Prólogo

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         Dezembro, 2010.

  A neve afundava sob as botas da pequena Jade McGregori. O sol atrás de si ia embora, deixando um rastro alaranjado no céu. Um sorriso puro e brilhante estava em seu rosto, a menina havia passado a tarde inteira brincando no quintal de sua nova casa. A rua estava decorada com enfeites de Natal, que era na manhã seguinte.

  Um barulho familiar invadiu seus ouvidos. Virou-se e viu um carro prata estacionado na calçada. Um homem baixo, de olhos e cabelos cor de chocolate, barba mal feita saiu do veículo. Jade correu em direção a ele e o abraçou.

–Papai, papai! Você comprou os presentes? –perguntou ela curiosa.

–Comprei, mas... –disse o pai.

–Mas o quê? –a menina indagou se soltando dos braços do homem.

–Você só pode abri-los amanhã. –completou ele rígido. –Nem antes, nem depois.

–Deixa eu ganhar antes, por favorzinho? –implorou Jade. –Mamãe não precisa saber.

–Nem pensar. Ela me mata. –o pai disse rindo. –Vem, me ajuda, preciso levar essas coisas lá pra dentro.

A filha revirou os olhos e ajudou o homem a carregar algumas sacolas do carro para casa. Eles haviam se mudado há pouco tempo e as caixas de papelão ainda estavam espalhadas por alguns cantos da residência. Jade deixou as sacolas num lugar qualquer e foi até a cozinha, onde sua mãe desencaixotava pratos e os guardava nos armários. Ela tinha cabelos curtíssimos ruivos, nariz aquilino e olhos verdes vibrantes cercados por pequenas rugas.

–Mamãe, você sabe onde estão meus pincéis? –falou Jade.

–Na gaveta do seu quarto, mas não suje nada. –advertiu a mãe.

–Pode deixar.

A menina subiu as escadas correndo e entrou na primeira porta à direita. Os últimos raios de sol iluminavam o quarto de Jade. As paredes amarelas eram cobertas com telas que havia pintado, as prateleiras brancas estavam preenchidas com pelúcias, um tapete felpudo repousava ao lado da cama com dossel. Seus dedos formigavam, ela tinha uma imagem perfeita do que queria pintar. Abriu a gaveta do criado-mudo, pegou os pincéis e as tintas, despejou-as numa paleta.

Jade foi em direção ao cavalete, este ficava perto da janela, a tela já estava pronta. Segurou o pincel com firmeza e começou a trabalhar. Aquela era a melhor sensação do mundo para ela: ser livre para criar o que fizer, da maneira que quiser e quando quiser. Pintar era para Jade algo tão natural quanto respirar, praticava desde que tinha quatro anos.

Embora fosse jovem, ela já pensava no que seria quando crescesse, a menina sonhava em ser uma artista e ter seu próprio ateliê, queria passar a vida inteira fazendo aquilo que amava. Quando se deu por satisfeita, afastou da tela e observou seu trabalho com um sorriso no semblante. Jade havia retratado uma floresta com árvores sem folhas, o céu era rajado de cores alaranjadas e a neve estava acumulada no chão e nos galhos.

–Querida, estou te chamando há dez minutos, o jantar está pronto. –reclamou a mãe, encostada no batente da porta.

A mais velha admirou a obra, com olhos brilhando como estrelas, se aproximou da filha e se curvou para abraça-la. Seu coração se enchia se orgulho quando via sua menininha pintando.

Jade sorriu e desceu com sua mãe para a sala de jantar, onde seu pai as esperava. A família se acomodou nas cadeiras e pôs seus devidos pratos, todos comiam com voracidade.

–Marcos, eu estava pensando em colocar Jade numa escola de pintura. –disse a mãe colocando um pouco de purê no prato. – Ela está cada dia melhor, o talento dela não pode ser jogado fora.

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⏰ Última atualização: Jul 05, 2015 ⏰

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