Eu costumo pensar que tudo tem seu devido tempo, mesmo que demore.
Mas por que esse tempo tem de ser tão lento? Principalmente quando se trata de esquecer alguém.
Eu estava usando o casaco que lhe emprestei quando você estava com frio. Só que aquele casaco não tinha mais o seu cheiro, assim como todas as outras roupas do meu armário.
Eu me lembro dos seus abraços aconchegantes e como me sentia no céu quando estava com você. Seus cafunés, quando você passava suas mãos gélidas em meu queixo. Até o apelido que você me deu parecia ser único. O que eu sou para você? O que houve com esse sentimento?
Perguntas nunca respondidas ou compreendidas.
Foram apenas quatro semanas de amor. Um amor intenso que parecia nunca ter fim. E a praia deixava tudo mais interessante. Eu me lembro vagamente daquele verão: as promessas, os beijos doces como mel, seus cabelos vermelhos como sangue ao vento. E até suas piadas pareciam engraçadas, contadas de maneira sutil e levemente preconceituosas, mas sempre me arrancavam boas e sinceras risadas.
Ah... tempos dourados.
Recordo-me dos nossos nomes escritos grosseiramente na areia. E com sua voz doce e calma, você perguntou:
— Dormiu bem? Sonhou comigo? — disse, dando uma risadinha gostosa.
Ainda não sabia se estava acordada ou não. Apenas assenti com a cabeça, afirmando que sim.
— Foi com a nossa lua de mel, não é? Anseio lhe ter em meus braços.
Dei um sorriso semi-cerrado e fechei os olhos. Encostada em seu ombro, a brisa cochichava em meus ouvidos as melhores cantigas de amor, e o instrumental perfeito era o barulho das ondas, que dançavam e rodopiavam. Tudo parecia tão vivo, tão colorido, tão prazeroso! Sentia-me até precipitada, pois só tínhamos apenas quatro semanas de amor... Um mês parece não ser muita coisa, mas, quando você sabe que talvez seja a pessoa certa, você se apega, se apaixona. Eu não era mais ninguém sem aquele garoto. Depositar sua felicidade em outra pessoa parece ser a melhor coisa do mundo. É? De fato, foi no começo.
Nesse meio tempo, descobri muitas coisas sobre ele: o seu chocolate preferido, seu desenho animado favorito, sua forma bruta de demonstrar afeto. Mas nada parecia um defeito. Tudo era compatível e até... fofo. Nossas conversas duravam horas, mas os ponteiros do relógio corriam bem mais rápido, propositalmente.
***
Seus lábios encostavam nos meus de forma tão delicada, tão singela, tão verdadeira. Aquele beijo me levava a lugares mágicos, muito além da minha imaginação. Onde, sim, eu era a princesa e ele o príncipe vindo me resgatar da torre mais alta. A "eu" de onze anos atrás iria achar isso mágico. Então, eu me perguntava novamente se aquilo realmente estava acontecendo. Será que eu estava me entregando demais? Se entregar pro amor nunca será demais, mesmo que doa no final. Nunca disse o "eu te amo" por medo de não ser compreendida. Afinal, eram quatro semanas de amor... Repetir isso não me deixava contente. Me fazia parecer boba, acanhada, precipitada, intensa demais. Eu tinha medo de assustá-lo por causa disso. Mas acho que uma garota de quinze anos não poderia ser diferente.
A adolescência é apenas uma fase horripilante das nossas vidas, onde tudo é vivido com uma intensidade exageradamente tosca! Ou você sente demais ou sente de menos.
Fase desnecessária. Totalmente desnecessária.
***
Mar traiçoeiro. Apagou nossos nomes escritos na areia. A onda não levou somente nossos nomes. Apagou lembranças, apagou sentimentos, me apagou. Ele me disse:
— Desculpa, mas isso não é para mim. — E simplesmente se foi. Tentar ser menos intensa não iria ajudar em absolutamente nada naquele momento. Eu estava sozinha. Aquele verão maravilhoso e colorido havia se transformado num outono frio e sem cor. Sua voz ecoava em minha cabeça, sua risada principalmente. Nossas fotos se esvaíam ao vento enquanto minhas lágrimas molhavam a areia que já estava fria.
O que havia acontecido com nossas promessas?
Nossos doces beijos...
Todos os carinhos...
Todas as vezes que você passava a mão em meu rosto e ele se corava...
Eu nunca iria me esquecer de você. Meu amor de verão. Minhas quatro semanas de amor.
No outro dia, o vi e éramos completamente estranhos. Não nos cumprimentamos com aquele abraço apertado. E eu o vi partir, sem nunca olhar para trás.
Fim.
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Quatro Semanas de Amor
Short StoryEm "Quatro Semanas de Amor", uma jovem reflete sobre um romance de verão que transformou sua vida em um breve, mas inesquecível, período. Entre abraços aconchegantes, beijos doces e promessas sussurradas à beira-mar, ela viveu um amor tão intenso qu...