Arthur acendeu um cigarro com um movimento fluido, seu rosto parcialmente iluminado pela chama. Ele olhou para Oliver, que estava deitado na cama, os olhos semicerrados e o corpo envolto em lençóis amassados. O quarto estava mergulhado em uma penumbra azulada, a luz fraca das luzes da rua penetrando pelas cortinas.Oliver sempre teve uma presença enigmática, como uma sombra constante no canto do olho. Seus olhos eram de um azul profundo, quase hipnótico, e sua pele tinha um tom pálido, como se estivesse sempre sob a luz da lua. Arthur não conseguia desviar o olhar dele, um magnetismo inescapável que o prendia.
"Você vai sair?" Oliver perguntou, sua voz rouca quebrando o silêncio.
Arthur deu um trago no cigarro, deixando a fumaça escapar lentamente de seus lábios. "Só preciso de um pouco de ar. Volto logo."
Oliver apenas assentiu, seus olhos seguindo cada movimento de Arthur enquanto ele se vestia. Havia algo de quase ritualístico na maneira como Arthur colocava a jaqueta de couro e amarrava as botas. Era uma dança silenciosa, marcada por uma tensão invisível.
Quando Arthur saiu do apartamento, o ar da noite o envolveu como um abraço frio. Ele caminhou sem destino pelas ruas vazias, suas mãos enfiadas nos bolsos da jaqueta. Seus pensamentos giravam em torno de Oliver, do amor que sentia e da escuridão que os envolvia. Havia algo de ultraviolento em seu relacionamento, uma intensidade que queimava, mas também feria.
Arthur conheceu Oliver em uma noite de verão, em um bar de beira de estrada onde a música alta e as luzes piscantes criavam uma atmosfera surreal. Oliver estava no palco, cantando com uma voz que parecia carregar todo o peso do mundo. Arthur foi atraído para ele como uma mariposa para a chama, incapaz de resistir.
Eles se apaixonaram rapidamente, uma paixão que era tão avassaladora quanto destrutiva. Cada toque, cada beijo, era carregado de uma eletricidade que os deixava à beira do abismo. Havia noites em que riam juntos, suas vozes se misturando como uma melodia perfeita, mas havia também noites de gritos e lágrimas, de portas batendo e palavras venenosas.
Arthur sabia que o que sentia por Oliver era mais do que amor; era uma obsessão. Uma necessidade visceral de tê-lo, de possuí-lo de todas as formas possíveis. E Oliver, com seu jeito enigmático e distante, parecia alimentar essa obsessão, ora se entregando completamente, ora se afastando sem aviso.
Naquela noite, enquanto caminhava pelas ruas desertas, Arthur refletia sobre o que os mantinha juntos. Talvez fosse a promessa de redenção que viam um no outro, a esperança de que, de alguma forma, pudessem se salvar. Mas, no fundo, ele sabia que estavam presos em um ciclo vicioso de dor e prazer, de amor e destruição.
Quando finalmente voltou para o apartamento, encontrou Oliver acordado, sentado à janela, olhando para a cidade adormecida. Arthur se aproximou em silêncio, sentando-se ao seu lado. Eles ficaram ali, em um silêncio carregado, as palavras desnecessárias entre eles.
Oliver finalmente quebrou o silêncio. "Às vezes, parece que estamos presos em uma canção sem fim, não é?"
Arthur olhou para ele, sentindo o peso das palavras. "Sim. Uma canção de ultraviolência."
Eles se encararam por um momento, e então Oliver se inclinou para beijá-lo. Foi um beijo lento, carregado de todos os sentimentos não ditos, de todas as promessas quebradas e esperanças renovadas. Arthur segurou Oliver com força, como se temesse que ele pudesse desaparecer a qualquer momento.
E, até aquele momento, tudo estava certo.
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Arthur acordou antes do amanhecer, o peso da noite anterior ainda sobre seus ombros. Ele olhou para Oliver, que dormia ao seu lado, a respiração leve e ritmada. Era um daqueles raros momentos de paz que eles compartilhavam, quando o tumulto de seus sentimentos se acalmava e tudo parecia se alinhar.
