Capítulo 3: O que eu sei?

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Com o passar do tempo, as semanas se passaram rapidamente e já tinha completado e se tornado um mês, um mês que eu tinha o visto pela primeira vez, que foi justamente a última festa que eu consegui ir desde então.

Desde daquela festa, não tive mais tempo de ir em outras, pois um novo semestre se iniciava na faculdade, e as aulas ocorriam a todo vapor, não podendo me dar ao luxo de me distrair com outras coisas, mesmo que não fosse algo tão difícil para mim.

Ainda assim, volte e meia me questionava a todo o momento se eu tinha feito uma boa escolha em estar cursando Medicina. Não por eu não gostar do curso e das disciplinas que eu precisava cumprir, mas eu só tinha me inscrito nesse curso porque os meus pais disseram que se eu cursasse Medicina eles iriam me ajudar em tudo. E quando digo ajudar, seria aumentando minha mesada, ganhando um carro, e assim que eu me formasse, me dariam um apartamento no local que eu quisesse. Então convenhamos, que não foi necessário eu pensar muito sobre aceitar aquela pequena sugestiva oferta.

— Gambá, aí está você — diz Dário, chegando perto de mim, com aquele seu inseparável óculos escuro no rosto, e aquele sorriso maroto que sempre o acompanhava.

Estávamos no pequeno jardim que tem na parte de trás do Campus da faculdade. Lá era um espaço bem tranquilo, com uma única árvore enorme de raízes fortes, com um pequeno chafariz antigo desativado no meio do jardim. A grama era sempre bem cuidada. Então eu adorava sentar embaixo daquela árvore. Principalmente porque poucas pessoas gostavam de estar naquele espaço, mesmo sendo um lugar bonito, não era muito amplo, então todos preferiam ficar nas áreas da frente do Campus em que também podiam se sentar na Grama, mas infelizmente lá naquela parte não tinham árvores, então era péssimo para se ficar em dias de muito calor. E acabavam sempre lotando o botecão do seu Zé que era na esquina perto do Campus.

— Não, queridinho. É só ilusão de ótica. Assim que você tirar os seus óculos verá que não estou aqui — digo para ele assim que se aproxima estando mais perto de mim.

— Haha, só não digo mais alguns HA porque.. — diz Dário, porém o interrompo.

— Porque você é preguiçoso até para rir — digo debochando dele e começo a rir muito.

— Pode ser — diz soltando uma curta risada, jogando sua mochila na grama e se deita apoiando sua cabeça nela. O Dário era um cara legal. Um idiota a maior parte do tempo. Mas o que eu posso dizer, eu era tanto quanto ele.

— Hum.. Aí estão os dois — diz Lorenzo surgindo de forma sorrateiro atrás da árvore rindo da nossa cara. Ele tinha mania de andar sem fazer barulho, para nos assustar sempre.

— Ai, meu coração seu escroto! — digo colocando a mão no peito, por ter tomado um susto de não ter o visto e nem ouvido ele chegando — Qualquer dia desses ainda vou morrer do coração por tua causa — continuo dizendo e dou um tapa na perna dele assim que ele se senta do meu lado.

— Que coração? Desde quando você tem um? — pergunta Dário rindo.

— Desde que eu o ouvi batendo — digo caindo na gargalhada junto com o Dário. Como disse, dois idiotas.

— Nossa!! — diz Lorenzo revirando os olhos para nós dois.

Sinceramente, eu não faço ideia do porque ele andava comigo e com o Dário. Ele era o inverso de nós dois. Era de bem com a vida, um bom ouvinte, sempre prestativo.

Mesmo com o nosso jeito escroto de lidar com as coisas ou pessoas, ele continuava do nosso lado.

Não sei como ele ainda não desistiu de nós dois depois de tanto tempo. Principalmente depois do que fizemos a ele..

