Aurora trabalhava em uma cafeteria o dia inteiro e do seu trabalho ia direto pra faculdade, o que dificultava sua chegada pontual na aula. Após deixar seu avental no prendedor dos funcionários pegou sua bolsa indo em direção a saída do café já que tinha terminado seu expediente.
— Tchau amiga, boa aula! – Diz Bea, sua companheira de trabalho.
— Obrigada Amiga, até amanhã. – Aurora se despede e caminha até sua faculdade.
Aurora caminhava apressada pra aula de escultura, ansiosa pra chegar a tempo. No entanto, seus pensamentos frequentemente voltavam para Guilherme, o colega de classe com quem ela tinha julgado no primeiro dia. Mais cedo tinha comentado sobre o mesmo no serviço com sua amiga, Bea aconselhou deixar de lado pois o garoto não tinha causado nada pra tanto julgamento e apenas feito uma pergunta.
Ao entrar no Ateliê, Aurora foi recebida pelo olhares do garoto, como se soubesse que era ela chegando antes mesmo de entrar na sala. Ela escolheu uma mesa próxima à janela, longe de Guilherme. Enquanto preparava seus materiais, o professor continuou sua explicação do que fariam naquela noite.
A proposta sugerida era uma escultura abstrata no qual eles tinham que representar uma ideia de caos, então Aurora colocou seu fone e se concentrou na argila.
O tempo passou rapidamente, e logo a garota notou a falta do Guilherme na sala, então se virou com uma expressão de curiosidade e olhou em volta da sala, o garoto e algumas pessoas não estavam, Aurora decidiu sair da sala e ir ao banheiro, ela sabia o que exatamente queria encontrar mas estava negando a si mesma. Ao descer as escadas do bloco de Artes encontra Guilherme na praça ao ar livre fumando cigarro, Aurora hesitou por um momento mas sentiu uma onda de desejo crescer dentro dela, então decidiu ir até o rapaz na praça.
— Encontrou o cigarro que queria. – O garoto observou de cima abaixo.
— Comprei. – Guilherme responde sem muito interesse
— Ahh, é... porque você saiu da sala, sente tanta necessidade assim? – Ela não sabia muito o que dizer
— Sentiu falta? – Não era nenhum flerte ou algo parecido, soava mais como irritação
— Você pode... – Aurora não sabia como pedir então apenas encarou o cigarro
— Você quer o cigarro? – Ele pergunta intrigado já que a mesma dizia não fumar
— Sim, por favor. – Então ele passa o cigarro pra ela sem entender
— Achei que não fumava – Ele sorri vendo a necessidade que ela tinha em fumar
— Tava tentando pelo menos, mas a pior coisa que aconteceu foi você perguntar se eu tinha cigarro, eu não tinha mas sabia que existia a possibilidade de você ter. – Ela passa o cigarro pra ele e solta a fumaça
— Porque "tentando"? – Ele repete o gesto devolvendo o cigarro pra ela
— Pelo óbvio, não é bom pra saúde sabe. – Diz ela em tom sarcástico, dando mais uma tragada.
— Quanto tempo tava tentando?
— Fazia uns 15 já. – Ela repassa o cigarro
— Estraguei sua tentativa então. – Ele brinca
— Qualquer pessoa que aparecesse com um cigarro na minha frente ia estragar com a minha tentativa, só não achei que ia demorar tanto. – Naquele instante ela se sentia à vontade com o Guilherme.
— E por isso veio atrás de mim. – Ele oferece novamente o cigarro e ela aceita
— Algumas pessoas não estavam na sala, então aproveitei pra sair e usar o banheiro. – Soltando sua última fumaça ela devolve o maço pra ele
— Nesse horário costuma ser o nosso intervalo.
— Aaa bom saber! vou voltar pra sala, valeu pelo cigarro. – Aurora se afasta em direção a escada de volta pra sala
— No fim você estava certa, pessoas que fumam aparentam fumar, por isso pedi pra você acho que um fumante reconhece outro fumante. – Ele diz em tom mais alto devido ao afastamento dela
— Me sinto ofendida quando diz que tenho cara de fumante. – Ela sorri pra ele e se vira indo pra sala.
Guilherme voltou mais tarde pra sala, pela distância de mesa não teve mais nenhuma troca com Aurora, professor encerra a aula e os dois vão embora.
Ao chegar em casa Aurora se arrepende do ato, pois sabia a dificuldade que estava sendo parar de fumar, e aqueles 15 dias estava sendo passos grandiosos pra ela, e no fim serem jogado fora por questão de necessidade. Aurora toma um banho pra descarregar um pouco da culpa que sentia e decidiu que não teria mais nenhuma troca com o rapaz da faculdade já que pra ela, ele seria tentação.
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Cores Sombrias
FanfictionNa vibrante e inspiradora Faculdade de Artes, Aurora e Guilherme se conhecem e se apaixonam, unidos por uma paixão intensa pela arte. Ambos são talentosos e cheios de sonhos, mas suas vidas pessoais escondem sombras profundas. Guilherme, um talentos...