8.

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°• Twilight Sparkle •°


— Twilight!

Aos poucos vou me despertando do sono profundo ao ouvir aquela voz abafada e distante me chamando. Ainda desnorteada, sinto mãos grandes segurando levemente meus braços, me balançando de um lado para o outro. Nem ao menos levanto minhas pálpebras, ainda sentindo uma grande dificuldade de acordar completamente.

— Twilight? Amor, acorda. Já é de manhã.

Tento me virar para cima, mas me arrependo no mesmo momento que ouso me mexer, sentindo uma dor agoniante em minhas articulações a cada movimento que tento reproduzir. E, caramba! Minha cabeça começa a latejar de forma terrível, sem nem ao menos me dar um aviso prévio para isso.

— Daqui a pouco vou sair pra empresa, então trate de acordar, dorminhoca. Quero passar a manhã contigo.

Cristo! Era como se um caminhão passasse várias vezes por cima de mim durante a noite, até que meus ossos se tornassem pó. Não ajudava sentir aquelas mãos pesadas em mim, me forçando acordar; Só piorava, na verdade.

Por isso odeio dormir mal resolvida com alguém ou comigo mesma, ainda mais quando deixo as paranoias e inseguranças venceram minha mente. Eu acordava como se estivesse doente. Era sempre assim. Não estar bem emocionalmente afeta em tudo no dia a dia, incluindo o físico. E eu odeio que isso seja um fato.

Sem contar que também tinha dormido em um lugar impróprio. O sofá daqui de casa é tão duro e pequeno. Não me cabia, não me dava conforto. Claro que iria acordar em um péssimo estado.

Finalmente tenho capacidade – e vontade – de abrir meus olhos, me deparando com o rosto do meu namorado me observando com ternura. Tinha um sorriso vivido no seu rosto, e eu logo senti o cheiro maravilhoso de bolo vagando pelo o ar. Minha barriga roncou alto, e ele deu uma risadinha ao ouvir.

Eu até poderia sorrir de volta, mas as memórias da noite passada invadiram minha mente como um tsunami. Um bem violento tsunami, inclusive.

Idiota.

Não, a mais idiota aqui sou eu.

Minha raiva não sumiu completamente, e mesmo assim eu ainda não conseguia manter uma pose firme de alguém que se machucou por tudo o que ele fez. Ele conseguia me fazer relevar todas as coisas horríveis que me falou, e todas as ações ridículas que fez. Como eu poderia não relevar? Olha só o jeito que ele me olha, o jeito que sorri para mim.

Eu solto um suspiro. Acredito que a bebida deve ter apagado suas memórias para ele estar tão tranquilo. Agindo como se tudo estivesse bem.

Como eu odeio esses momentos.

— Bom dia, querida. A mesa já está pronta, me acompanha?

Vejo ele se levantar, escapando da minha visão ao caminhar para a mesa de jantar que fica entre a cozinha e a sala de estar. Ele não me dá chances de responder. Parece que tem mania de fazer isso.

Eu ergo meu corpo para ficar sentada. Fecho meus olhos mais uma vez, precisando contar até dez mentalmente para me acalmar. Queria estar tranquila para aguentar esta manhã, pois teria que me segurar muito para não xingá-lo pela confusão incoerente de ontem. Não estou nem um pouco a fim de mais uma confusão.

Sinto meus pés tocarem o chão gelado, me causando calafrios. Eu procuro com os olhos minha sandália, mas ao invés dela encontro minhas pantufas de dragão. O Spike adorava brincar com elas, ao ponto de que quase rasgou várias vezes, mas o tecido e a costura aguentaram as presas pontudas dele.

Que saudades daquela bolinha de energia sem fim.

— Peguei suas pantufas já que você gosta de usar elas em casa. — escuto Flash falando, mas não faço questão de me virar para olhá-lo.

As Ex-Namoradas de Flash Sentry - SunlightOnde histórias criam vida. Descubra agora