O Céu Na Terra

Capítulo 15

Depois que ela recuou e foi embora, não a vi mais na festa. Não havia o que ser feito, além de deixá-la respirar, eu não tava entendendo sua mudança de humor, mas sabia que Lauren merecia algo melhor do que eu pude proporciona-la naquele tempo, e mesmo sabendo que agora era diferente, ainda tinha que ir com calma. Eu queria e sabia exatamente o que eu estava disposta a lidar. Só precisava de mais uma oportunidade.

Não seria Cristian e nem minha mãe que atrapalharia minha vida. E por falar nela, nosso contato era mínimo, bom, pelo menos da minha parte, já que ela sempre insistia em mandar mensagens todos os dias perguntando o que eu estava fazendo na Itália. Eu não a ignorava, mas não respondia sempre.

Não demorei muito depois que ela foi embora, só passei na parte da colheita e provei algumas tortas que estavam para degustação, depois disso fui para meu quarto.

Deitei na cama espaçosa e me perdi em pensamentos. Lauren estava em tudo e roubava os melhores momentos que minha imaginação permitia.

Eu não conseguiria dormir sabendo que ela estava no quarto ao lado. Tão perto e ainda sim, distante.

Eu não queria desrespeitar seu tempo, mas também não queria dormir assim. Precisava fazer algo, talvez algo que sirva como uma bandeira branca. E eu sei que com meus truques latinos e os dotes que o tempo na Suíça me deram, iriam servir para alguma coisa.

Chocolate quente ajuda em tudo. Meu pai sempre fazia quando eu estava triste.

E ela amava chocolate. Não teria como não dar certo.

Depois de descer para cozinha e tentar ser discreta no que eu estava fazendo, já que alguns hóspedes da casa já dormiam, preparei uma quantia suficiente para dois copos e fui em direção ao quarto de Lauren. Não pretendia demorar lá, pois teríamos que acordar cedo para a próxima etapa da despedida.

Encarei a porta do quarto e dei duas batidas de leve. Garantindo que ela ouvisse.

— Sim? — Uma voz diferente da que eu esperava, perguntou. Por alguns segundos pensei que tinha batido na porta errada e acabado incomodando alguém, mas aí meus olhos observaram a figura em minha frente e constatei que não, aquele era o quarto de Lauren, mas não era ela que estava em minha frente.

— Eu... desculpe. — Fiquei sem reação e tudo que eu queria era voltar pro meu quarto, mas estava paralisada na frente a uma desconhecida.

A mesma menina que estava na piscina hoje mais cedo, agora estava no quarto dela. Seus olhos desceram em direção as xícaras que eu tinha em minhas mãos.

— Isso é para ela? Posso entregar quando ela sair do banho. — Ela disse. — Ou você pode esperar.

Neguei de imediato.

— Não, não é não. Desculpa incomodar vocês. Achei que ela estivesse sozinha.

Ferrer deu de ombros e me esboçou um sorriso sem mostrar os dentes.

— E você quer entrar? — Perguntou.

Aquela tensão estava ficando cada vez mais esquisita e a simpatia que Ferrer me oferecia em suas expressões, faziam meu estômago revirar. Não era nada sobre ela, mas eu não podia evitar sentir.

— Melhor não, vou voltar pro meu quarto. Até depois.

Eu disse e não esperei uma resposta, saí em direção ao meu quarto e quando finalmente pude entrar, fechei a porta em uma rapidez sufocante, aquela situação toda me fez ficar em uma agonia infinita. Me fez pensar no questionamento que Enrico me fez hoje mais cedo. Se Lauren e Ferrer eram somente amigas, por que tudo que estava naquele quarto, gritava uma casualidade intensa de quem estavam transando?