Orgulho e Matilha

Vida II

Sansa caminhava rapidamente pela sala de estar de seus aposentos em uma missão para Lady Margaery - recuperar um lenço cuja cor a futura rainha gostava - e estava quase chegando ao quarto quando ouviu seu marido cumprimentá-la. Ela não o tinha visto sentado atrás da mesa onde passava a maior parte das noites. Francamente, ainda era meio-dia e ela não se lembrava de tê-lo visto a esta hora do dia anterior, por isso ouvir a voz dele foi bastante chocante.

Ela parou, assustada, antes de fazer uma reverência.

"Meu senhor", ela cumprimentou em resposta, sabendo não dizer ou perguntar nada abertamente frívolo.

Tywin ainda não tinha olhado para cima, sua visão periférica era suficiente para saber que sua esposa estava se movendo para um lugar ao lado dele.

Nos primeiros dias do seu casamento, Sansa aprendeu rapidamente que Lorde Tywin não gostava de conversar à distância, pelo menos não com ela. Antes mesmo de começar a falar, Lorde Tywin acenava para que ela se aproximasse; então, com as mãos em volta dos braços dela, simplesmente coloque-a onde ele preferia que ela ficasse. Agora ela simplesmente sabia que deveria se aproximar dele ou sentar-se perto dele. Inicialmente ela se sentiu como um cachorro sendo treinado, mas logo percebeu o benefício e a praticidade de estar mais perto. Especialmente quando as conversas deles progrediam além de começos e paradas tímidos - da parte dela - para discussões mais amplas e ele a encorajava a fazer perguntas.

Ele estava examinando os muitos pergaminhos e corvos que tinha em sua mesa quando perguntou casualmente: "Você escreveu para sua mãe?"

Assustada novamente, desta vez a ponta fria do medo apunhalou-lhe o coração, enquanto Sansa considerava se o marido estava a acusar ou a questionar, mas diminuía um pouco à medida que ela pensava. De qualquer forma, a resposta foi a mesma.

"Não, meu senhor, eu-" Mas suas cortesias instintivas foram interrompidas por conta própria. "Minha família é traidora do verdadeiro rei Joffrey."

Lorde Tywin olhou para ela e então endireitou-se na cadeira, com o rosto numa máscara de aborrecimento enquanto levantava uma sobrancelha.

Sem palavras e apenas com um leve gesto, ela sabia que ele estava lhe dizendo para abandonar qualquer pretensão que achasse necessária, ele não iria obedecer.

Sansa pigarreou suavemente. —Não me foi permitido contato com minha família, meu senhor. Corando, incapaz de reter seu olhar, seus olhos nunca se moveram dos fechos que adornavam seu peito. Ela havia sido sequestrada desde que seu pai foi executado, mas não queria revelar  essa  parte da verdade.

Ele demorou um momento antes de continuar. "Você divulgaria agendas militares ao inimigo?"

O rubor permaneceu, aprofundando-se na onda de indigência crua que sua pergunta irritou, enquanto o olhar dela deslizou para cima para encontrar o dele. E embora o rosto e a voz dele não tenham mudado, ela percebeu imediatamente que, desconfiado ou não, essa era a maneira dele de aliviar o clima.

Ela sorriu suavemente de qualquer maneira.

"Não, meu senhor."

Qualquer despreocupação que possa ter surgido em seu marido afundou novamente e provavelmente se afogou. 

"Esteja avisado", disse ele severamente. "Sua carta  será  revisada. No entanto, não permitirei que você se afaste totalmente de sua mãe."

Catelyn Stark certamente já tinha ouvido falar do casamento de sua filha. Oferecer correspondência era uma ninharia quando comparado ao valor potencial que possuía.

Suas famílias agora estavam amarradas. Qualquer decisão tomada para exercer violência contra os Lannister seria semelhante a uma guerra direta com Sansa. Alternativamente, se Tywin pudesse dar alguma sugestão ao que foi escrito, ele poderia controlar a influência de Robb Stark. Este último era a busca adicional, e o primeiro também poderia não ter absolutamente nenhuma influência com os nortenhos, mas à luz de tudo o que poderia acontecer no futuro próximo, a mera chance de qualquer um deles valeria bem o custo.