Tramoia I PAUNEIRO

Capítulo 2: Meu estresse.

Estava quase tudo pronto, todas as planilhas, relatórios, tudo, só faltava uma coisa para ser entregue, o maldito relatório de Ricardo. Sandro já havia feito um favor em pedir para ele fazer faltando duas semanas para a entrega, mesmo assim ele demora, entrega de última hora e idêntico a uma redação escrita por uma criança de 9 anos de idade, e isso o estressava.

A lista de coisas em Ricardo que o estressavam era imensa, mas sem dúvidas, a que mais o tirava do sério, era o fato do carioca o conhecer bem, até demais, e com isso, também sabia o que o irritava, e se aproveitava disso.

E como umas das coisas que irritava Paulo era entregar as coisas atrasadas, o carioca se aproveitava disso ao extremo, sempre atrasando sua parte o máximo que conseguia para estressá-lo, e conseguia com êxito.

Sandro estava em sua sala, estressado, ouvindo música no último volume no fone enquanto esperava impacientemente o maldito relatório.

Carioca Imundo! Não leva nada a sério, fica aí agindo igual uma criança. Idiota, quem ele pensa que é? Esse besta vive me irritando, ele não cansa não? Aquele gostoso da dis... pera o que?

De repente seu celular começa a tocar, atrapalhando a música que tocava naquele momento, e seus pensamentos.

Quando ele pegou o celular, viu que quem o ligava era Miguel, regente de Minas Gerais, e isso logo o deixou confuso. Eles estavam trabalhando no mesmo lugar, por que ele simplesmente não veio na sua sala? Porém, o paulista lembro do fone no volume máximo e olhou para frente, e lá estava o mineiro.

– Desculpa – falou tirando o fone.

– Tudo bem – disse tranquilizando, enquanto se sentava na cadeira a frente da mesa – O Errijota deve ter extrapolado, deu pra ouvir lá da minha sala.

Paulo respirou fundo:

– Sim, ele não exagerou, como tá insuportável! – concordou com raiva.

Miguel riu.

– É engraçado ver ocês! – falou risonho.

– Não, não é – discordou, sem saber direito com reagir.

– Foi mal! – se desculpou sorridente – Eu tava pensando de nois viajar dessa vez pra um hotel fazenda que eu achei esses tempos.

Aí, me esqueci disso, Sandro pensou. Todo ano os sudestinos viajavam para algum lugar juntos, e era uma viagem muito legal, se não fosse Ricardo o enchendo o saco 80% da viajem.

Em cada ano, um dos 4 se encarregava de escolher onde eles viajariam, e esse ano ficou para Miguel escolher.

– É uma ótima ideia, tirando a parte que o merda do carioca vai – bufou revirando os olhos.

– Uai Paulo, no ano passado você ficou todo preocupado dele ter vindo depois – falou inocentemente, mesmo Miguel tendo uma breve noção de que existe algo a mais.

No ano passado, Ricardo ficou enrolado com o trabalho e teve que ficar parte das férias trabalhando, mas esse não era o motivo da preocupação do Sandro, no meio disso, o carioca ficou doente e toda hora mandava mensagens sendo manhoso para o paulista.

Com a ansiedade acumulada, Paulo não aproveitou metade da viajem, até o platinado chegar. Pelo resto das férias, o emo perguntava se o carioca estava bem.

– É que... tá bom, eu tava – dessa vez ele não teve como disfarçar, principalmente para Miguel que o conhecia tanto.

– Ocê não costuma a se preocupar com qualquer um – afirmou curioso, querendo chegar em algo – e nem insistir tanto.

– Insistir?

– É, você parece insistir em chamar a atenção dele – respondeu o encarando.

Paulo ficou pensativo, eu de fato faço isso? Não, eu não quero chamar a atenção dos outros, principalmente dele. Além do mais, por que eu iria querer a atenção dele? Eu? Querer atenção? De alguém tão chato, tão irritante, tão engraçado, bonito... oi?

– Olha Miguel... – sua atenção foi interrompida pela notificação que chegou em seu computador, era o relatório de Ricardo, e como já esperado, estava uma merda.

– Aquele desgraçado! – exclamou com raiva, socando a mesa com certa força.

Sandro se levantou rápido e foi andando irritado para a porta, Miguel o seguiu com os olhos, nesses momentos, o mineiro sabia muito bem que nada, absolutamente nada, faria Paulo parar o que quer que estivesse fazendo, que no caso, era tirar satisfação com um certo carioca.