a marca da comédia (Cancelada Porque Autor Ficou Com Preguiça)

Murder (editado)

Desenho da capa feito por Rahafwabas

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Nightmare é realmente um psicótico. Quando o conheci, estava na pior. Eu tinha acabado de matar todos da minha linha do tempo, as alucinações invadiam minha mente enquanto eu chorava e tremia no canteiro de flores onde o rei Asgore costumava a ficar, até que Nightmare apareceu. Aquele merda estava esperando eu entrar em uma crise para agir, ele me fez uma proposta; matar sem consequência, mas em troca, eu teria que permanecer ao seu lado o resto da minha vida. Eu aceitei, chorando, sem saber o que fazer. Uma coisa que não sabia, era que Nightmare era esperto o suficiente para colocar uma marca em minha alma.
Cara coisa errada que eu fazia, mínima que fosse, a marca contaminava minha alma e lentamente me mataria.
Eu fui o primeiro a entrar nesse jogo doentio, Murder veio logo depois. No começo, achei que nos entenderiamos, já que nossas AUs são parecidas e passamos por situações semelhantes, mas não! Murder me odiava. Não faço a menor ideia se Nightmare falou algo para ele, mas Murder não me tratou bem no começo.

Admito que também não fui a pessoa mais simpática, constantemente fiz piadas sobre as merdas que aconteceram com ele, sobre seu vício em cigarros e suas alucinações, então isso só alimentou seu ódio contra mim. Mas um dia, Nightmare mandou nós dois para uma missão em dupla (algo que ele fez de propósito). Nós estávamos andando, a missão foi concluída e nós não trocamos uma palavra enquanto estávamos trabalhando. Murder estava com um cigarro na boca e mãos dentro de seus bolsos, um rosto rabugento era possível ser notado abaixo de seu capuz. Estávamos ambos sujos de sangue e poeira, ele olhou pra mim com puro desgosto antes de dizer:

- Finalmente você fez algo que preste. - Fumaça saiu de seus dentes enquanto ele me encarava. Insultos eram comuns, mas eu já tinha ficado de saco cheio disso.

- Cara qual seu problema? Já fizemos o que tínhamos que fazer, não pode tornar as coisas mais fáceis para nós dois e calar a merda da sua boca? Eu também não queria estar aqui, principalmente com alguém como você. - Eu falei com firmeza em minha voz, pude ver aqueles olhos, aqueles malditos olhos bicolores me olhando como se quisessem me ver morto.

- Tá. - Murder deu mais uma tragada em seu cigarro e cuspiu a fumaça em meu rosto. Eu o encarei antes de dar um soco em seu rosto, não aguentava mais esse tipo de coisa, ele me tratava mal e ficava irritado quando eu retribuía na mesma moeda. Ele me tocou sua bochecha antes de se jogar em cima de mim, eu não lembro de muito da briga, mas depois dela, estávamos ambos sujos de sangue e machucados, ele tinha o crânio rachado e eu tinha sangue manchando meus dentes. Ambos nós estávamos deitados a baixo de uma árvore, ofegantes e cansados.

- Por que você me trata assim?! Qual seu maldito problema?! - Eu exclamei, me sentando e o olhando.

- Porque você é um idiota. Matou todo mundo de seu universo sem um pingo de culpa, você não fica triste com isso, você se gaba disso. Você é um esqueleto de merda. - Murder tirou o capuz de seu rosto. - Você não sente culpa?! Matou o próprio irmão e não tem um pingo de remorso.

- Claro que eu sinto culpa, o que te faz pensar que eu não sinto? Acha mesmo que eu vou ficar me remoendo por isso?! Já passou, o que tá feito, tá feito, eu não posso fazer nada sobre o passado! - Eu exclamei, minhas mãos instantaneamente agarraram o pescoço de Murder, o suficiente para o machucar. As mãos dele se prenderam as minhas, senti as suas luvas fofas tentando fazer minhas mãos o soltarem. - Só porque eu não fico chorando que nem um bebê, igualzinho você faz, não significa que eu não me arrependa!

- E-então por que você se juntou a Nightmare?!

- Porque eu não tive escolha! Você teve escolha?! Não! - Eu afrouxei o meu aperto, Murder parecia estar menos irritado. - Eu só quero fazer isso ser mais fácil pra mim e pra você. Eu também não te suporto.

- Ah agora você quer fazer isso ser mais fácil pra a gente?! Você fica fazendo piadas sobre meus problemas, falando coisas terríveis e agora você quer fazer isso ser mais fácil pra mim e pra você?! - Eu o soltei e sai de cima dele, me sentando ao seu lado enquanto limpava o sangue de minhas feridas. Ele tinha um ótimo ponto.

