Matthew
Hoje a cafeteria está mais cheia do que o costume, mas não vou reclamar, é ótimo quando temos um dia de boas vendas e clientes satisfeitos. Faz tempo que não temos dias assim.
Mas mesmo feliz, não significa que não estou cansado e quase maluco com medo de não dar conta de tudo, estou no caixa lançando todos os pedidos, e nos minutos que sobram, ajudo os outros a prepará-los. Meu avental está cheio de café, manchas marrons das mais escuras para as mais claras estão espalhadas, além das marcas da minha mão. Minhas box braids estão presas por dentro de uma touca, e particularmente apenas rezo para que não estejam bagunçadas.
-Boa tarde, qual seria o pedido? - perguntei a próxima pessoa da fila, digitando no computador, o preparando para o pedido. Olhei para a mulher à minha frente, bonita e bem arrumada, quase que um empresária por conta do blazer que usava.
As vezes esqueço que essa cafeteria é uma das melhores da cidade, mesmo que seja uma cidade pequena.
-Um café expresso e uma fatia de bolo de coco, por favor - anotei o pedido, colocando o papel no balcão, já me adiantando em pegar a fatia já cortada do bolo. O porcionamento do bolo garantia uma fatia generosa de massa branca e recheio e cobertura de um creme doce com coco ralado, as raspas de chocolate por cima deixam o toque final.
-O café já vai sair - respondi com um sorriso largo, entregando-lhe o bolo. Ela sorri de volta para mim, assentindo com a cabeça. Entrego a ela uma placa com uma numeração para levarmos seu pedido até sua mesa. Quando ela se afasta, dou-me de cara com um rapaz, esperando fazer seu pedido, quando sinto uma mão no meu ombro.
Olho para trás e vejo David, meu colega de trabalho.
- Seu celular está tocando - apontou por cima do ombro, indicando a sala onde nossos pertencer estavam guardados, incluindo meu celular. Sorriu e tapeou levemente meu ombro, como se dissesse que assumiria o caixa enquanto eu atendo a ligação. Dou um leve tapa em suas costas, como um agradecimento, logo indo até o cômodo para pegar o celular.
Quando entro, o celular não está tocando. Devia estar tocando a um bom tempo. Olho a tela e vejo uma ligação perdida da minha namorada, Emma. Meu primeiro instinto é retornar.
-Alô? - ouço sua voz assim que atende.
-Oi, princesa.
-Desculpa ligar agora, sei que está ocupado com o trabalho - a frase carregava uma pequena culpa ao ser dita, logo tomei a postura de tranquilizá-la.
-Não, de forma alguma, Emmi, não se preocupa com isso - tentei dizer com a voz mais suave que conseguia, ouvindo-a suspirar do outro lado, em seguida, ouço um riso nasal.
-Gosto quando usa esse apelido - minha vez de suspirar apaixonado.
Nos últimos meses, nosso relacionamento anda difícil, não por falta de amor e afeto, mas por distância, parecemos longe um do outro, mesmo morando na mesma casa. Emma é advogada, está sempre com a agenda cheia, quando tem folgas, nunca coincide com as minhas, e vice versa, nossos horários não se colidem e só nos resta o período da noite, quando já estamos cansados e doidos para dormir depois de um dia longo no trabalho.
Assim, toda demonstração de afeto se torna mais válida do que já é naturalmente.
-Sei que gosta - sentei-me em um dos bancos espalhados na pequena sala. - Algo especial a dizer? Você não costuma ligar a não ser que aconteça algo - sugeri. A resposta leva alguns segundos para ser dita, como se estivesse insegura do que vai dizer.

VOCÊ ESTÁ LENDO
A PROMESSA
RomancePara quem não costuma acreditar em destino. Aos 10 anos, Kaian se mudou para Auckland depois de seu pai ter recebido em proposta de emprego, deixando tudo para trás, a casa onde morava e até mesmo seu melhor amigo, Matthew, com 8 anos na época. Ante...