O fantasma dos olhos de sangue

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Eu nasci em um clã amaldiçoado.

Sob a sombra de uma maldição ancestral, meus primeiros suspiros ecoaram em um mundo hostil. Desde o berço, a guerra era o que movia meu povo, tecendo uma teia de sofrimento que moldava minha existência.

O que é poder?

Para nós, os Demônios Carmesim, a força não reside somente em treinamento fisico e mental. O poder reside na dor, na capacidade de suportar o insuportável, de transformar o sofrimento em brasas incandescentes que alimentam nossa essência.

Quanto mais profunda, dolorosa, perturbadora e desesperada for a dor de um Demônio Carmesim, mais forte ele se torna.

E ninguém jamais provou a amargura da dor como eu. Meus tormentos transcendem a carne e a alma, tecendo uma sinfonia de agonia que ecoa em cada fibra do meu ser.

Mas a dor não me define.

Ela é apenas um instrumento, um catalisador que me molda e me fortalece. Através do sofrimento, transcendo os limites da mortalidade, ascendendo a um plano superior de compreensão da vida.

Sou um Demônio Carmesim.

A dor destrói para poder reconstruir, acredite eu entendo a sua insignificância, mesmo com esses olhos, também já fui cego como você.

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Somos um clã de mercenários.

Não somos servos de nenhum reino, mas sim senhores de nosso próprio destino. A guerra é nossa arte, o campo de batalha nosso palco. Lutamos para o mais alto lance, nossos serviços cotados a um preço que faz tremer os bolsos de reis e imperadores.

Um único Demônio Carmesim vale um pequeno exército.

Nossa força reside não no número, mas na fúria indomável que corre em nossas veias. Em meio ao caos da batalha, somos tempestades de aço e fogo, dizimando inimigos como se fossem folhas ao vento.

Alguns ousam pagar uma fortuna para presenciar nosso poder em ação.

Todo o clã mobilizado, uma força avassaladora que varre o campo de batalha sem deixar sobreviventes. E em meio a essa carnificina, eu, Samael, me ergo como um titã, general dos Demônios Carmesim, temido por todos que ousam enfrentar o clã dos olhos de sangue.

 E em meio a essa carnificina, eu, Samael, me ergo como um titã, general dos Demônios Carmesim, temido por todos que ousam enfrentar o clã dos olhos de sangue

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Mas o que você vê não é tudo.

Por trás da armadura implacável e do olhar gélido, há um coração que pulsa com a dor e a perda. Cada batalha é um lembrete do preço que pagamos por nosso poder, um tributo de sangue e lágrimas que nos torna mais fortes, mais implacáveis.

Sou Samael, o General dos Demônios Carmesim.

E o terror que inspiro nos olhos dos meus inimigos é apenas um pálido reflexo da fúria que queima em meu interior.

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Nascido em chamas, forjado no aço.

A guerra foi minha babá, o campo de batalha meu berço. Desde os meus sete anos, minhas memórias se entrelaçam com o rugido das batalhas e o cheiro acre do sangue. Éramos 5 irmãos, outrora uma irmandade implacável. Mas a guerra, essa besta voraz, ceifou a vida de três deles antes que eu completasse dez anos.

Caídos em combate, vítimas da fúria da guerra.

Contrapostos às hordas demoníacas dos Carmesim, esses mercenários eram marionetes nas mãos de reinos rivais, jogados na arena da guerra para saciar a ambição de seus senhores. Meus irmãos, escudos implacáveis contra a escuridão, tombaram um a um, seus corpos tombados testemunhas silenciosas da brutalidade do conflito.

Inari, meu irmão mais velho, era um farol incandescente no campo de batalha. Um gênio do combate, capaz de transformar a dança da morte em uma sinfonia de aço e fúria. Sua bravura inspirava os Demônios Carmesim, e a profecia sussurrava que ele seria o futuro general do nosso exército, um líder que guiaria nosso clã à vitória final.

Eu era seu maior fã, seu aprendiz mais devotado.

Observava cada movimento seu com admiração, absorvendo cada lição como uma esponja. Ele não era apenas meu irmão, mas meu mentor, meu herói. E quando a tragédia nos atingiu, quando a guerra ceifou sua vida em um instante cruel, Agnitra, membro dos Eremitas do vale Boreal foi seu fim, o mundo desmoronou ao meu redor.

Inari, o Sol que iluminava meu caminho, se apagou.

A Dor que Forjou um Carrasco.

A dor é a brasa que incendeia a alma de um Demônio Carmesim, moldando-a em um instrumento de guerra implacável. E quando a dor se torna a perda do único laço de sangue, a fúria que brota do coração é incomensurável.

Meu irmão, meu mentor, meu único familiar, sucumbiu à guerra.

Em seus últimos momentos, um pedido final ecoou em meus ouvidos: a transferência de seus olhos de sangue, imbuídos de um poder ancestral que transcendia a mortalidade. Através do transplante, seu legado se entrelaçou com o meu, concedendo-me a habilidade máxima do nosso clã: o Mangekyou Eterno.

Com esse poder, a dor se transformou em vingança.

Cada batalha era um ritual sangrento, um tributo à memória do meu irmão. Minha fúria se manifestava em rajadas de chamas escarlates, incinerando meus inimigos sem piedade. A cada vida ceifada, meu nome se tornava um sussurro temido: o Fantasma dos olhos de sangue.

Ganhando fama por centenas de vezes, ser o único vivo de pé em meio a um campo de batalha com antes centenas ou até milhares de combatentes

Ganhando fama por centenas de vezes, ser o único vivo de pé em meio a um campo de batalha com antes centenas ou até milhares de combatentes

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Mas o Mangekyou Eterno era mais do que um instrumento de morte.

Era um portal para a alma do meu irmão, um lembrete constante da dor que me consumia. Os rios e poças de sangue dos campos de batalha refletiam os olhos de meu irmão e isso se tornou meu tormento, uma lembrança constante da minha incapacidade passada.

Poder é o que mais importa, através do poder se consegue absolutamente tudo.

Um símbolo do terror que a guerra inflige, um monstro nascido da dor e da perda. Mas em meio à fúria, uma chama de esperança ainda ardia. A esperança de encontrar a paz, de honrar a memória do meu irmão de uma forma que não fosse através da violência.

Ao contrário do que se espera na grande parte dos conflitos, a paz veio junto de minha derrota completa.

Pelo meu melhor amigo.

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