O CHAMADO DA ESCURIDÃO

7 0 0
                                    

Paulo, um músico talentoso, recebeu uma carta perturbadora de seus avós doentes. A caligrafia trêmula revelava o desespero nas palavras, implorando para que ele os visitasse. Preocupado, Paulo arrumou suas coisas rapidamente e partiu em sua moto, ansioso para ver seus avós.

A viagem foi longa e cansativa. No meio do caminho, ele avistou um posto de gasolina solitário. Decidiu parar para abastecer e aproveitar para esticar as pernas. Enquanto enchia o tanque, notou um silêncio incomum, quase opressor. O vento assobiava levemente, fazendo as folhas de um milharal próximo dançarem.

Paulo entrou na loja de conveniência do posto, mas não havia ninguém no balcão. Chamou algumas vezes, mas sua voz ecoou na solidão do local. Decidiu explorar um pouco mais, intrigado pela ausência de qualquer sinal de vida. Foi então que, ao virar um corredor, deparou-se com uma cena que congelou seu sangue.

Corpos mutilados estavam espalhados pelo chão, sangue escorria pelas paredes e o cheiro de morte impregnava o ar. Seus olhos arregalados fixaram-se no horror à sua frente, e ele sentiu o estômago revirar. Em um instante de pânico, percebeu que não estava sozinho. Um som de passos pesados se aproximava, e Paulo, em um movimento instintivo, escondeu-se atrás de uma prateleira.

Ele espiou por uma fresta e viu o assassino: um homem de aparência monstruosa, alto e musculoso, com cicatrizes grotescas que cruzavam seu corpo. Ele usava roupas sujas e rasgadas, e seu olhar era de pura loucura. Lembrava Chris Walker, o temido antagonista de Outlast. O assassino parecia saborear o horror que havia causado, movendo-se com uma calma assustadora.

O coração de Paulo batia descontroladamente enquanto o homem passava perto de seu esconderijo. Sabia que precisava sair dali antes que fosse descoberto. Com cuidado, começou a recuar, tentando não fazer barulho. Quando finalmente alcançou a porta, correu em direção ao milharal, a única rota de fuga aparente.

O som dos passos pesados logo ecoou atrás dele. O assassino tinha visto sua fuga e o perseguia implacavelmente. Paulo corria o mais rápido que podia, mas a adrenalina não podia mascarar o cansaço e a dor por muito tempo. No meio do milharal, tropeçou e caiu, ferindo gravemente uma das pernas. Sentiu uma dor lancinante, mas a vontade de viver o fez levantar e continuar, mancando, pela vegetação densa.

Horas se passaram. Paulo estava exausto, a perna ferida dificultava cada passo, mas ele não podia parar. O som dos passos do assassino havia sumido, mas ele sabia que o perigo ainda estava presente. A noite caía, tornando a visão cada vez mais difícil. Foi então que, entre as sombras do milharal, ele avistou uma cabana de madeira.

Com esforço, Paulo se aproximou da cabana. Ela parecia abandonada, uma estrutura antiga e mal cuidada. No entanto, não tinha outra opção. Entrou, esperando encontrar abrigo e, talvez, algo para tratar seu ferimento. O interior era escuro e cheirava a mofo. Com dificuldade, ele encontrou uma velha cadeira e se sentou, tentando pensar no próximo passo.

Enquanto explorava a cabana, encontrou algumas ferramentas antigas, pedaços de madeira e uma garrafa de álcool. Usou o álcool para limpar sua ferida, mordendo os lábios para conter o grito de dor. Precisava se manter silencioso. O assassino podia estar por perto.

Ao examinar a cabana, notou detalhes perturbadores: marcas de sangue nas paredes e objetos sinistros espalhados pelo lugar. Realizou, com horror, que essa era a casa do assassino. O medo cresceu dentro dele, mas sabia que precisava manter a calma para sobreviver.

Paulo se escondeu em um pequeno compartimento no fundo da cabana, coberto por um velho tapete. Seu corpo doía, o cansaço pesava, mas ele manteve os ouvidos atentos a qualquer som. Não demorou muito para ouvir os passos pesados novamente, mais próximos do que nunca.

O assassino havia encontrado a cabana e estava entrando. Paulo prendeu a respiração, seu coração batia freneticamente. O som dos passos era lento e calculado, como se o monstro soubesse que sua presa estava por perto. Paulo ouvia o homem inspecionando cada canto da cabana, empurrando móveis, chutando portas.

O medo quase o paralisou quando os passos se aproximaram do seu esconderijo. Ele podia ver as botas sujas do assassino através de uma pequena abertura. O tempo parecia parar. O assassino parou bem em frente ao compartimento onde Paulo estava escondido. Paulo fechou os olhos, rezando silenciosamente para não ser descoberto.

De repente, o som de algo caindo fora da cabana quebrou o silêncio. O assassino parou por um momento, então se dirigiu para a porta, atraído pelo barulho. Paulo soltou um suspiro silencioso de alívio, mas sabia que sua situação ainda era crítica.

Com o assassino fora, ele precisava agir rapidamente. Saindo do compartimento, procurou algo que pudesse usar como arma. Encontrou uma velha faca enferrujada e a segurou com força. Sabia que uma confrontação direta não era uma opção, mas precisava estar preparado para se defender.

Caminhou silenciosamente pela cabana, procurando uma maneira de escapar. Encontrou uma pequena janela nos fundos, parcialmente coberta por tábuas. Com esforço, conseguiu abrir um espaço suficiente para passar. Cada movimento causava uma dor lancinante na perna, mas ele não podia parar.

Quando finalmente conseguiu sair, correu o máximo que podia, movendo-se entre as sombras do milharal. O assassino percebeu sua fuga e começou a persegui-lo novamente. Paulo sabia que precisava encontrar um lugar seguro, mas as opções eram limitadas.

A noite estava completamente escura, e ele estava desorientado. Corria sem saber exatamente para onde estava indo, apenas tentando se afastar o máximo possível. Foi então que avistou uma luz ao longe. Uma esperança brilhou em seu coração. Talvez fosse uma casa, alguém que pudesse ajudá-lo.

Com as últimas forças, dirigiu-se à luz. Quanto mais se aproximava, mais claro ficava que era uma casa. Ao chegar, bateu freneticamente na porta, quase desmaiando de cansaço e dor. A porta se abriu, e um homem idoso o encarou com surpresa e preocupação.

"Por favor, ajude-me," Paulo implorou com a voz fraca. O homem o ajudou a entrar, fechando a porta rapidamente atrás deles. Paulo desmaiou, exausto e ferido, mas com uma esperança renovada de que talvez, só talvez, ele pudesse sobreviver àquela noite de terror.

O ÚLTIMO ACORDE Onde histórias criam vida. Descubra agora