Chove chuva

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Montreal, Canadá. 5 de junho de 2018

Marcela Senna

Chegamos de minha festa de aniversário as três da manhã e dormimos até as dez.

-Amor, amor, Ricardo.- chacoalei Kaká para ver se o mesmo acordava.

-São 10:30 levanta.- Não quero.- ele falou ainda com os olhos fechados.

-Pois então fiquei aí, eu vou.- eu me levantei e fui ao banheiro lavar o rosto, escovar os dentes e tomar um banho rápido.

Quando voltei ele estava devidamente arrumado passando um perfume.

-Nem parece o mesmo que estava deitado na cama a uns vinte minutos atrás.-Falei rindo.

Ele veio me abraçar querendo dar-me um selinho mas eu coloquei a mão em frente a minha boca.

-Nada disso, só depois de você ir escovar os dentes.
-Você é uma chata.
-Sei disso.

Falei me gabando a ele que foi bicudo até o banheiro.

Logo depois fui escolher a roupa que iria ao paddock e optei por sandálias, uma calça preta e uma blusa de mangas longas branca tipo top.

Eu e Kaká descemos e não tomamos o café da manhã no hotel já que já era tarde e optamos por comer coisas leves e almoçaríamos no paddock da McLaren logo depois fomos para a pista.

Eram 11:30 quando chegamos no circuito Gilles Villeneuve. Eu adorava pilotar aqui já que eu tinha 5 vitórias e também por que Gilles foi um grande piloto eu e papai admirávamos muito ele.

-Meu pai disse uma vez que Gilles foi um dos melhores pilotos que já existiu, e estar aqui hoje pilotando no circuito que leva seu nome é uma dádiva.- falei numa entrevista à RTP.

Eu segui em direção ao paddock da McLaren e vi olhares um tanto tortos em minha direção mas ignorei todos e fui a minha sala me trocar. Era hora de correr.

-Vai campeã eu acredito em você.- Júlia me disse já na garagem e Kaká beijou minha cabeça me desejando boa sorte.

Eu entrei no cockpit apenas esperando as ordens de meu engenheiro para sair.

-Certo Marcela, ao meu sinal tu podes sair.- Kevin meu engenheiro disse e eu apenas murmurei um "copy".

-Podes sair, você é a primeira.- Kevin disse e eu acelerei sentindo o carro me denominar. Eu já sentia falta de dirigir.

Eu fazia movimentos de um lado para o outro para aquecer os pneus e o carro e quando passei novamente pela linha de chegada eu acelerei.

Este circuito é conhecido por ser um dos mais difíceis e de fato é.

A curva 2 é uma das mais difíceis já que é logo na largada, mas consegui fazer uma boa volta no primeiro setor. Passei pela curva dos campeões completando minha volta e marcando 1:14.230.

-Certo Marcela você foi bem, pode voltar para os boxes.- certo.

Voltei para os boxes e ia tomando água enquanto Kevin me dava dicas de como ir mais rápido nas curvas. Raramente eu desacelerava em curvas, mas as deste circuito eram dificílimas.

-Pode voltar para a pista, faltam meia hora para acabar. Boa sorte.- Kevin me disse e eu respirei fundo piscando para Kaká e Júlia que me olhavam esperançosos.

Eu fui a pista e fiz os mesmos processos para aquecer os pneus e acelerei. Eu acelerei igual a uma maluca sem amor a vida, espero ter esta disposição no quali.

Fiz as curvas com cuidado e tentei não pisar tanto no freio, já que eram nas curvas aonde eu perdia mais tempo.

Na fórmula 1 cada milésimo é sagrado.

Filha do campeão: Recomeço| Senna Onde histórias criam vida. Descubra agora