Tempo Perdido

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Dazai corre pra dentro do bar, depois de um dia medíocre como aquele, tudo o que ele queria era beber um pouco, aproveitar o som que vinha do pequeno palco no centro do estabelecimento e esquecer da bronca que levara do chefe e dos seus colegas de trabalho.

- A bebida mais forte que você tiver.

- À caminho.

Na hora que o barman se vira pra pegar sua bebida, Dazai olha envolta, vendo um cara ruivo e baixo só ouvindo um homem de cabelos cinzas que - na sua visão, não passava de um otário, e que - gritava consigo e gesticulava, como se pudesse bater nele ali mesmo que sairia ileso de tudo.

Dazai continuou olhando em silêncio, no automático, pegou a bebida em sua frente e a bebericou sentindo um forte amargor e uma sensação de queimação descer por sua garganta.

O cara ruivo de antes subiu no mesmo palco do homem que gritava com ele antes, o homem sentou no banco da bateria e pegou duas baquetas, o ruivo pegou um baixo, e logo em seguida uma menina de cabelos rosas e uma maquiagem tão chamativa que ela brilhava mais do que um holofote.

A música começou, a bateria estava pesada, e a menina começou a cantar sobre uma vida infeliz, uma vida que a fazia sentir o tempo se perder por entre os acordes do baixo. A bateria batia forte, gritava, oprimia e mandava na voz e no baixo, até que uma baqueta erra uma batida, a garota se perde na letra e o baixo se permite um solo que gritava por socorro.

Gritava por um amigo, um amor, um carinho, uma atenção, uma luz. As notas graves do baixo passaram a ser tudo o que tocava o coração de Dazai, não havia bebida que o fizesse se esquecer das mágoas da vida, mas... aquele solo..

A menina se reencontra na letra, parecia que iria chorar a qualquer momento, ela respira fundo, mas deixa espaço no microfone para o ruivo, que grita.

Ele grita um grito que vai além de qualquer técnica, ele tem tanto a contar, ele é denso, daqueles gritos que atinge quem ouve e faz parar pra socorrer. Um grito contido, tão cheio de dor e angústias, que quando se liberta leva um pouco de quem grita junto. Em seu rosto pálido, lágrimas, que brilham pela luz do palco, escorrem pelo seu rosto.

O grito se cessa falhando aos poucos, mas seus dedos fazem um show por si só, acordes variam tão rapidamente, sua mão desliza pelo braço do baixo, para cima e para baixo como se comandasse os batimentos cardíacos de Dazai.

A menina se torna a cantar, o ruivo se oculta num canto do palco, a bateria volta a reprimir tudo, o ruivo se põe a olhar a plateia, como se fosse de se admirar que olhassem para ele.

Seus olhos se encontram nos de Dazai, que agora também chorava.

Naquele momento eles sabiam que partilhavam da mesma dor.

Quando o pequeno show chegou ao seu fim, Chuuya quis falar com aquele misterioso homem que chorara com ele antes. Quando chegou perto de onde estava, o gato que dormia no banco ao lado dele se levanta, deixando espaço para ele.

- É.. tudo bem?

- Hm? - Dazai se vira, e encontra a figura que se encontrara no palco antes.

- Vi você... chorando..

- Você também 'tava.

Chuuya se senta.

- O de sempre. - Ele pede ao barman - mas sou um artista, nada mais que a minha performance.

- Nahh.. - Dazai se inclina, um tanto embriagado, na direção do ruivo, sentindo um cheiro leve e doce do perfume do garoto. - Você tava triste. Eu vi aquele bobão brigando contigo antes.

- Ahm. - Chuuya enche uma taça com vinho e vira ela, para ajudá-lo a pensar. - Ok, ok, você venceu.

- Qual o seu nome, ó renomado artista? - Brinca, o moreno.

- Há - O ruivo ri, envergonhado - Nakahara Chuuya. E você, ó, triste bebum?

- Precisava? - Eles riem. - Osamu Dazai.

- O quê faz da vida?

- Sou detetive. E um bebum, nas horas vagas. E você, faz algo além da sua arte?

- Nada que mereça ser dito agora.

- A não ser que você seja um filantropo milionário, com medo de alguém te roubar se descobrir, não faz sentido esconder.

- Eu trabalho num supermercado, pra não me deixar passar fome, mas..

- Pera, você passa fome? - Dazai se aproxima rápido, assustando Chuuya.

- Não! A.. a vida só não é "flores" o tempo todo.

- É.. também tô puto com meu chefe.

Chuuya encarava os olhos de Dazai. Seu rosto estava tão perto que o cheiro de sua embriagez e seus olhos castanhos perdidos entre encarar seus cabelos ruivos estranhos, seus belos olhos azuis, ou seus lábios vermelhos de tanto morder quando está nervoso, e num show, ele sempre está muito nervoso.

Dazai, por sua vez, encarava os olhos marinhos de Chuuya. Tanto sua cor azul, quanto o tanto que já estiveram molhados antes. Sua pele avermelhada e os lábios tremendo. Dazai sabia que era pela proximidade, tudo o que ele queria era experimentar um pouco dela.

Seu corpo cansado, e carente, timidamente esconde a cabeça no pescoço do outro. Ele prensa seus olhos, como se jamais pudesse abrí-los novamente, e segura a mão do outro, procurando abrigo.

O misto de empatia e pena pelo recém conhecido que vivia uma realidade difícil, que o mesmo fingia viver. Chuuya pensa em tudo o que poderia fazer a partir de então.

- Melhor você voltar pra casa.

Em resposta, Dazai transforma esse afeto em um abraço, Chuuya se perde um momento.

- Vamos, nós precisamos ir.

Chuuya se levanta, o puxando pelo braço, alcança eu baixo encostado numa parede e para na frente de um carro preto.

- Quer ir pra sua casa?

- Pra sua.

- Não atendo esse tipo de carência. Mas bêbado do jeito que 'cê 'tá vai ter uma ressaca fudida amanhã, detetive.

Ambos entram no carro, Chuuya no motorista, Dazai no carona.

Em uns bons minutos o carro de um filantropo chega em uma mansão.

O artista filantropo acompanhado de um detetive falido e bêbado, que jurava que o amava, de repente lhe rouba um beijo como um adolecente, e corre pra se esconder como uma criança.

Ele adormece num sofá, e o outro faz o mesmo.
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Oi, meus anjos♡ tudo bem?

Resolvi escrever esse capítulo aqui pra matar a saudade de vocês.

Queria algo profundo, mas o que seria mais profundo do que um grito por ajuda, não? (Talvez esse cap diga mais sobre mim do que imaginam) enfim. Beijos

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Soukoku One ShotsOnde histórias criam vida. Descubra agora