Caderneta da vergonha

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Seoul
7:30 AM

Uma manhã de inverno agradável, abraça minha pele, me causando arrepios pelo choque térmico ao pôr meus pés fora de casa. As nuvens densas cobrem o azul royal do céu lívido, dando um contraste obscuro, mas cheio de significados. Os flocos de neve caem delicadamente sobre as superfícies expostas, despreocupados. O movimento é baixo, pois o dia ainda nem se iniciou para muitos, por ser cedo.

Acordo no mesmo horário de sempre, mas, por incrível que pareça, antes do despertador se alarmar e me tirar dos meus melhores, ou piores, sonhos noturnos. Me dirijo ao banheiro, que fica ao lado do meu quarto.

Moro sozinha, não por falta de alguém para dividir a moradia e sim, porque quero. Gosto de morar sozinha, no meu lugar. Às vezes, sinto a solidão bater em minha porta, para me deixar para baixo, mas, esqueço de sua existência quando me entretenho em algum passatempo casual. Meus amigos moram há algumas quadras daqui, mas, tem a famosa questão: Quem vai ter a plena coragem de sair de casa em um dia de friozinho gostoso como esse, só para me ver? Eu que não. Já estou planejando o que vou fazer quando chegar do trabalho. Tipo, tomar chocolate quente, toda enroladinha por cobertores macios no sofá, enquanto assisto alguma série, vestida numa camisa larga e grande, com apenas uma calcinha por baixo, usando meias fofinhas, ou pantufas. Se tiver aquela chuvinha de madrugada, melhor ainda, vou dormir até cansar, já que amanhã é meu dia de folga. Olha só, perfeito! Se sair como estou imaginando, acho que vou pedir demissão só para poder curtir mais um pouco dessa vida boa. Mas, tenho que trabalhar para me manter, infelizmente não sou burguesa. Maldita falta de grana que não larga de mim. Não sou pobre, mas também não tenho bastante dinheiro, eu diria mediana.

Tiro minhas vestes, as colocando sobre o mármore da pia do banheiro, logo entro no box para tomar aquele banho quentinho dos deuses. Assim que concluo a ducha matinal, faço a higiene básica e rotineira. Com uma toalha em volta de meu corpo, volto ao quarto, escolho uma roupa confortável e ao mesmo tempo formal: uma camisa cinza e um jeans preto cintura alta meio colado ao corpo. Faço um rabo de cavalo em meus fios com uma típica bandana azul. Mais alguns poucos detalhes, como um leve rímel, um all star preto cano alto, e voilá! Pronta para o trabalho.

Ao sair de casa, me deparo com o frio extremo. Droga! Não me agasalhei e corro os risco de pegar um resfriado daqueles. Volto rápido para dentro, pego um casaco grande, um pouco felpudo na beirada do capuz logo o vestindo. Onde paramos? Ah, ir para o ponto de ônibus.

Durante meu trajeto, admiro o clima de hoje. Os dias ensolarados são meus favoritos, mas, os frios e nublados, me prendem a atenção de maneira peculiar, porque na maioria das vezes, surge quando menos esperamos, cativante, eu diria. Assim que viro a esquina, quase chegando ao ponto de ônibus, vejo que o veículo já está lá, mas, por sorte, não é o meu. Continuo até um banco amarelo que fica pertinho dali. Retiro o celular do bolso do casaco, quando o visor liga, percebo que recebi mensagens da Lisa. Lisa é minha melhor amiga, colega de trabalho e minha suprema empatafoda, literalmente. Sei que ela não faz isso de forma proposital, principalmente por causa de uma ideia mixuruca de arranjar um namorado para mim. Como se eu precisasse.

Rio ao ler mentalmente as maluquices escritas pela mesma. Rio com respeito, é claro, não quero dar uma de hiena selvagem em público. Não é o meu feitio.

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Adivinha quem apareceu na cafeteria ontem a noite.

Cerejinha

*consultando minha bola de cristal*

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