Lentamente, Arthur saiu da cama, tomando cuidado para não acordar Oliver. Vestiu-se rapidamente e foi até a cozinha. Preparou café, tentando encontrar algum consolo na rotina simples. Seus pensamentos, no entanto, estavam presos nas memórias da noite passada - os gritos, as palavras afiadas como facas, e a dor que pareciam infligir um no outro repetidamente.
Ele sabia que algo precisava mudar. Essa montanha-russa emocional estava consumindo ambos. Mas como encontrar uma saída? Como quebrar o ciclo de dor e arrependimento? Arthur se sentia impotente, preso em sua própria incapacidade de controlar a intensidade de seus sentimentos.
Quando Oliver finalmente acordou, encontrou Arthur sentado à mesa, uma xícara de café entre as mãos. Seus olhos se encontraram, e por um momento, um silêncio tenso pairou entre eles.
"Bom dia," disse Oliver, sua voz suave e um pouco hesitante.
"Bom dia," respondeu Arthur, tentando sorrir, mas falhando miseravelmente. "Eu fiz café."
Oliver se aproximou e serviu-se de uma xícara, sentando-se em frente a Arthur. O silêncio entre eles era quase palpável, carregado de todas as conversas não tidas, de todas as desculpas não proferidas.
"Precisamos conversar," disse Arthur finalmente, sua voz baixa e séria.
Oliver assentiu, tomando um gole do café. "Sim, precisamos."
Arthur respirou fundo, procurando as palavras certas. "Eu te amo, Oliver. Mais do que qualquer coisa nesse mundo. Mas o jeito que estamos vivendo... não podemos continuar assim. Estamos nos destruindo."
Oliver olhou para ele, seus olhos azuis cheios de emoções conflitantes. "Eu sei. Mas o que podemos fazer? Parece que sempre voltamos ao mesmo ponto, não importa o quanto tentemos mudar."
Arthur segurou a mão de Oliver sobre a mesa, seus dedos apertando suavemente. "Talvez seja hora de procurarmos ajuda. Terapia, talvez. Algo que nos ajude a entender por que somos assim e como podemos parar de nos machucar."
Oliver permaneceu em silêncio por um momento, considerando as palavras de Arthur. Então, ele assentiu lentamente. "Acho que você está certo. Não podemos continuar assim."
A decisão parecia aliviar um pouco da tensão entre eles, como se uma pequena luz de esperança começasse a brilhar. Mas sabiam que a estrada à frente seria longa e difícil. Havia muito a ser resolvido, muitas feridas a serem curadas.
Naquela noite, deitados juntos na cama, Arthur segurou Oliver em seus braços, sentindo a suavidade de sua pele sob seus dedos. Ele beijou a testa de Oliver, murmurando palavras de carinho. Sentia uma mistura de medo e esperança, uma incerteza sobre o futuro, mas também uma determinação renovada de lutar por eles.
"Me desculpe por tudo," Arthur sussurrou, sua voz carregada de emoção. "Por todas as vezes que te machuquei, por todas as palavras que não deveriam ter sido ditas."
Oliver se aconchegou mais perto, seus olhos fechados. "Eu também sinto muito. Mas estamos nisso juntos, não estamos?"
"Sim, estamos," Arthur respondeu, acariciando suavemente os cabelos de Oliver. "E vamos encontrar uma maneira de fazer isso funcionar. Eu prometo."
Enquanto o sono começava a envolvê-los, Arthur continuou fazendo carinho em Oliver, sentindo a respiração dele se acalmar. Havia uma paz frágil naquele momento, um lembrete de que, apesar de todas as dificuldades, ainda havia amor. E, talvez, isso fosse o suficiente para começar a curar as feridas que haviam infligido um no outro.
E, enquanto mantinha Oliver em seus braços, prometeu a si mesmo que faria tudo ao seu alcance para proteger esse amor, para encontrar uma maneira de transformá-lo em algo saudável e duradouro. A noite continuou a envolver o quarto em um manto de escuridão suave, e Arthur adormeceu com a sensação de que, apesar de tudo, havia uma chance de redenção, de um novo começo.
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Ultraviolence
Fanfictionele me tocou de um jeito tão carinhoso. não tinha coragem de falar algo ou deixa-lo ir,ele era apenas meu. (Capítulo único talvez)