você adoraria me criticar por ser péssimo organizando minha mochila.

O pai de Théo segurou o braço dele tentando conter a saída do filho de seu quarto.

— Olha, eu sei que peguei pesado com você ontem, mas sua mãe e e-

Théo retirou as mãos de seu braço, cortando as palavras que viriam a seguir de seu pai. Ele já assistiu a esse mesmo filme antes, ele sabe como acaba. Théo pegou as chaves reservas de casa e saiu em direção à sua escola, sabendo que talvez nunca mais voltaria a ver o rosto de sua mãe ou de seu pai.

A aula mal havia começado e seus amigos já estavam conversando tão alto que um quarteirão inteiro conseguiria ouvir.

— As pessoas não vão para a praia porque gostam do sol, Lina — Seu amigo começou a explicar — elas gostam da praia por causa do mar.

— Mas eu tenho uma piscina, ainda não entendo por que eu precisaria ir à praia — Lina sorriu. — O que você acha, Théo? Não concorda comigo?

Os pensamentos de Théo não estavam muito focados nas conversas diárias de Lina e Jon; na verdade, seu olhar estava preso à porta, esperando que seu professor chegasse logo.

— Théo? — Lina deu um empurrão em Théo com o ombro.

Théo piscou os olhos rapidamente, como se tivesse acabado de sair de um transe.

— Desculpa, acho que ainda estou com sono.

— Tudo bem, eu entendo. Quer meus fones emprestados? — Lina parecia estar realmente se esforçando para ser o mais amigável possível, mesmo que eles não fossem tão próximos.

Théo aceitou os fones de Lina e não parou de ouvir suas músicas mesmo depois da chegada do professor na sala. Ele não iria repreender Théo; afinal, o professor o adorava.

Seus olhos se tornaram cada vez mais pesados. Antes que eles se fechassem completamente e seus braços encostassem na mesa para tirar uma soneca, ele viu a imagem de uma garota na porta da sala, uma garota que ele nunca viu na escola antes. Sua visão estava um pouco embaçada por causa de seus olhos pesados, mas ele conseguia ver os cabelos castanhos ondulados com algumas mechas em perfeitas tranças, um moletom preto com uma tulipa rosa estampada no centro e seus tênis All-Star. Ele finalmente fechou os olhos, pensando o quanto aquela garota aparentava ter saído direto de um reality show de patricinhas.

O Lado Sombrio de VonLoveOnde histórias criam vida. Descubra agora