- Achei que não viria. - Ivana abriu a porta para a filha
- Uh, está cada dia mais difícil de sair de casa.
- Cadê sua namorada?
- A minha esposa está ensaiando, dona Ivana. - alfinetou de volta e sentou no sofá, já tirando o tênis.
Era um ponto muito importante que ninguém avisou a Ohana sobre a gravidez: Praticamente impossível ficar calçada com um tênis por mais de duas horas.
No caso dela, era ainda mais delicado visto que tinha menos de 1,60 de altura e estava carregando dois bebês.
Os pés de Ohana estavam a cada dia que se passava com mais formatos de um pão francês. A fazia lembrar da época da lesão, a diferença era que agora os dois estavam iguais.
Qualquer pessoa que estivesse perto dela já sofreria pois ela não era tímida em pedir massagem.
- Você não acha confuso estar com essas duas crianças na barriga? Acha que vai dar conta?
- Me pergunto isso a todo momento, mas não deixo que entre na minha mente. Eu vou ser capaz pois já amo tanto eles, mãe... São a minha razão de viver antes mesmo de colocar meus olhos neles pela primeira vez. Eu vou dar o meu melhor.
- Isso é bom, filha. Estive conversando com uma mãe de gêmeos enquanto vendia um imóvel e ela me disse que ficou uma pilha a gravidez inteira por medo de não dar conta.
- Larissa me ajuda muito nisso também. Talvez essa seja a diferença de se relacionar com homens, eu não posso imaginar um homem fazendo por alguém tudo que ela faz por mim. - Ohana pensou - Mas talvez isso seja só porque eu não teria filhos com um homem.
- Você não se dizia bissexual? - Ivana lembrou a filha, que gargalhou
- Enfim, mãe. - piscou para ela - Até o momento estou em paz comigo mesma.
- A Laila está de volta. - Ohana a olhou meio em choque com a notícia
- Sério?
- Sim. Isso quer dizer algo pra você? - investigou
- De forma alguma. - fez pouco caso
- Você ficou bem espantada.
- É que ela disse quando foi embora que eu jamais a veria de novo.
- Pelo visto ela mentiu então.
- Como você sabe que ela está por aqui?
- Veio me visitar um dia desses. Perguntou por você.
- Não sabia que vocês tinham tanta intimidade.
- Ela foi a única garota que você se relacionou que me cativou.
- Achei que gostasse da Larissa.
- E gosto.
- Às vezes você me constrange porque a vejo tentando tanto e você faz pouco caso sempre que pode. Ela gosta muito de você, mãe.
- Eu também gosto dela, Ohana. Só comentei com você a volta da Lai. Você pretende falar sobre isso com a Larissa?
- Mãe, a Laila não significa nada pra mim, desde que ela foi embora eu sequer a vi e mesmo quando tivemos algo no auge dos meus dezessete anos nós tínhamos apenas uma amizade colorida. Eu não tenho porque preocupar a Larissa com isso.
- Eu fazia muito gosto. Eu e Marta.
- Você e Marta são bem iguais. - Ohana falou ironizando - Queriam que a gente namorasse porque tinham horror de pensar nas filhas namorando alguém com outra classe social.