- Lelê, é claro que a mana Lau gosta de morar aqui com vocês, de onde você tirou essa dia menina?! Só que a vida aconteceu pra ela lá em sampa e ele precisou se mudar, mas isso não significa que ela não goste de morar aqui – Luana respondeu me olhando de canto.
- É, meu amor... A tia Lau gosta muito mais dessa terrinha aqui do que de sampa, só que a vida aconteceu por lá e eu precisei seguir o fluxo, foi só isso falei tentando me convencer disso também.
Nós ficamos um tempo jogando conversa fora e brincado com a Lelê até que ouvimos a mamãe chamar para o almoço, lavamos as mãos e almoçamos todos juntos no clima leve de sempre.
Após o almoço, já era meio da tarde quando decidi ligar o notebook para checar alguns e-mails. Me dar ao luxo de tirar um mês e meio de férias não era só sombra e água fresca assim, vez ou outra eu precisava dar uma olhada porque alguns processos, embora sob responsabilidade do juiz substituto, precisam do meu aval. Nessa tarde abri o e-mail em busca de um em especial, estávamos no dia 26 de fevereiro e a resposta sobre a minha transferência já era pra ter sido dada desde o última segunda feira passada, só fiz abrir a caixa de entrada e lá estava ele, era real, lá estava a resposta que eu queria, o meu pedido havia sido deferido. A minha transferência teria uma data concreta assim que voltasse para São Paulo e ajustasse o que fosse necessário.
Desci as escadas correndo e encontrei meus pais na varanda de casa, mamãe estava com Lelê no colo e ambas se balançavam na rede, papai e Luana jogavam cartas sentados na batente, parei e fiquei da porta observando a cena, meu coração se encheu por saber que iria testemunhar mais disso de perto, bati palmas para chamar atenção dos quatro para mim e eles me olharam assustados:
- Que susto danado, Laura, parece que quer matar seu pai do coração, menina – meu pai falou e eu sorri.
- Mãe! Pai! Eu quero filé ao molho de queijos no jantar, muuuiita batata frita pra Lua e pra a Lelê e cerveja pra gente comemorar, hoje a noite eu tenho uma novidade pra contar – eu tava que não cabia de felicidade.
- Mas filha, vai deixar a gente esperando curioso até a hora do jantar? Conta logo e a noite a gente só comemora! – minha mãe falou eufórica.
- Conta titia, conta logo e de noite a gente come a batatinha com ketchup – lelê batia palma empolgada.
- Nada disso, a novidade só a noite, agora eu vou subir e continuar revisando uns processos e as 19h desço pra o jantar – falei dando as costas e já subindo as escadas e pude ouvir Luana e Letícia resmungando querendo saber sobre o que se tratava o jantar de comemoração.
Às 19h em ponto Letícia e Luana bateram na porta do meu quarto alegando que já estavam prontas e eu estava atrasada, avisei que desceria em menos de 10min e as duas saíram.
O clima leve se fez presente no jantar, no meio da noite, logo após nos deliciarmos com o meu prato preferido, contei do pedido de transferência e que hoje havia recebido a informação de que o mesmo foi deferido, quando falei que isso significava que voltaria a morar em Sergipe, todos gritaram de felicidade e meu pai se desmanchou em lágrimas, seu Vicente era um grande manteiga derretida.
Os dias que passaram foram pura diversão. Muita praia e muita piscina. Fomos à cachoeira numa cidadezinha próxima. Curtimos várias noites no centro da cidade e muitos momentos em família. No sábado seria o aniversário da Luana e o jantar de comemoração já estava todo combinado. Minha mãe não iria cozinhar, todo o jantar foi encomendado no restaurante da tia Neide, que era amiga próxima da minha mãe e dona de um dos melhores restaurantes da região. Minha mãe encomendou um bolo e alguns doces e tudo estava pronto.Acordamos no sábado cedo e todos enchemos a Luana de beijos e abraços, descemos, tomamos o café da manhã da mamãe de sempre, nos arrumamos e fomos todos à praia, o combinado era passarmos o dia por lá.
Estava sentada no sofá com a Lelê que estava um pouco dengosa envolvida no meu abraço quando ouvi distante os passos de alguém descendo as escadas, quando olhei me deparei com a imagem da minha irmã, linda e em passos lentos vindo até nós. Luana vestia um vestido azul claro em tecido solto, tinha seus cabelos semi presos apenas por duas mechas numa presilha delicada de brilhante e o resto solto num caracolado natural, a observei emocionada e senti meu coração transbordar, minha menininha cresceu. Quando fomos para São Paulo a Luana era uma menina de apenas 9 anos, hoje a minha irmã está uma moça linda. Quão feliz e grata eu sou em poder vê-la crescer.
O jantar foi lindo. Recheado de boas conversas e pessoas especiais. Lua convidou apenas Giovana, Raquel e Pedro. Os quatros eram melhores amigos desde antes de irmos para sampa e a amizade foi conservada até hoje. Rimos. Comemos muito e perto das 1h da manhã, nos despedimos e nos recolhemos.
Meu aniversário não foi muito diferente do de Lua, a única diferença é que convidei apenas a Débora, minha melhor amiga que veio de Aracaju passar meu aniversário comigo. Saímos para jantar e na volta, eu e Debs ficamos até as 4h colocando o papo em dia e fofocando da vida alheia.
Na terça, Débora voltou para cidade e eu e a Luana pegaríamos o voo de volta para São Paulo às 18:30. Desse vez não seria apenas um voo de volta para casa. Estávamos felizes por isso.
Chegamos em São Paulo por volta das 22:45 da noite devido a uma conexão chata que tivemos que pegar. Na quarta cedo eu já estava no tribunal. Minhas férias se encerravam de fato na segunda seguinte, no entanto decidi voltar para adiantar todo processo. Não existiram obstáculos. Passei 15 dias entregando todos os processos ao juiz que me substituiria, no meio tempo resolvi a transferência da Luana na escola e por ser uma rede de colégios que também tinha sede em Aracaju, o processo foi mais simples do que o esperado. Na nossa última semana em sampa, Lua praticamente não parou em casa. Senti a minha irmã triste em determinado momento mas a mesma me deixou ciente que apenas sentiria saudades dos amigos que construiu aqui, mas que estava doida pra voltar para casa. Isso sem dúvidas deixava meu coração em paz.
Voltar para adiantar todo processo. Não existiram obstáculos. Passei 15 dias entregando todos os processos ao juiz que me substituiria, no meio tempo resolvi a transferência da Luana na escola e por ser uma rede de colégios que também tinha sede em Aracaju, o processo foi mais simples do que o esperado. Na nossa última semana em sampa, Luana praticamente não parou em casa. Senti a minha irmã triste em determinado momento mas a mesma me deixou ciente que apenas sentiria saudades dos amigos que construiu aqui, mas que estava doida pra voltar para casa. Isso sem dúvidas deixava meu coração em paz.
Março chegava ao fim. Na segunda, 29, recebi o email com a data exata da minha transferência: 15/04/2022. Liguei para mamãe e papai. Avisei na escola da Lua que esses seriam seus últimos dias de aula. Avisei pra Debs que ficou eufórica e liguei o notebook para comprar nossas passagens. Chegaríamos em Aracaju no dia 16/04 às 15:45 da tarde. Era oficial, chegou a hora de voltar...____××××××_