Parecia tudo tão real, como se de fato eu tivesse vivido aquele sonho. Um mundo vazio e sem forma, completamente negro mas não escuro. Podia ver minha imagem e eu era tão diferente. Cabelos compridos, olhos vermelhos. Minhas vestes tinham grande harmonia com aquele mundo, tendo uma pequena coloração qual me trazia uma certa tristeza.
Mas não me deixei levar por isso. Tinha que descobrir como sair de lá, como voltar a realidade mesmo que no fundo o que eu mais queria fosse fugir dela.
Era confuso para mim. Eu era apenas uma menina, porém naquele sonho parecia mais velha. Talvez fosse meu destino, como eu seria no futuro, e não via problema com isso. O que eu via me agradava de certa forma. Eu estava apenas diferente.
Lembro-me de caminhar pelo o que me parecia uma eternidade. Não me cansava, sentia que podia fazer aquilo para sempre, só que não era o que de fato queria. Tinha que ter uma saída, alguma escapatória. Tinha que ter algo naquele lugar, algo sólido, algo que eu pudesse tocar.
Então deixei de andar. Era um sonho, afinal. Talvez minha saída fosse simplesmente acordar, me esforçar para isso. Abracei-me e fechei meus olhos. Desejei repetidamente o quanto eu queria despertar daquele lugar, e quando abri meus olhos, pude ver meu reflexo através do espelho de minha madrasta. De fato estava de volta, era o cômodo proibido onde ela tanto visitou antes de sua partida ao reino de Ulrik.
Mas o que mais me intrigava era... Por que eu continuava daquele jeito? Cabelos compridos, olhos vermelhos. Eu parecia tão... Perversa... Ainda que minha expressão não fosse de encontro com isso.
Logo um arrepio percorreu pela minha espinha e então notei uma figura atrás de mim através do reflexo. Não conseguia deixar de encara-lo do espelho, mas nunca me virei para trás. E se de fato estivesse lá. Quem era aquele homem?
Ele sorria de modo em que eu sentia todo o meu corpo se arrepiar. Tinha maldade naquele sorriso, crueldade em sua expressão. Eu nunca me esqueci de suas palavras. Disse que um dia nos encontraríamos novamente e que eu me tornaria sua. Reinaríamos juntos, eramos muito parecidos. Eu o libertaria, era essa a profecia.
Um suposto destino inevitável que me assombrou desde então...