No caminho de volta para casa, respirei fundo cinco vezes para não chorar dentro do ônibus. Eu acabei de ser demitida e estou voltando para casa segurando uma caixa com todas as minhas coisas. Qualquer um que olhe para mim vai saber exatamente o que aconteceu.
Demissões acontecem, é normal. Mas eu não posso estar desempregada nesse momento, simplesmente não posso! Estou passando pelo pior ano da minha vida e ficar desempregada é a cereja do bolo.
Ah, e para completar; hoje faz dois anos que meu pai faleceu e que fui expulsa da casa da mulher que deveria ser a minha mãe.
Desci do ônibus com um nó na garganta. Estou tão esgotada que, se a folha de uma árvore cair sobre mim, vou abrir um berreiro e chorar que nem uma criança.
A caixa está pesada, minhas roupas estão desconfortáveis e meu cabelo não para de cair sobre meus olhos. Estou a cinco passos de jogar essa caixa no chão e sair correndo como uma louca.
Cheguei na portaria do meu prédio e passei sem desejar bom dia para o porteiro, bom dia para quem? Hoje o dia está uma droga e eu não quero ver ninguém sorrindo na minha frente. Esperei o elevador abrir e corri até a porta do meu apartamento.
Assim que entrei, fui recepcionada por uma música alta e a minha colega de apartamento/melhor amiga dançando feito uma bêbada no meio da sala.
- Ah, Blair! - Ela finalmente me viu parada na porta do apartamento. No começo ela sorriu, mas quando me viu com a caixa nas mãos, seu sorriso morreu. - O que aconteceu?
- Meu estágio foi para o brejo.
Eu coloquei a caixa no chão e sentei no sofá. Nesse meio tempo Ruth desligou o som e ficou me observando, então eu comecei a chorar.
Todas as lágrimas que estava segurando desde o momento em que eu saí do escritório e entrei no ônibus, estão rolando pelas minhas bochechas.
- Ei, calma. - Ruth sentou ao meu lado e me abraçou. - Você vai achar um trabalho muito melhor, não fica assim.
- Eu não posso ficar sem emprego agora, eu já planejei tudo. - Falei em meio às lágrimas. - Como eu vou pagar a minha faculdade? O hospital? E o aluguel? Eu vou ficar sem dinheiro 'pra nada! Minha mãe estava certa, eu não vou conquistar nada nessa droga de vida.
- Ei, para com isso. - Me repreendeu. - Existem muitos empregos por aí, você vai encontrar um e vai ficar tudo bem.
Sim, eu vou encontrar outro, é claro. Mas quanto tempo isso vai me levar? Duas semanas? Dois meses? Três? Eu não tenho esse tempo. Eu preciso de outro emprego hoje, agora, neste momento.
- Tá, tudo bem. - Levantei do sofá e limpei as minhas bochechas com as costas das mãos. - Eu vou enviar alguns currículos online. - Respirei fundo.
- E você vai receber os dias que trabalhou esse mês, não é? - Ela levantou também. - Vai conseguir adiantar uns dois meses da mensalidade da faculdade.
- Mas ainda tem o aluguel. - Suspirei. - Eu vou dar o meu jeito. Me desculpa, pode ligar o som e voltar a dançar.
Ela riu, mas não ligou o som. Peguei a caixa e andei até o meu quarto, onde me tranquei e chorei mais um pouco. Ser demitida é horrível. O trabalho era uma droga, meu chefe era abusivo e os funcionários fingiam não se importar. Mas a questão é que eu já havia feito planos com o dinheiro, não me importava se meu chefe era uma droga se o dinheiro estava na conta todo mês. E, quando você é uma jovem de 20 anos, sem experiência, isso já basta.
Tirei as minhas coisinhas da caixa e coloquei dentro do guarda-roupas. Tirei as minhas roupas e tomei um banho rápido no banheiro do meu quarto. A primeira coisa que fiz após o banho, foi deitar na cama e entrar no site de empregos.
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Paradise
RomanceCom contas acumulando, uma irmã em coma, uma mãe autoritária e uma culpa que a consome, Blair Lefreve sente que chegou ao fundo do poço. Desesperada, sua única saída parece ser aceitar uma proposta que desafia todos os seus princípios. No meio desse...