Ele golpeou minhas artérias que jorraram o rubro mais esplêndido existente no cosmo.
Com cravos sutis e cintilantes, cada perfuração seguida de um raio envolvendo meus membros.
As costas banhadas em marcas obscuras, forjadas da mais pura agonia.
Neste jogo, era preferível assim.
Meu corpo sendo assinalado por cada um dos delitos, todos precisavam saber o que eu já cometi, o que eu já cogitei em realizar. Talvez assim, receberia apenas olhares de julgamentos, mas nenhuma aproximação.
Todos me temiam, todos sabiam do que era capaz.
Os cravos dedilhando cada contorno sinuoso resplandecente em meu ser.
De meus seios escorriam a tonalidade da inocência e meu herdeiro chorava enquanto era nutrido, sentindo minha aflição, sentindo meu pranto cair.
Minha derme ardia e cada suspiro angustiado era seguido de um brado agonizante.
"Não chore Nagaly, todos reconhecerão quem é sua genitora, todos perceberão o que ocorrerá se por acaso interferirem com o futuro monarca!"
Mais um golpe, minhas marcas obscuras foram tomadas pela tonalidade do sangue. Meu olhar embriagado pela dor, adquiriu uma coloração cerúlea magnífica, um olhar letal que deceparia quem me desafiasse.
"Eu vou extrair até a última gota de vida de cada um que ousar cruzar seu caminho, vou torturá-los até liquefazer o tutano de seus olhos."
Uma última martelada, eu só poderia enxergar a luz agora.
— A metamorfose se completara, a bela mulher de cabelos carmesim havia transcendido sua humanidade.
Ela, agora, é a manifestação de seus pecados, ela se tornara a personificação da dor, a redentora do desespero.
— E, em virtude de seu novo poder, seu Nagaly se desvanecera. Como castigo por sua ambição desmedida, a qual visava apenas proteger seu fruto, seu filho, ele fora arrebatado pela própria ambição que a consumira.
"Meu... Meu Nagaly!" E um grito angustiado e desesperado ecoou, ressoou através do universo.
