Cinco horas da manhã e eu já estava pronta.
Tomei um banho relaxante, vesti uma roupa apresentável, escovei e prendi o meu cabelo em um rabo de cavalo e, para finalizar passei uma maquiagem discreta. Não sei dizer se o tal Paul, chefe da Ruth, vai me entrevistar, por isso caprichei um pouco. Também estou levando outra roupa na minha bolsa. É um trabalho de faxineira, então, se após a " entrevista " eu já tiver que limpar as coisas, não vou fazer isso de saltos e calça comprida.
- Bom dia. - Ruth saiu do quarto já pronta. - Vamos nos apressar. Ontem fizeram um evento exclusivo, então a bagunça lá vai estar grande.
Levantei da cadeira e suspirei.
- Não fica nervosa. - Ruth deu duas batidinhas no meu ombro. - Vamos estar juntas o tempo todo.
- Que bom. - Sorri.
- Você vai se impressionar com o Paradise, parece um palácio. - Comentou.
- Sim, eu já vi em algumas fotos.
O Paradise é enorme. Essas boates espalhadas por Nova York não chegam nem aos pés do Paradise. O lugar possui uma decoração chocante, um bar enorme com diferentes tipos de bebidas, barmans experientes que servem inúmeros tipos de coquetéis, piscina nos fundos, pista de dança espaçosa e palcos de strip separados, com pole e tudo mais.
E para fechar de cadeado; um cassino no primeiro andar.Sim, eu fiz uma pesquisa sobre o Paradise. Uma pesquisa bem difícil, visto que eles proíbem gravações do lugar.
- Por que eles não permitem gravar lá dentro? - Fiz a pergunta que estava martelando na minha cabeça.
- Dãh, porque muitos famosos frequentam. - Ela deu uma batidinha na minha testa. - Famosos e empresários. É impressionante a quantidade de dinheiro que aquele lugar lucra.
Saímos do elevador e caminhamos até a parada de ônibus que fica do outro lado da rua.
- E por que você recebe tão pouco? - Arqueei a sobrancelha.
- Eu recebo um salário normal. - Deu de ombros. - Sabe quem recebe bem? As strippers.
Sentamos no banco da parada para esperar o nosso ônibus.
- Além de receber o salário, elas ainda recebem as "gorjetas" dos clientes. - Fiz uma careta ao ouvir isso. - Sério, a Sharon já recebeu 10 mil dólares de um cliente.
Engasguei com a saliva.
- 10 mil!?
- Bom, ela ofereceu para ele os serviços adicionais... - Murmurou.
- Ah...
- Mas nem todas fazem isso, okay? Elas são contratadas apenas para dançar. Se quiserem transar com os clientes e receber um dinheiro a mais, aí é problema delas. - Deu de ombros.
- Stripper e prostituta são basicamente a mesma coisa. - Revirei os olhos.
- Ai que você se engana. - Ela me olhou feio. - Uma coisa não tem absolutamente nada a ver com a outra.
- Jura? Elas dançam seminuas naqueles poles enquanto os homens jogam dinheiro e ficam babando nos corpos delas. - Expus a minha opinião.
- Calma aí, primeiro: eles jogam dinheiro porque gostam das danças, e dançar é o trabalho delas, então podemos considerar isso como uma gorjeta pelo trabalho bem feito. Segundo: você fez balé por 10 anos; nas suas apresentações, você se vestia apenas com um body e uma meia-calça transparente. Quem é você para julgar? Terceiro: dançar no pole também considerado uma arte, viu? Você deveria saber disso. E quarto; Por que você está falando sobre prostitutas com esse tom enojado? Algumas pessoas não têm escolha, sabia?
VOCÊ ESTÁ LENDO
Paradise
RomanceCom contas acumulando, uma irmã em coma, uma mãe autoritária e uma culpa que a consome, Blair Lefreve sente que chegou ao fundo do poço. Desesperada, sua única saída parece ser aceitar uma proposta que desafia todos os seus princípios. No meio desse...