Flashback on

— Como assim vocês apostaram que o Dário conseguiria levar a Bianca para cama? — grita Lorenzo transtornado segurando meu celular e o apontando na minha direção. Infelizmente eu tinha esquecido que o Dário tinha me mandado o 'print' sobre eu ter perdido a aposta por ele ter conseguido pegar aquela vadia. Fala sério, eu jurava que ele iria perder. Ela parecia mesmo amar de verdade o Lorenzo.. — Juliana, eu estou falando com você, não finge que não está entendendo o que eu estou falando com você — diz gritando mais ainda.

Eu estava sentada na minha cama e ele está em pé na minha frente. Não sabendo o que dizer ou como me expressar sobre tudo aquilo. Que merda!

— Juliana! — grita outra vez.

— Olha.. Eu.. É que.. — digo sem ao menos saber o que dizer — Sim — o respondo e abaixo a cabeça, resolvo dizer a verdade, afinal de contas ele tinha a prova do acontecido em mãos.

— ... Ok — ele diz depois de muito tempo em silêncio. Coloca o meu celular do meu lado, saindo do meu quarto e indo embora da minha casa. Eu não tinha coragem de chamá-lo de volta ou me explicar, se é que existiria uma boa e convincente explicação para tudo isso.

Eu jurava que ele nunca mais iria querer olhar para a nossa cara de novo.

Acabei inconscientemente ficando intocada em casa durante um mês, sofrendo pelo o que tinha feito com o Lorenzo.

O Dário aparecia todos os dias, não dizíamos nada, só ficávamos nos encarando, ou desviando o olhar, até que ele ia embora sem dizer nada. Não precisávamos dizer um para outro como tínhamos nos arrependido, ficava bastante evidente no nosso rosto.

Até que depois de ter completado exatamente um mês que tinha acontecido aquilo, o Lorenzo me liga. E confesso que naquele momento eu acabei ficando muito chocada e disse sussurrando ao Dário que era o Lorenzo e atendi com um certo medo e receio.

— Alô? — digo com cautela.

— Você está em casa? — ele me pergunta logo em seguida.

— Estou — falo sem entender o que ele estava fazendo ou querendo.

— O Dário também está? — pergunta depois de um tempo.

— Sim.. Ele está.. — respondo temerosa.

— Ok — diz e logo desliga a ligação.

Depois que ele encerrou a ligação alguns minutos depois ele apareceu na minha porta e disse seriamente que se fizéssemos aquilo de novo, ele nunca mais nos perdoaria. Assim que ele disse me joguei em seus braços e dei um longo abraço apertado, e prometi a mim mesma que nunca mais faria algo que pudesse feri-lo de novo.

Flashback off

— Então, Juli.. Você encontrou ele de novo? —pergunta Lorenzo me tirando dos meus devaneios.

— Ele quem? — o questiono.

— Ué, o Lui, o carinha que você tinha visto na ultima festa que foi, e que por sinal tinha se interessado — diz arqueando uma das sobrancelhas.

— Há, ele.. nem lembrava mais dele — falo com um tom desinteressado — pra falar a verdade nunca mais o vi depois daquela festa — digo enfim.

— Como? Esse é o nome dele realmente? — questiona Dário se envolvendo na conversa

— Sim, ele que me disse.. — responde Lorenzo.

— Hum.. Ele tinha me dito que se chamava Marcos — diz Dário estranhando aquela confusão de nomes — Ao que parece o cara não queria que ninguém soubesse o nome dele verdadeiro, hahahaha — ele diz rindo da situação

— Estranho.. — disse o Lorenzo não entendendo mais nada.

— Hum — digo por fim revirando os olhos, sem aparentar que na verdade, andei pensando nele desde que o vi pela primeira vez. E que naquele momento, estava mais frustrada e despertando mais ainda a minha curiosidade sobre ele, percebendo que nem saber o nome de verdade dele eu sabia ainda.

Uma morte sem fim.

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⏰ Última atualização: May 29, 2024 ⏰

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