No final do mês de outubro, à noite estava incomumente fria. Na pequena cidade onde moro, o único colégio responsável pelo ensino de segundo grau organizou uma noite de cinema. Levantado o resultado das votações, elegeu-se "Ilha do Medo", um clássico thriller de 2010, protagonizado por Leonardo DiCaprio.
Enquanto o carro desliza pelas ruas em direção ao teatro, que é igualmente pequeno, onde o filme escolhido será exibido, uma sensação de inquietude se instala dentro de mim.
Em um gesto quase automático, minhas mãos buscam o tecido do vestido, tentando esticá-lo como se pudesse magicamente aumentar seu comprimento. O vestido permanece curto, delineando as curvas do meu corpo. Suspirando, minhas mãos deslizam suavemente pelas minhas coxas, em uma tentativa de acalmar o desconforto persistente.
Meu pai estava no volante, inexpressivo, ao passo que o garoto que eu estava a fim ocupava o assento do passageiro. Minha atenção alternava entre os dois no banco de trás. O constrangimento se espalhava pelo ar, me forçando a prender a respiração. O silêncio apunhalava meus ouvidos.
Quando finalmente alcançamos nosso destino, percebo o quão sem fôlego estou, mas mantenho minha compostura, pois parece que sou a única a sentir isso.
- Quanto tempo dura o filme? - Meu pai quebra o silêncio.
- Um pouco mais de duas horas, pai. Eu posso te ligar... - Antes que eu possa terminar minha oferta, ele sai apressadamente.
- Seu pai vai estar aqui antes do filme terminar. - Meu acompanhante debocha.
Vinícius, um garoto não muito mais alto do que eu, de cabelos castanhos escorridos e olhos verdes intensos permanecia diante de mim. A lembrança deste fato me faz ficar inquieta novamente. Seu corpo era notavelmente magro, mas não havia traços de definição muscular.
- Esses foram os minutos mais assustadores da minha vida - murmurei.
- Não é pra tanto, ele só estava com ciúmes. - Respondeu, tentando minimizar o que se passou.
Do lado de fora, o teatro brilha luzes vibrantes, passando uma imagem convidativa para uma noite de entretenimento. O ambiente está cheio de vida, com risadas e murmúrios incompreensíveis dos alunos ecoando pela rua.
Ao lado, um pouco distante, contrastando com a animação, encontra-se uma antiga construção abandonada, que deveria ter sido inicialmente um teatro. Suas paredes desgastadas nunca encontraram glória, envolto de uma aura sinistra e gótica.
Boatos dizem que a construção destes dois teatros se originou da competição entre dois irmãos, onde, de forma clichê, resultou em um deles matando o outro com arma branca, possuído pelo espírito da soberba. Conta-se que a alma vingativa do irmão assassinado assombra o lugar, e realiza o mesmo ato com os curiosos.
- Vamos entrar - Vinícius diz, tirando-me do devaneio - Talvez ainda há lugares disponíveis. Se seu pai não chegar, podemos explorar o outro teatro. - Ele esboça um sorriso cúmplice.
- Sim, seria bom... - é irracional a forma como fico ridiculamente tímida.
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O TEATRO
Teen FictionSINOPSE: No teatro, a escola local organizou uma noite de filme para seus estudantes. Uma garota convida seu pretendente para acompanhá-la. A inquietude de seus sentimentos a direcionam para atitudes impensáveis. Se enganando com a indiferença do ga...