Por favor, me ame!

Finalmente te encontrei

Era uma segunda-feira normal, sem tirar nem colocar, absolutamente nada novo. Eu estava com um mal-humor gigante. Domingo eu não tive que ir trabalhar, eu juro por tudo que eu não lembrava a sensação de descansar. Aquele merda do meu chefe não me dava um dia de folga fazia meses, só me deixou folgar ontem porquê eu implorava fazia semanas.

Mesmo estando mais relaxada por não ter ido pro trabalho ontem, isso me deixou com mais preguiça ainda de ir trabalhar hoje. Tipo, quem vai em um bar em plena segunda-feira? E ainda por cima eu tô tendo que ir mais cedo pra limpar tudo. É tão humilhante fazer tudo isso pela miséria de salário que eu recebo.

Aí, hoje eu tô muito depressiva, credo, que baixo astral é esse Melissa? Vai ser um dia ruim mesmo se eu ficar com essa negatividade.

Então eu me levanto e vou tomar um banho gelado pra acordar. Eu me arrumo e vou para o trabalho, sem tomar café da manhã mesmo, no caminho eu compro um café sei lá.

No caminho pro trabalho eu passo na loja da dona Maria. Eu sempre gosto de passar lá antes do trabalho, é como se todas as energias negativas sumissem. Ela é uma senhora muito fofa e agradável de conversar.

-Oi! Bom dia Dona Maria, como a senhora está? Precisa de ajuda?- Questiono me aproximando. Ela colhia e arrumava as lindas flores da sua floricultura como sempre. Eu me sinto mal por reclamar do meu trabalho, ela se esforça tanto para cuidar da lojinha dela sozinha. Faça chuva ou faça sol. Ela sempre está lá, com um sorriso no rosto, e os olhos brilhando enquanto admira as flores que ela cuida e vende. Talvez ela realmente ame o que faz, sem ligar para dinheiro.

-Aaah que bom te ver minha filha, ontem você não veio, fiquei preocupada, você adoeceu?- Ela me perguntou de volta, preocupada.

-Você não vai acreditar! Eu consegui folgar ontem! Desculpa por não ter vindo te ver, ontem eu dormi o dia todo.- Eu rio e ela me olha com uma expressão alegre, e afirma ficar feliz que eu consegui descansar.- As flores estão lindas hoje, são de algum tipo diferente? Nunca vi nenhuma parecida aqui!

-Ooh, achei que não fosse perceber! Elas são diferentes das que eu geralmente planto e compro. São lindas, não? Aah, quase me esqueço, eu tenho algo para você. Por ter me ajudado semana passada.- Ela se levanta e vai até o balcão no lado de dentro. A dona Maria tem certa dificuldade para andar, por conta da idade e de seus problemas nas costas. Ela demora algum tempo e logo volta com uma sacolinha e uma flor, do mesmo tipo que acabara de comentar.

-Não é grande coisa, mas aí tem o bolinho de laranja que você gosta, e uma marmitinha com um macarrão que minha filha fez. Está uma delícia. Esquenta antes de comer, é só colocar um pouco de água para o molho ficar gostoso.- Ela me lançou um sorriso gentil e meus olhos encheram de lágrima. Eu gosto tanto da dona Maria, ela é como minha vó. Falar com ela me anima até no meu pior dia, as vezes eu sinto que ela é o que me salva de surtar. Quando eu fui despejada do meu apartamento antigo, ela que me ajudou. Quando eu estou tão cansada do trabalho que eu penso que morrer seria melhor do que pisar naquele bar, ela que me ajuda a tirar essas bobices da minha mente. É, ela é a vó que eu nunca tive.

-Obrigada- Limpo meus olhos discretamente para ela não perceber

-Você se esforça muito Melissa, eu fico orgulhosa em sempre te ver ir trabalhar, com a mesma positividade, educação e paciência, mesmo quando você está exausta. Você é uma ótima menina.- Afirma, apertando minhas bochechas como se eu fosse uma criança. São palavras tão simples, mas fizeram meus olhos derramarem algumas lágrimas, isso porquê eu me segurei, se não eu começaria a chorar horrores. Eu estou tão cansada.

Depois de algumas lágrimas, eu agradeci os presentes e fui para o meu trabalho. Aquelas palavras melhoraram meu dia, minha vitalidade retornou por completo. Eu só conseguia pensar em devorar aquele bolo. Os bolos da dona Maria são uma delícia, principalmente o de laranja. E com certeza aquele macarrão estaria dos deuses.