- Você só não quer admitir que é tão podre quanto eu.

Eu não tenho mais memória do que ele falou para mim, acho que ele me apagou ou algo assim, porque eu só lembro de acordar na minha cama todo enfaixado com ele dormindo ao meu lado. Também me recordo que eu tinha empurrado Murder da cama e começamos a discutir um com o outro. Felizmente, não tinha virado nada físico.

Mas depois daquele dia... Ele mudou... Eu não sei explicar o motivo dele fazer isso, porque não faço ideia, mas Murder o fez mesmo assim. Começou de uma forma sutil, ele começou a maneira nos insultos e a não me ofender ou me encarar feio o tempo todo, depois foi escalando... Murder começou a ser cordial comigo, nós começamos a conversar em missões e até nos nossos aposentos. Como disse no início, temos muita coisa em comum com nossas AUs e o motivo dele me odiar tanto era a merda do Nightmare. Ele é um idiota, começou a contar coisas ruins de mim para Murder e envenenar a cabeça dele com nada além de mentiras vazias. Quando percebeu isso, Murder se desculpou comigo e nós apenas ficamos cada vez mais próximos.

Eu já tive diversos episódios com ele, com alucinações, lembranças ruins e ele sempre esteve lá comigo. Também ocorria o contrário, sempre éramos um ombro amigo um para o outro. Sinceramente, nunca tinha esperado que de todas as pessoas, eu me daria bem logo com Murder, o cara que eu mais odiava e que mais me desprezava, acho que nunca vou entender como as coisas andam. Já tive família e amigos ao meu lado também, antes disso tudo acontecer. Esses episódios eram horríveis, mas ficar um ao lado do outro era confortante e deixava a situação melhor, mas nada disso dura.
O último dia do Murder na gangue foi horrível, ele estava deitado na cama junto comigo, se recuperando de uma crise. Seu rosto afundado no meu peito, suas falanges afiadas apertavam meu corpo como se ele não quisesse me deixar ir. Ele estava soluçando e tremendo, eu estava tentando o acalmar aos poucos.

- Você é um idiota... - Ele murmurou, seu crânio tinha uma tonalidade azul escura. Eu fiz cafuné em sua cabeça como resposta as suas ofensas sem nexo ou sentido. Ele me abraçou com mais força enquanto soluçava. - Eu... Eu não quero... Nightmare tá tão irritado conosco, ele me disse que eu deveria manter distância de você. Ele não quer que nenhum de nós sinta sentimentos positivos...

- Ele te disse isso..? - Eu suspirei pesadamente, não era algo que eu estava surpreso em ouvir.

- Ele disse que iria me matar... Killer, eu não quero... Eu não quero morrer... Eu não quero isso... - Um nó se formou em minha garganta enquanto ele falava isso. - Killer... Eu gosto muito de você, me desculpa pelas merdas que eu disse, pelas merdas que eu fiz, eu... Eu... Me desculpa...

- Shhh... Respira fundo, se acalma. Vai ficar tudo bem tá? Eu também não fui gentil com você... Já passou tudo isso... - De repente, Murder se sentou em meu colo e timidamente apertou minha camisa, parecia nervoso. Seu rosto ainda tinha a mesma colocação azul escura enquanto ele desviava o olhar... Eu não pude enviar de acariciar sua bochecha, sentindo o quão molhadas elas estavam depois de tantas lágrimas desperdiçadas.

- Isso é tão errado... Killer... Por que eu aceitei isso? Não era pra eu ter acabado assim. Ele quer me matar, eu não quero morrer! Eu... Ele... - Murder soluçou, não conseguindo formular a frase. Ele esfregou os olhos enquanto o tempo passava, durante tudo isso, eu estava ao seu lado acariciando suas costas e tentando o confortar diante dessa situação terrível. Não vou mentir, não me sentia melhor. Raiva, tristeza, mas nenhuma surpresa. Eu suspirei baixinho enquanto sentia o corpo dele ficar mole em meus braços, ele me olhou e pegou uma das minhas mãos, parecia sonolento. - você é lindo...

Eu engoli a seco, sinceramente eu iria falar algo, mas ele adormeceu antes que eu pudesse. Eu o coloquei em cima da cama e o abracei com força, não queria deixar ele ir, senti meu rosto queimar enquanto tinha Murder em meus braços. Deveria ter ficado acordado naquela noite, deveria ter ficado atento. Quando acordei, Murder não estava mais lá. Nightmare falou para todos nós que ele tinha fugido durante a noite, mas sei que ele nunca permitiria alguém sair assim.