Nova York.

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Athena.

Encaro a janela do meu jatinho enquanto mordo os cantos das minhas unhas, minha ansiedade estava atacada, eu precisava sair logo desse lugar.

Puxo o zíper da blusa para baixo e prendo meu cabelo no alto, o que estou fazendo da minha vida? Sou milionária, tenho uma linda empresa de balé, sou uma estilista renomada… Preciso mesmo assumir a empresa da família? Eu não me importo de ser deserdada.

Viro meu rosto, vendo minha pequenina filha brincando com sua bola de basquete, enquanto meu noivo a admira. A cena me tira um leve sorriso, independente da saia de tutu e das sapatilhas de balé, ela nunca larga essa bola de basquete, minha pequena molequinha.

— Para de pensar — minha amiga chama minha atenção — você pensa demais, só vive…

— Falar é fácil — solto um suspiro coçando meus olhos — isso ainda me atormenta.

— 4 anos já se passaram — Islã fala descontraída — ninguém mais lembra, apenas você, vai viver mulher, todo mundo já foi corno um dia.

— Islã — Apolo a repreende — não liga para ela, amor.

— Minha amiga é uma sem noção — digo jogando um pedaço de pão que estava na minha frente.

— Sou realista, thenathena — a ruiva fala rindo enquanto puxa Cecília para seu colo e a abraça.

Solto um suspiro quando Apolo me abraça de lado. Ele era meu ponto de equilíbrio, minha sanidade, ele me motiva diariamente a não me internar em um hospício.

— Senhores passageiros, por gentileza se mantenha em suas poltronas, pois já estamos aterrizando.

— IP — Cecilia solta uma gargalhada gostosa encarando Nova York pela pequena janela do jatinho particular.

Nego com a cabeça, com o coração pequenino, minha filha só tem 4 anos, não imagina o que a espera, eu tenho medo dela me odiar quando descobrir que a vida dela é uma verdadeira farsa.

— Sua cabeça vai explodir — meu noivo sussurra no meu ouvido — tudo vai ficar bem, eu prometo.

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— Vovô — Cecilia grita saindo do carro — saudade.

Após 10h e voo e ainda 3h do aeroporto particular até a casa da minha família, eu estava quebrada, só precisava de um banho e uma bela cama com plumas de ganço.

— Se depender da sua mãe, a gente nunca mais ia se ver — mamãe fala toda dramática abraçando minha filha.

— Da sua casa até a minha e a mesma distância, mamãe — digo, beijando sua cabeça — Cadê o papai.

— Na empresa — disse abraçando Apolo e isla — vamos encontrar eles na festa de Boas-vindas.

— Festa? — Isla pergunta confusa — e ninguém me contou? Preciso de uma roupa urgente.

Dona Melina me encara receosa e eu suspiro, me afastando, papai e suas manias de fazer festas sem motivo, apenas para chamar aqueles da alta sociedade e esbanjar seu dinheiro e sua família perfeita.

— Vai ser apenas por alguns meses, filha — mamãe fala me seguindo pelo hall de entrada da mansão — apenas aproveite, encare isso como umas férias.

— Ferias amaldiçoadas só se for — comento me afastando — eu poderia ter ido para a Grécia no seu lugar, não sei o que estou fazendo aqui.

Nasci e morei por 19 anos em Atenas, na Grécia. Minha família fundou o seu império por lá, nossa principal filial continua lá, sendo comandada por meus parentes de confiança. Quando resolvi fugir da minha terra natal, meus pais e alguns sócios resolveram investir em novos lugares, o que nos trouxe até Nova York, a segunda maior filial está aqui.

— Você sabe que seu pai confia em você para ficar em seu lugar por aqui — mamãe fala seguindo Cecilia que queria mexer em tudo — logo voltamos e assim você pode se esconder outra vez… me desculpa.

Melinda às vezes não media o peso de suas palavras…

— Vá descansar um pouco, meu bem — apolo fala me abraçando — cuido da nossa pequena.

Concordo, subindo as escadas, encaro minha mão esquerda e vejo o lindo anel de noivado que ganhei de Apolo Athanasiou, meu melhor amigo e agora meu noivo e pai da Cecilia, tudo do jeito que planejei, nada saiu do nosso roteiro.

Entro na suíte que espero que seja meu quarto, nunca vim à mansão da família ou ao menos em Nova York, era apenas da Grecia a Suíça e da Suíça a Grecia. Há quase 5 anos que meus pais se mudaram para cá, nunca vim visitá-los, até porque é a mesma distância.

— O que estou fazendo — encaro meu reflexo no espelho — eu não sou tão fraca assim.

— Você está bem? — Apolo me assusta entrando no quarto com nossas malas — parece que está definhando Athena.

Sim, a sós, Apolo não me chamava de nomes carinhosos ou era amoroso comigo como um noivo tem que ser com sua amada. Em quatro paredes, éramos apenas melhores amigos, não precisava continuar com a farsa enquanto estávamos sozinhos ou com Islã.

— Estou ótima — minto enquanto ajudo ele a desfazer as malas — vai ser apenas por alguns meses.

— Se a gente continuar assim, ninguém vai descobrir — segurou meu rosto — nossa mentira está camuflada. 

Sorrio e Apolo beija minha cabeça me dando um sorriso confortável. 

Nosso segredo está mesmo seguro? Em poucos meses irei embora, tudo voltará ao seu lugar de origem e eu não terei que me preocupar com mais nada.

— Papai — minha bailarina entra saltitante no quarto com uma roupa de balé em suas mãos — posso ir com essa roupinha lindinha para a festa? 

— Filha, é melhor outra — digo vendo que Apolo ia permitir que ela saísse de tutu em uma pista de carro — vamos procurar uma mais quentinha? 

Sim, meu pai iria fazer uma festa de despedida/boas-vindas em uma pista de carros, somos apaixonados por corridas e eu sentia falta disso. A adrenalina havia saído do meu corpo assim que Cecília nasceu, eu precisava me por perigo para voltar aos velhos tempos.

— Sua mãe está certa, filha — meu noivo pega nossa pequena no colo e sai falando baixinho, mas escuto — Pode ir de tutu, filha, papai conversará com a mamãe.

Nego rindo e me jogo na cama, eu precisava reagir para a vida, credo, sou poderosa e estou aqui sofrendo por um passado meio merda, que só eu sei e ainda lembro, preciso parar com isso, preciso viver o presente.

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⏰ Última atualização: Jun 08 ⏰

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O Rosto Do Meu PesadeloOnde histórias criam vida. Descubra agora