**Capítulo 1**
O relacionamento entre Enid e Wednesday mudou as duas tanto internamente quanto externamente. Mesmo que as duas não admitissem, principalmente a Addams, elas não mudariam essas diferenças.
Era um dia de chuva e também noite de lua cheia. O lobo de Enid estava caçando pequenos animais, mas também grandes, como cervos. Mesmo Enid sendo uma humana extremamente social e amigável, sua loba era um lobo solitário. Ela não gostava de andar em bando; preferia caçar sozinha. O último lobisomem que tentou entrar no seu caminho acabou com uma cicatriz gigantesca e profunda no braço. Apenas uma pessoa não ameaçava seu lobo: sua namorada.
A noite estava quase ao fim. Enid apenas gastava suas últimas energias andando pelas florestas sombrias quando, perto de uma árvore alta, um barulho baixo foi ouvido. Ela caminhou até o local e viu uma pequena criatura dentro de uma caixa de papelão totalmente molhada. O lobo então colocou seu focinho para cheirar e, mesmo a pequena criatura estando gelada pelo frio, ainda seu coração batia. Enid tirou o animal da caixa e o colocou em sua boca. Ela olhou para cima, sabendo que logo voltaria à sua forma humana.
Ela correu até os arredores do colégio e viu sua namorada embaixo de um guarda-chuva preto e carregando uma mochila.
Ao se aproximar, o lobo olhou para ela quase como se a venerasse e, em seguida, abaixou a cabeça e colocou a pequena criatura aos pés de sua companheira. A Addams ficou confusa e pegou o pequeno felino, que estava molhado e miando fracamente.
Logo, barulhos de ossos voltando ao lugar foram ouvidos e então a figura humana de Enid estava de volta, com sua pele nua molhada pela chuva e pelo sangue da caça daquela noite.
— Olha, mi amor — Wednesday falou ao olhar para ela. Então, se aproximou e entregou a mochila com suas roupas.
Enquanto Sinclair se vestia, Addams falou:
— Vejo que seu lobo trouxe uma surpresa. — Ela apontou para o filhote de gato. — Fico surpresa que ele não tenha virado uma presa. Ele estava jogado em uma árvore na chuva. Duvido que o pobrezinho sobreviveria nessas condições.
Enid o colocou dentro de sua blusa para mantê-lo aquecido e, em seguida, caminharam até o dormitório.A loira então foi até o banheiro, pegando toalhas e o secador, secando o pequeno que parecia estar dando mais sinais de vida quanto mais seco e aquecido ficava. Enid o colocou enrolado em uma manta.
— Cuide dele até eu me limpar.
Antes que Addams se manifestasse, Enid caminhou de volta para o banheiro para se limpar.Wednesday ficou olhando para o pequeno gato, que estava ali a observando também e miando, querendo atenção. A latina pegou o animal, o observou e percebeu que se tratava de uma fêmea e que não tinha a pata traseira do lado esquerdo. Era uma má formação e, por isso, ela deve ter sido descartada e deixada para morrer.
Enid voltou agora limpa e usando pijama; a blusa era de Wednesday, uma blusa preta de tricô.
— Ela não tem a pata — foi a primeira coisa que Wednesday comentou.
— Eu percebi. Deve ser por isso que aqueles monstros a deixaram para morrer. Mas nós iremos cuidar dela. — Enid pegou o bichano e começou a se preparar para dormir.
— Nós? — Addams perguntou confusa.
— Sim, nós. Agora vamos dormir. Temos que acordar em algumas horas.
Elas deitaram o pequeno animal entre elas com a desculpa de Enid para mantê-lo aquecido.
O dia amanheceu, e Wednesday acordou com algo tocando seu rosto, o que a fez ficar alerta. Ao abrir os olhos, viu o gato encostando seu pequeno nariz em sua bochecha.
— Criatura insolente...
Wednesday se levantou e observou que sua namorada não estava no quarto, algo raro, já que Enid acordar antes dela era incomum.A gata seguiu a latina onde ela ia no quarto. Mesmo com três patas, ela acompanhava seus passos. Já arrumada para um novo dia, suas tranças feitas, Wednesday se sentou e pegou o bichano que não parava de miar.
— Dá para diminuir seus lamentos?
Logo, Enid apareceu carregando uma bandeja com frutas e pão de canela e um grande copo de café sem açúcar para Addams.
— Trouxe comida e também algo para o bebê.
Enid improvisou uma mamadeira que estava cheia de leite morno. A loira pegou o gato em suas mãos e, em seguida, o alimentou, que aceitou de muito bom grado, pois parecia não comer há tempos.
— Então, quando vamos levá-la para o abrigo?
— Levá-la? Eu a encontrei quase sem vida. Até meu lobo sabia que ela precisava de ajuda. Agora, é nossa.
— Quem disse que quero um animal?
— Willa, eu sei que você ama todos os animais, incluindo até os que eu não gosto. Você não pode tirá-la de nós. O destino a escolheu para nós.
Wednesday odiava admitir que a namorada estava certa. Animais eram seu ponto fraco. Ela achava que eles eram os únicos seres que valiam neste mundo.
— E como iremos criá-la em um dormitório escolar?
— Mãozinha nos irá ajudar. Ele é ótimo em encobrir coisas.
A latina sabia que era um caso perdido. Pelo visto, agora ela tinha um gato.
— Ok, mas se ela destruir algo, irei colocar suas pelúcias em um triturador. — Enid riu, sabendo que eram ameaças vazias. Ela apenas beijou sua namorada com todo amor possível. A ligação delas não era apenas amorosa; era um encontro de almas.
— Te amo, Willa.
— Também te amo, cara mia.Não sei se esta história ficou boa. Apenas escrevi para testar e voltar a escrever. Irei voltar aos poucos. Beijos.