Olhos de vidro

O novo negócio

O senhor Hayes volta.
- Rafaela?
- Sim?
- Amanhã haverá um coquetel para o lançamento da nova coleção de jóias da Gouveia. O St. Vicent era sócio da empresa, como, infelizmente, não poderá comparecer, a senhorita deve ir. Começa às cinco da tarde.

Então era assim que ele conseguia todos esses diamantes.

- Sem problemas. O senhor virá me buscar? É que, desculpe, primeira vez na América. - dou uma risada sem graça.
- Eu não poderei, tenho que estar no evento quando todos os convidados chegarem.
- Ah, claro.
- Mas não se preocupe. Posso pedir para meu sobrinho buscá-la, está bem?

Confirmo com a cabeça.

- Por quem devo esperar? - pergunto.
- Austin Hayes.
- Obrigada. Ah, David?, onde fica o shopping mais perto do edifício?

Ele vai à janela do meu quarto, abre as cortinas e aponta:

- Atravessando a rua.

Não contenho meu sorriso de orelha a orelha.

- Pelo visto St. Vincent segue pensando em tudo. - ri.
- E você não faz ideia, David.
- Bom, - ele consulta o relógio - nossa, como o tempo voa. Tenho uma reunião em 25 minutos. Acho que a senhorita consegue se virar, então, até amanhã no coquetel, senhorita Bonaparte.
- Até. - aceno e o acompanho até a porta do apartamento.

Max, Max, Max, se você queria que eu não ficasse sofrendo pela sua morte, meus parabéns, você conseguiu. Com um patrimônio de 6 milhões até que dá para o gasto. Muito bom. Não tem como ficar sofrendo com tudo isso.

Chanel, Christian Dior, Tiffany &  Co., Yves Saint Laurent... Minhas grifes favoritas. Talvez eu deva procurar um vestido com decote oval, valorizaria os seios tanto quanto um possível colar ou par de brincos. Ainda não decidi.

Não encontro nada que me agrade para a ocasião no primeiro andar. Depois de muitas voltas, encontro o vestido perfeito: um tubinho preto nada básico. Finalizei a escolha de amanhã com uma bolsa baguete, Prada, e um scarpin nude, Christian Louboutin.

Volto para casa e tenho uma boa noite de sono depois de muito tempo.

Podem me chamar de Bela Adormecida, não me importo. Nunca dormi tanto na minha vida. Mais de 13 horas de sono. Está um clima agradável, um friozinho de primavera, sabe?

Cruzes! Uma da tarde. Preciso comer algo e começar a me arrumar. Não sei que horas o tal Austin Hayes chegará, então tenho que ficar pronta o quanto antes. Preparo um macarrão com tudo que tenho direito. Não creio, tem um estoque de ice tea aqui! Estou realizada. Termino minha refeição às 2:30 pm. Tomo um banho, hidrato o cabelo e faço uma limpeza de pele. Termino o banho, faço minha maquiagem e seco o cabelo. Básica e destruidora. Max iria gostar. Só falta o vestido.
Fico pronta exatamente quando interfonam falando que o senhor Austin Hayes está me aguardando no saguão. Chegando à recepção, procuro por um homem de terno quando um jovem, loiro de olhos claros, vem em minha direção.
- Senhor Austin Hayes?
- Eu mesmo, senhorita Bonaparte. Podemos ir? Nosso chofer nos aguarda.
Ele estende o braço para mim e eu o seguro e o acompanho. Entramos na limousine. Não vou negar, mas Austin é muito bonito.