Fazia tempo que não te via ou tinha notícias suas e então te encontrei num barzinho qualquer em um lugar qualquer, você entrou pela porta acompanhado de uma linda mulher, na mesma hora que te vi minha respiração deu uma falhada, você parecia feliz e que estava tento uma boa companhia, isso explica tudo você está em um relacionamento e por isso deu uma sumida, provavelmente ela é do tipo controladora. Segui vocês com o olhar até se sentarem em um lugar e quatro mesas de distância de mim.
Tudo o que eu pensava que tinha controlado tanto veio à tona, a vontade de ir até lá e falar algumas coisas, mas eu não tinha esse direito, afinal nós não tínhamos um relacionamento, era apenas algo que ambos não sabiam explicar. Você estava lindo com aquela camisa rosa e um blazer por cima, eu sempre disse que o rosa ficava lindo em você, uma barba por fazer que dava um charme absurdo, pedi uma dose de whisky e tomei na mesma hora, queria afastar os pensamentos que estava rondando minha cabeça de da hora em que te vi pisando nesse lugar.
Me levantei e fui para fora tomar um ar, o tempo estava aquele friozinho bem agradável, estava falando no celular encostada de lado na parede quando um sobro quente passou pelo meu pescoço eu só tirei o celular da orelha e desliguei, foi tão automático que nem percebi que desliguei na cara da pessoa do outro lado, já sabia quem era antes mesmo de me virar, o seu cheiro entrou pelo meu nariz como se fosse apenas parte do lugar, como se já estivesse impregnado ali, vc sussurrou apenas um "oi" e foi o suficiente pro meu coração errar uma batida, eu respondi sem me virar, era incrível como seu corpo emanava um calor natural.
- Olha pra mim. - Você disse outra vez no meu ouvido, respirei fundo e me virei. - Olá você!
- Olá você! - Você ainda lembra o jeito que te cumprimentava? - Pensei que nunca mais fosse te ver outra vez.
- E porque acha isso?
- Não sei, talvez pelo fato de ter simplicidade ido embora sem pelo menos se despedir? - Você se afastou um pouco. - Quanto tempo faz? Anos, meses?
- Faz um ano e sete meses. - Não consegui conter uma pequena risada sarcástica. - Me desculpa por aquilo.
- Eu sei que não tínhamos nada e não é da minha conta, mas não muito tempo antes de sumir não sei se lembra você tinha me perguntado se eu planejava ir embora e eu falei que não, que eu não pretendia ir a lugar nenhum e logo depois você virou apenas uma memória minha. - Me virei de costas - Aquilo me magoou sabia? Sabia o quanto era deprimente esperar pra vê se aparecia outra vez? Eu demorei pra aceitar, você nunca ...
- Eu nunca o que ? - Ouvi seus passos se aproximando de mim. - Eu quero saber.
- Para que exatamente? Até onde sei você está acompanhado e ela está lá dentro te esperando.
- Pensei que não fosse uma pessoa ciumenta.
- E quem te disse que é ciúmes? Estou com raiva de você.
- Raiva? Eu vou te deixar sozinha então, mas só pra você saber, ela é minha prima e só estamos esperando os outros chegarem. - Você se aproximou mas de mim, fechei os olhos e senti um beijo na minha bochecha, fiquei imóvel e quando me virei já estava dentro, olhei pelo vidro e te vi chegando a mesa onde se encontravam mais duas pessoas sentadas, você se sentou sorrindo e nossos olhares se encontraram, uma piscada com o olho direito e um sorriso de lado fez meu coração bater mais rápido, você se foi mais o seu cheiro ficou ali me fazendo companhia um pouco mais.
Ao voltar para meu lugar conversei um pouco com a pessoa que estava comigo, era uma amiga, resolvemos de última hora sair um pouco e acabamos parando aqui para conhecer, o lugar não é ruim, muito pelo contrário é bem agradável de se estar, música ao vivo, bebidas boas e tinha alguns lanches caso alguém quisesse. Senti uma leve cutucada no meu braço.
- Oi?
- Aquele carinha não para de me olhar. - Olhei para onde ela disse, era uma mesa atrás da onde vocês estavam. - Será que devo ir lá?
- Olha se ele tiver interesse vai vim até aqui mais é com você não comigo.
- Tem razão, vou esperar. Ele é um gatinho, não acha ?
- É sim.
Vocês estavam rindo, parecia feliz, onde você esteve todo esse tempo? Porque foi embora sem se despedir? Eram tantos pensamentos que eu não tinha mais a muito tempo e o que eu não parava de me perguntar, porque você voltou ?
- Não quero mais ficar aqui. - Disse um tempo depois. - Vou embora.
- O que aconteceu? Assim de repente?
- Não estou me sentindo muito bem.
- Só me dá uns três minutos e saímos. Balancei a cabeça concordando, você pegou um guardanapo, anotou o que eu acho ser seu número de celular e levantou indo em direção ao rapaz interessante, colocou o guardanapo na frente dele e ao voltar foi parada por você, falou alguma coisa e ela te respondeu deu um sorriso e saiu, voltando pra mesa pegou a bolsa.
- Só vou até no espelho rapidinho.
- Te espero lá fora então, não demore.
Respirei fundo e me levantei.
Varri o lugar pensando em te ver mais uma vez antes de sair mais você não estava lá, seu lugar estava vazio, dei um pequeno sorriso ignorando os pensamentos e saí. Estava mais frio do lado de fora, caia uns serenos, fiquei parada ali mesmo.
- Vai pegar um resfriado desse jeito, não acha ? - Um casaco caiu sobre meus ombros.
- O que você quer? - Meus olhos tinham lágrimas antes mesmo de você chegar. - Só me deixe em paz por favor.
- Eu não posso, eu não consigo.
- Você não consegue? Ah por favor me poupe.
- Só me ouve, tá.
- Eu não posso te ouvir, eu não posso ficar aqui e te deixar falar, eu não posso mais ficar aqui na sua frente te olhando. - Você ficou parado me olhando e eu respondi a pergunta que seus olhos me perguntavam "porque?" - Porque tudo o que eu tinha conseguido reprimir dentro de mim voltou no exato momento que te vi entrando pela quela porta, a vontade de te abraçar, te sentir seu abraço, sentir seu calor aconchegante, de ficar ao seu lado e só te ouvir falar. E eu não posso. - Seus braços passaram em volta de mim, seu abraço era a mesma coisa que me lembrava, reconfortante e aconchegante. Você estava ali, estava me abraçando, eu não conseguia mais segurar, meus braços passaram entre os seus e te abracei também.
- Me desculpe ter acontecido do jeito que foi. - Eu não falei nada, só fiquei ali. - Não queria que tivesse se sentindo assim.
