Capítulo Único.

64 9 0
                                    

Momo às vezes sentia que nunca seria boa em nada.

Essa sensação ficava mais intensa quando estava com Jihyo.

A japonesa sempre a amou, mas nunca soube como representar bem isso, nunca tinha amado ninguém antes. Então fazia aquilo que achava que era o certo.

Era sempre cariosa, se preocupava ao extremo, dava beijos, abraços, carinhos, sempre a ouvia e fazia suas vontades. Tentava o máximo possível dar indiretas do quanto amava Jihyo.

Mas tinha um problema.

Jinyoung era o problema.

Jinyoung e Momo eram um casal. Com seus seis meses de namoro.

Momo não o amava de verdade, aproveitava a companhia dele, saia com ele para vários lugares, conversavam sobre a vida dos outros, mas mesmo assim, Momo nunca o amou.

Jinyoung queria mais liberdade, então nada melhor que um namoro para conseguir isso. Talvez ele realmente amasse ela, mas a Hirai jamais conseguiria ter certeza daquilo. Ainda mais quando ele era estúpido, mas ainda sim uma boa pessoa.

O namoro era confortável para os dois, mas Momo não conseguia ver um vestido de noiva em seu corpo e um buquê de flores em suas mãos para se casar com ele. E às vezes ela achava que Jinyoung também não via isso.

A japonesa de vez em quando tinha uns surtos doidos, de falar ou fazer coisas sem pensar nas consequências.

E foi em um surto desses que com uma frase escrita totalmente errada, ela perguntou para Jihyo se por algum acaso elas poderiam ser um casal algum dia.

A resposta foi sim, o que a deixou em completo estado de choque.

Não sabia o que fazer, não queria tomar nenhuma decisão precipitada que acabasse fodendo com tudo. Mas precisava de alguém pra conversar.

Depois de muito diálogo com Sana. E pensar na melhor forma de não cometer um crime. Um texto foi mandado a Jinyoung dando um fim naquele relacionamento de fachada.

Momo era lésbica, não fazia sentido ela continuar com um homem. Nada daquilo fazia sentido.

Mas mesmo assim, Jihyo não gostou de saber que terminaram. Muitas pessoas não gostaram de saber do término.

Quando foi que terminar um relacionamento passou a causar tanta dor de cabeça?

Mas ela sentia que poderia aguentar sua ex-sogra — se é que existe isso — surtando no seu ouvido se fosse para finalmente ficar com o, até então, “amor de sua vida”.

Jihyo era a luz que Momo mais precisava naquele momento, suas conversas conseguiam sempre deixar Momo com um sorriso no rosto e vermelha de tão tímida.

A japonesa estava envolvida em uma teia de incertezas, mas seu coração começou a arder em esperança. Nos gestos sutis de Jihyo e nas entrelinhas das conversas, ela percebeu sinais de um futuro em comum. Esses momentos alimentaram sua imaginação e a deixaram com a sensação de que, talvez, finalmente tivesse encontrado seu lugar no mundo.

Momo estava confiante de que seria rapidamente pedida em namoro. Ela descobriu que Jihyo estava transmitindo essa intenção enquanto conversava com amigos sobre o início de um relacionamento. Momo era consciente de que tudo isso pertencia a ela. Parecia que todos à sua volta compartilhavam essa opinião.

No entanto, parecia que tudo aquilo iria se desmoronar diante seus olhos.

Uma onda de tristeza a atingiu em cheio quando Momo viu Jihyo e Jeongyeon aos beijos no vestiário da faculdade, deixando seu coração pesado e os olhos marejados de lágrimas. E ao escutar que Jihyo jamais ficaria com ela, Momo só conseguia chorar.

Hirai não tinha ideia de como reagir após esse ocorrido. A Jihyo havia alimentado suas esperanças para depois descartá-las. Apesar de ainda não terem nada definido, Momo se sentiu despedaçada e inútil devido ao enorme peso da quebra de espectativa que ela havia depositado na coreana.

No fim das contas, doía.

Doía se sacrificar tanto por alguém que não te amava da mesma forma que você amava ela.

Doía ser a segunda opção.

Doía se sentir insuficiente.

Insuficiente • MohyoOnde histórias criam vida. Descubra agora