Give My Prize

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No momento em que Yeonjun pisou os pés dentro da biblioteca, a voz de Beomgyu travou na garganta, seus joelhos se encolheram, e precisou apertar forte o lápis em mãos para aguentar a descarga de adrenalina que foi ter a presença do Fogo. As vozes baixaram porque todos estavam ocupados demais encarando os fios em vermelho vivo tomarem conta do espaço como se Yeonjun tivesse cinco metros de altura, mas se tratava somente das pernas longas e o ego imenso.

Choi Yeonjun era um Fogo, mas não um simples Fogo, Yeonjun era como um incêndio completo, emanava um vapor capaz de fazer qualquer um transpirar de imediato sem esforços, e não era sobre o fato de sua pele ser realmente quente feito brasa, mas sim porque tinha um charme e uma lábia cheia de mel que escorria pelos sorrisos de cantos, olhos felinos e sempre cheios de duplo sentido que conquistava quem quer que fosse.

Os fios vermelhos eram chamativos, mas mesmo se Yeonjun não os tivesse, ainda chamaria atenção por onde passasse, ele tinha aquela presença gigantesca, fosse na postura, na forma de andar, nos gestos sempre muito eróticos e cheio de sedução, nos braços fortes, pernas compridas, lábios muito bem delineados, e vestes provocantes. Tudo em Yeonjun vinha seguido de exclamações e alertas vermelhos, porque quando não estava flertando por aí, Yeonjun se metia em briga.

O povo do Fogo levava a sério o termo "cabeça quente", e com o Choi não seria diferente. Para ser sincero, Yeonjun não era tão impaciente, mas gostava de brigar, e quebrar a cara de qualquer um era seu maior prazer, os nós das mãos sempre machucados indicavam a frequência com que gastava seu tempo caçando briga pelos cantos.

Beomgyu era um Gelo. Confundir um Água com um Gelo pouco acontecia, embora ser Gelo significava ser Água, eles eram um povo com características muito distintas. Para começo, o povo do Gelo não se misturava, eles moravam numa parte isolada da cidade, tinham sua própria escola fundamental e médio, a própria igreja, e uma linhagem que seguia quase pura.

Isso significava que Beomgyu jamais deveria ficar tão mole por Choi Yeonjun.

Porque, honestamente, para seus pais, Beomgyu escolher fazer Medicina na faculdade central e não na faculdade que o povo do Gelo oferecia já era uma tremenda várzea, não conseguia imaginar o caos que a sua casa ficaria se soubessem que sim, Beomgyu suspirava e sentia palpitações sempre que Yeonjun se aproximava com aquele sorriso de canto, o apelido ridículo que ele lhe chamava escorregando pelos lábios bonitos vindo de um risinho sem-vergonha que fazia Beomgyu encolher os dedos dos pés dentro dos sapatos em timidez.

Mas não era como se Beomgyu demonstrasse o quanto Yeonjun o afetava, não, ele devia agir indiferente, bem como um Gelo faria, mordia a língua, arranhava as palmas das mãos, engolia em seco, travava o maxilar e qualquer outro ato que pudesse descontar sua vontade tremenda de soltar um suspiro manhoso. Foram meses preso a Choi Yeonjun, e naquela altura, já sabia manter tudo sob controle.

Claro, às vezes se tornava quase impossível conter que suas orelhas ficassem vermelhas feito pimenta, ele sempre sabia o que dizer, como dizer e como agir para fazer o Gelo quase derreter no próprio lugar. Era uma queimação que vinha de dentro para fora que fazia as palmas de Beomgyu suarem e o suéter em seu corpo pinicar.

Ironicamente, antes de chegar no oitavo semestre da faculdade, Beomgyu não conhecia e nem mesmo havia visto Yeonjun pelo campus, o que era, de fato, apenas uma demonstração do quanto Beomgyu se desligava do mundo exterior para manter seu nível de ignorância e frieza que lhe foi ensinado de nascença, porque qualquer um era capaz de enxergar aquela cabeleira vermelha, todos falavam sobre Yeonjun, fosse pelas brigas ou fosse pelo charme, mas Beomgyu só conseguiu finalmente enxergar quem era aquele problemão, quando aceitou a monitoria remunerada que lhe foi oferecida.

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