O Destino Que Nos Uniu

Cap. 18 - LIAM GRAY

   Em paz, é assim que eu me sinto ao lado do corpo lindo e pequeno de Maitê, ela é linda, perto de mim ela parece uma boneca de tão pequena, e some dentro do meu moletom que emprestei pra ela, dormindo, tão serena, tão cheirosa, seu habitual cheiro de melancia, sinto vontade de cheirar seu pescoço, seu cabelo, passar a mão por seu rosto perfeito, mas não quero acorda-lá

   Depois que ela saiu para fazer o chocolate quente eu aceitei seu pedido de tomar um banho, não gosto daquele ar pesado de cemitério, quando sai ela tinha acabado de entrar com as canecas, enquanto ela esperava esfriar foi tomar banho também e saiu com um daqueles seus pijaminhas que me deixa louco

   Tomamos o chocolate quente e ela colocou um desenho animado qualquer da Disney pra me animar um pouco, poucos minutos depois ela estremeceu de frio por que seu aquecer estava quebrado e eu tava com duas blusas, dei uma e ela e meu coração acelerou como já havia feito algumas vezes ao olhar pra ela antes, mas agora, aqui na minha frente com meu moletom, sinto uma coisa diferente vendo ela com minhas roupas, uma coisa como possessividade, queria dar todas minhas roupas a ela

   Antes da metade do filme ela adormece e eu fico aqui, olhando pra ela como um bobo, por tempo demais pra qualquer um falar que é estranho, mas eu não ligo, a coberta está da cintura pra baixo, ela esqueceu de prender seu cabelo e ele está todo esparramado pelo travesseiro e me deixando bêbado com seu cheiro

   Estamos lado a lado deitados na cama mas sem nos tocar, até que ela se aconchega mais e mais em mim e deita sua cabeça em meu ombro, e a única coisa que eu quero era puxar ela com meus braços para deitar no meu peito e entrelaçar suas pernas nas minhas, e o engraçado é que imagino essa cena e não sinto nada além de paz, como se fosse certo

   Antes que minha cabeça viaje pra mais longe eu eu me desvencilho dela, coloco alguns travesseiros em meu lugar que ela agarra na hora - linda - pego minha chave e saio sem fazer barulho e vou pra casa

   No caminho eu só consigo pensar nela, a gente se odeia, não se importa um com o outro, mas lá estava ela, no cemitério pra ver algum que ela nem conheceu, e se importou comigo o suficiente para ficar lá me abraçando enquanto eu chorava e me levou para dentro de seu quarto e continuou me reconfortando

   Quando chego em casa encontro meu pai na sala com seu iPad  provavelmente trabalhando

   — Está tarde filho, tudo bem ? Onde você estava ?

   — Oi pai, tudo bem, a tarde fui ver a mamãe, uma colega chegou e ficou lá comigo enquanto eu desmoronava em seus braços dela, estava na casa dela, ela fez chocolate quente e colocou desenho pra me animar - sorrio sem mostrar os dentes com a lembrança recente

   — Essa garota parece ser especial filho

   — Ela é sim pai, o senhor iria gostar muito dela

   — Eu conheço ?

   — Não, ela veio do Brasil a pouco tempo, faz design de interiores e temos algumas aulas em comum, no começo a gente se odiava por que fui um escroto com ela, mas aí ela conseguiu trabalho no books coffe e fez amizade com a Meg e Logan, agora faz parte do nosso trio, ainda não nós gostamos mas estamos mais próximos do que antes

   — Ainda não se gostam ? Então por que ela estava lá por você ? Pelo jeito que seus olhos brilham quando fala dela me demonstra que você está apaixonado filho

   — Claro que não pai, sabe que eu não me apaixono

   — Posso te fazer uma pergunta filho ? - confirmo com a cabeça - Faz quanto tempo que você não fica com nenhuma mulher ?

   Porra, não, não não não, desde quando nós beijamos na casa da Meg eu não fiquei com mais ninguém, e isso já vai fazer quase dois meses, mas isso não significa que tô apaixonado, é só por que não tive tempo de sair com ninguém

   — Não precisa me responder filho, sua cara de espanto já fiz tudo - meu pai da um sorrisinho - Da pra notar o quanto essa garota te faz bem, não deixa isso escapar, pessoas assim são raras, não é qualquer uma que mexe com nosso coração

   Ele aperta meu ombro e sobe para seu quarto me deixando com a cabeça a mil e perdido por suas palavras