O Cão de Guarda

Na escuridão: o ressentimento

Notas da autora:

Olá, tudo bem? Gostaria de informar que essa história também está disponível no Spirit Fanfic. O shipp principal é Eren x Levi, e a história se passa em uma adaptação do mundo de SNK (sem titãs). Aqui teremos disputas de poder entre famílias mafiosas, traumas, assassinatos e demais coisas boas para a saúde haha.

Espero que gostem da fanfic, aproveitem!

~X~

As grossas algemas que prendiam seus pulsos dilaceravam sua pele. Levi se mantinha imóvel, a respiração dificultada pela “focinheira” em seu rosto. O estranho objeto foi colocado em sua face após um de seus carcereiros tentar alimentá-lo por um tubo na semana passada, e ele com raiva acumulada pelo deboche do outro, mordera-o na jugular com tamanha força que o homem teve que fugir dali correndo para estancar o sangramento. Desde então ninguém viera lhe trazer comida e de praxe cada vez mais parecia com um animal enjaulado.

Com os pés e as mãos acorrentados naquela cela escura o Ackerman só se mantinha consciente na base do puro ódio.  Por apenas um segundo de deslize estava agora nessa condição vergonhosa. O grande Levi Ackerman, famoso por ser o maior assassino do submundo. Alguns se referiam a si como um monstro sem coração, uma besta violenta, um demônio encarnado. Sem dúvida apelidos muito carinhosos. E lá estava ele, incapacitado de fugir, faminto e irado.

A única janela da cela subterrânea possibilitava um pequeno vislumbre da luz branca do corredor, mas ainda assim Levi tinha a impressão de que se voltasse a ver o sol depois de tanto tempo ficaria cego, afinal havia sido confinado naquele lugar há praticamente um mês. O cubículo escuro continha apenas uma cama de pedra com um travesseiro puído na ponta, ao lado um vaso sanitário acompanhado de uma pia enferrujada. E sentado no meio da cama estava o Ackerman, as correntes fincadas no solo e na parede impossibilitavam seus movimentos de forma que ele só conseguisse ir ao lado fazer suas necessidades.

Seus olhos tempestuosos brilhavam na escuridão tentando arquitetar um novo plano de fuga, já que seus captores o privaram de comida como castigo por seu mau comportamento ao tentar matar o homem que ia o alimentar. Levi tinha certeza que a ideia deles era o enfraquecer para que pudessem transportá-lo da cela mais facilmente, e levá-lo para quem realmente havia financiado a sua captura. Porém, eles não sabiam que o Ackerman poderia suportar a fome por muito mais tempo, até porque fora criado desde pequeno para suportar privações e torturas das mais diversas possíveis. Fazer parte do clã Ackerman, um dos grupos familiares mais poderosos do país e do submundo tinha lá suas vantagens, como por exemplo, ensinar os membros a matar.

Mas Levi foi deserdado, estava sozinho, ninguém iria salvá-lo e todos achariam incrível vê-lo morto. Lembrou-se de seus falecidos amigos, as únicas pessoas que um dia se importaram consigo, e sentiu o coração pesar no peito. Por sua culpa eles foram mortos, tudo porque ele decidiu abrir espaço em sua vida perigosa para aquelas pessoas que nada tinham nada haver com o submundo e toda aquela sujeira. Não era do seu feitio se afundar em autopiedade, mas naquele lugar terrível era difícil isso não acontecer uma vez ou outra.

E então ele ouviu barulhos de tiros lá em cima. Tiros e gritos. A confusão se estendeu por vários minutos até cessar completamente, como se a paz surgisse do nada em um ninho de gafanhotos barulhentos. 

Levi ficou atento automaticamente, algo sério estava acontecendo. 

Em seu tempo de prisão nunca ouvira sequer um disparo de arma. Seus músculos ficaram ainda mais tensos quando escutou o som de passos no corredor, contou quantos eram mentalmente. Três pessoas, e uma delas parou em frente à porta de sua cela. O Ackerman respirou fundo, formando um plano de luta mesmo que incapacitado pelas algemas e correntes. Chegou à conclusão de que poderia sufocar quem quer que fosse usando os joelhos, o outro só precisaria chegar perto o suficiente. Sendo assim ele aplicou força nas pernas, pronto para matar ao primeiro sinal de perigo.