Capítulo Um

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POV LAUREN

Acredito que quando descobrimos que temos uma doença grave, passamos a dar valor as coisas que antes chamaríamos de insignificantes, como o canto dos pássaros, o balançar da folhas das árvores, o som das gotas grossas da chuva batendo contra a vidraça, entre infinitas coisas. Comigo foi exatamente assim, á dois meses atrás eu descobri que sou portadora de uma doença grave e que eu posso não ter tanto tempo de vida como as pessoas da minha idade. A confirmação veio como uma bomba que explodiu no segundo seguinte que foi jogada em cima de mim, como isso poderia? Porque comigo? No que eu havia falhado? Eu me perguntava durante semanas a fio, junto com meu choro, que só cessou quando eu comecei a aceitar a verdade dos fatos, eu estava doente e poderia morrer a qualquer momento que a doença piorasse.

Meus pais haviam mudado completamente a rotina deles, mamãe parou de trabalhar e papai quase nem ia mais a empresa para passarem mais tempo comigo, eu me sentia extremamente culpada, pois eles praticamente pararam de viver a vida deles, para viverem a minha, bom o resto que sobrava da minha. Tay e Chris meus irmãos caçulas eram os únicos que não tinha mudado comigo, mas também eles nem sabiam que uma doença estava me matando aos poucos, eu tinha pedido para meus pais não contarem para eles, eu não queria faze-los sofrer, eles não mereciam carregar isso com eles. Pensar que eu não iria ver eles crescerem e se formarem na faculdade fazia meu peito doer, mais do que quando me dói por causa da doença, e meus olhos se encherem de lágrimas. Porra isso é tão doloroso.

Ao longo desses dois meses eu aprendi a ser forte e não baixar a cabeça, depois de uma longa conversa com meus pais quando chegamos do hospital no dia em que eu fui diagnosticada, eu decidi que não iria desistir, que eu lutaria até meu ultimo suspiro. Eu enfrentaria essa maldita doença de cabeça erguida, e passaria por todos os tratamentos que fossem possíveis, para tentar ter um pouco mais de tempo.

-MÃE ESTOU SAINDO- gritei para ela que estava na cozinha.

- Para onde?- perguntou ela vindo em minha direção enxugando as mãos em seu avental.

- Vou ao parque- respondi pegando meu moletom e o vestindo.

- Eu vou junto- disse começando a tirar seu avental.

-Mãe, eu quero ir sozinha- coloquei minha mão esquerda em seu braço forçando-a a parar de tirar o avental.

- Mas eu..- ela tentou protestar mas eu a interrompi.

- Não é como se eu fosse ter algo e cair dura no chão do parque- brinquei tentando faze-la rir, o que não funcionou claro- Eu me sinto sufocada mãe, vocês não me deixam mais ir até a porta sozinha, eu estou enlouquecendo.

-Filha...- eu sabia que meus pais me protegiam por conta de minha doença, eu os entendia, mas era sufocante ficar em casa todo dia, esperar as horas passar, enquanto os jovens da minha idade curtiam suas vidas sem nenhuma preocupação. Maldita doença.

- Por favor mãe- a interrompi novamente .

- Tudo bem- respondeu derrotada soltando um longo suspiro- Eu te amo minha filha.

- Eu também te amo mãe- dei um beijo em sua bochecha antes de começar a me encaminhar até a porta.

- Se cuide por favor, e qualquer coisa me ligue- disse assim que coloquei a mão na maçaneta da porta.

- Eu irei- respondi saindo para fora de casa.

A brisa forte atingiu meu rosto fazendo-me sorrir, "Ah como eu senti falta disso"- pensei antes de começar a me mover. Peguei meu celular no bolso do meu moletom, deslizando o dedo pela tela até o aplicativo de músicas, coloquei meus fones em meu ouvido procurei a pasta de músicas da minha banda favorita para logo em seguida dar play.

Only A MiracleOnde histórias criam vida. Descubra agora