algo similar a um túmulo de pedra rasteja por seus ossos, quebrando barreiras, instaurando terra e larvas a corrente sanguínea, controlando seu cérebro e ditando duramente suas intervenções defensáveis de quem nunca aprendeu a correr com as próprias pernas sem abrir os joelhos ao chão imundo.
o vazio, juntamente com a mentira, mediam o pânico crescente, a questão percorre suas veias ao deitar-se à penumbra; poderia dizer temer o desconhecido, se o mesmo referia-se a si? não se sabe ao certo, mas em camadas de auto independência banhada em suor rastejando-se pelos cômodos empoleirados implorou em martírio que pudesse, por favor, desaparecer.
simples assim. ir para qualquer outro lugar. numa falsa piedade engasgou sua bile em seda, diesel e chamas, como se flutuasse, chamuscada em cantos acometidos pela mais súbita sujeira intrínsecamente entrelaçada a si. almejava o início do fim, não em indivíduo, mas desejava acabar com a porra do mundo inteiro.
era egoísta o suficiente para tal, não existia piedade quando se tem medo, quando seus pés parecem não firmar o chão não importa o quanto pisoteie e arranque malditas crenças. ela não se conhece o suficiente para, mas sabe que poderia ser capaz se não há nada a perder, afinal não importa o quanto rasgue seus lábios as bochechas estarão petrificadas da friagem recorrente de quinze invernos estomacais de quem tanto brinca de ser feliz e acorda pra dura realidade da ingratidão vergonhosa.
ela é especialista em muito; arrancar lábios adjacentes, rasgar línguas em carmesim, sofregar suspiros que não seus, banhar seu corpo em sangue e resguardar sua alma para os vizinhos intrometidos que tanto fofocam sobre o que raios aconteceu no dia treze de dezembro. grito mudo, garganta ardendo, olhos faiscando e seu estômago roncando por ter pulado seus três últimos jantares e almoços. a dona da flagelação gargalhará se lhe perguntarem do que ela se arrepende na vida.
a observo como se fosse rotina, analiso seus traços resguardados em mágoa e tento me convencer de que há alguma afeição por trás do ato, respiro o mesmo ar tentando compreender porque desmanchar os nós de seus cabelos a deixa satisfeita, por que seu sorriso tem cheiro metálico e qual seu objetivo em tagarelar sobre seu signo ascendente tropeçando entre calcanhares feridos das estradas irregulares de quem não quer voltar pra casa
ela me dá medo. muito. medo. por isso não posso me deixar escapar. em nossos encontros indesejados
me entrelaço em mim como para não me perder,
me vejo desmanchar e desmontar incontáveis vezes,
coisas que tinha pavor antes tornaram-se rotina; meus pesadelos são tão reais quanto teu cinismo incólume, meus dedos dedilhando a cicatriz coberta pela franja irregular de seu rosto.sua pele gelada e expressão estagnada vislumbra minha ingenuidade como um raio que caiu pela terceira vez, deixando seu caos pueril. e toda sua loucura contempla minha dignidade, me faz questionar, rabiscar meios inóspitos, sussurro: você não é tão especial assim, admiro a imensidão que me teletransporta aos seus órgãos retorcidos e agora eu sei que não poderia compreende-lá quando nem ela mesma sabe com o que está lidando.
de repente o beco sem saída de três esquinas posteriores não me parece mais tão assustador; o abismo que habita em suas íris é o resultado cruel da experiência em tese.
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experiência em tese.
Poetryde repente o beco sem saída de três esquinas posteriores não me parece mais tão assustador; o abismo que habita em suas íris é o resultado cruel da experiência em tese.